sábado, 5 outubro, 2024
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    alojamento teve um custo de R$ 7,5 milhões

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    As viagens internacionais do presidente Lula em 2023 geraram despesas da ordem de, no mínimo, R$ 70 milhões. Apenas a estadia em Nova Iorque, para sua participação na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, alcançou R$ 7,7 milhões. O presidente e seu grupo ficaram hospedados no requintado hotel Lotte New York Palace. O aluguel de carros, salas e intérpretes totalizou mais R$ 6 milhões, resultando em um total de R$ 13,8 milhões – o equivalente a R$ 23 mil benefícios do Bolsa Família. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro gastou R$ 37,6 milhões em suas viagens ao exterior em 2019 – o primeiro ano de seu mandato.

    Apenas o aluguel de veículos para locomoção de Lula e sua equipe em Nova Iorque custou R$ 4,2 milhões. O aluguel de salas gerou uma despesa adicional de R$ 1,35 milhão. A contratação de intérpretes, aluguel de equipamentos, água, café, internet, somaram mais R$ 500 mil. As viagens de Lula ao redor do mundo geraram gastos de R$ 27,7 milhões com hospedagem, R$ 29,5 milhões com aluguel de veículos, salas, equipamentos, intérpretes, e R$ 11,2 milhões com diárias para assessores e seguranças.

    Os dados foram obtidos pelo blog através da Lei de Acesso à Informação. Foram disponibilizados pelo Ministério das Relações Exteriores. Em relação às diárias, o ministério informou apenas o valor total das despesas em todas as viagens, indicando o total dos gastos com estadias em cada viagem sem fornecer detalhes. Os alugueis de veículos, salas e equipamentos foram detalhadamente descritos.

    As viagens de maior custo

    A viagem para Xangai e Pequim, em abril, teve um custo de R$ 5 milhões, sendo R$ 1,1 milhão destinados à locação de veículos e R$ 2 milhões para alojamento. Já a viagem para Dubai, realizada para a COP28, no início de dezembro, totalizou R$ 3,8 milhões, sendo R$ 2,1 milhões destinados às estadias. A comitiva de Lula na COP28 contou com a presença de 22 deputados, nove senadores e oito assessores, gerando uma despesa adicional de R$ 1,2 milhão. As cinco passagens mais caras – todas em classe executiva para deputados – tiveram um custo médio de R$ 50 mil.

    A viagem para Paris, onde Lula buscava apoio da França para acordos comerciais com o Mercosul, totalizou R$ 3,8 milhões, sendo R$ 2,3 milhões destinados à hospedagem e R$ 1,2 milhão para aluguel de veículos. No entanto, Lula não obteve o apoio desejado. A viagem para Lisboa e Madri, em abril, totalizou R$ 4,8 milhões, sendo gastos R$ 2,3 milhões com veículos e R$ 2 milhões com hospedagem. Já na viagem a Nova Deli, a despesa alcançou R$ 3,2 milhões, sendo R$ 2,2 milhões direcionados às estadias. (Veja abaixo tabela com as viagens mais caras)

    Bolsonaro também teve despesas elevadas com hospedagens em suas viagens ao exterior – R$ 14,5 milhões. As diárias da equipe de apoio totalizaram R$ 12,6 milhões. O fretamento de veículos para as equipes de apoio e seguranças consumiu mais R$ 10,2 milhões.

    Ambulância, coquetéis e ônibus para a imprensa

    Na viagem a Washington, em fevereiro, a Presidência da
    República desembolsou R$ 51 mil para a locação de uma ambulância tipo ALS, com enfermeiro e paramédico. Os registros de despesas extras não são muito claros. Na visita à China, há o registro de um pagamento no valor de R$ 103 mil para “visita do Senhor
    PR. Serviço de catering para coquetel na Residência”. Em Madri, foi registrado um pagamento de R$ 37 mil; “Visita do Senhor PR. Recepção na
    Residência (150 convidados, 25/4 à noite)”.

    Na França, aparece um pagamento de R$ 12,7 mil para “Viagem do PR a Paris. Salão de honra para autoridades do aeroporto de Orly”. Em Bruxelas, há o registro, de R$ 13,3 mil, de “Visita do Sr. PR a Bruxelas. Coquetel e reunião de trabalho na Residência”. Em Berlim, em dezembro, temos outra despesa de R$ 43 mil com “Reunião de consultas. Participação do sr. PR.  Jantar na Embaixada”. Aconteceram mais duas reuniões de consultas com participação do presidente, onde em ambos os casos foi registrada a despesa: “Ônibus para a imprensa”.

    Comitiva com nove ministros

    A comitiva oficial à Nova Iorque contou com nove secretários. O decreto presidencial inicia a relação com Rosângela Lula da Silva, seguida pelos secretários Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Luiz Marinho (Trabalho), Nísia Trindade (Saúde), Marina Silva (Meio Ambiente), Aparecida Gonçalves (Mulheres), Sônia Santos (Povos Indígenas), Márcio Costa (Secretaria-Geral da Presidência), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Celso Amorim (assessor especial do presidente), além do líder do governo do Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

    Quando questionado pelo blog se a estadia na viagem à Nova Iorque havia mesmo custado R$ 7,5 milhões, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que “o montante de US$ 1.569.647,74 refere-se ao total de recursos autorizados para alojamento no contexto da AGNU. O valor abrange missões de preparação e participação no evento e inclui estadia de membros do escalão avançado, da comitiva, que contou com nove secretários, e de equipe de apoio”.

    Presidência justifica despesas

    O blog solicitou posicionamento da Presidência da República sobre os custos de R$ 70 milhões com deslocamentos. A Presidência ressaltou que a Assembleia Geral da ONU, realizada em Nova Iorque, “reuniu representações de mais de 190 países, o que influenciou significativamente nas alternativas e, consequentemente, nos valores das estadias disponíveis no período. É relevante salientar que as viagens internacionais realizadas pelo presidente Lula ao longo de 2023, além de restabelecer a presença do Brasil no cenário internacional após os anos de isolamento do governo anterior, foram um investimento”. 
    A Presidência enfatizou que, na missão realizada em Nova Iorque, o presidente Lula “participou de encontros bilaterais com diversos chefes de Estado, incluindo o presidente americano Joe Biden, que precedeu o lançamento, pelos dois presidentes, de uma iniciativa global em defesa do trabalho digno. Também merecem destaque os anúncios de recursos ao Fundo Amazônia, onde os valores ultrapassam em 9,6% os custos citados pela reportagem. O Fundo recebeu R$ 726,4 milhões em doações da Suíça, EUA, Alemanha e Reino Unido no ano passado, maior montante desde 2009”.
    Na viagem à China, acrescentou a Presidência, foram firmados 15 acordos de cooperação, “que podem resultar em investimentos da ordem de R$ 50 bilhões, além de novas tecnologias. Na volta, foram acertadas parcerias que podem render até R$ 12,5 bilhões em recursos dos Emirados Árabes. Com a Arábia Saudita, foram estabelecidos 25 acordos de investimento em agosto, quando o ministro de Investimentos saudita esteve no Brasil, totalizando US$ 3,5 bilhões. E na recente visita do presidente Lula ao país, o lado saudita reiterou a intenção de investir US$ 10 bilhões do Fundo de Investimento Público (PIF) no Brasil, em especial em empresas como Vale, Minerva Foods e BRF, e em projetos de energias renováveis”.

    Durante a viagem à Alemanha, afirmou a Presidência, foram anunciados dois acordos entre o BNDES e o banco de desenvolvimento alemão KfW, um de € 15 milhões para o Floresta Viva; e outro de € 100 milhões em empréstimo para mobilidade urbana sustentável. O Brasil também ressaltou, durante a COP28, as potencialidades para a produção de biocombustíveis. “Essa iniciativa deverá atrair mais de R$ 200 bilhões em investimentos para o Brasil até 2037. Além disso, ao longo de 2023, o Brasil abriu 78 novos mercados externos para os produtos agropecuários nacionais em 39 países”.

    As viagens mais onerosas

    cidade/país período estadia (em R$ milhões) transporte (em R$ milhões) deslocação (em R$ milhões)
    BUENOS AIRES janeiro 779 541 1.540
    WASHINGTON fevereiro 518 1.078 1.786
    CHINA  abril 1.965 1.109 4.974
    ABU DHABI  mês de abril duzentos e oito oitocentos e cinquenta e cinco mil trezentos e setenta e cinco
    LISBOA mês de abril mil cento e um mil oitocentos e dezenove três mil cento e três
    ESPANHA  mês de abril oitocentos e sessenta quinhentos e trinta e oito mil seiscentos e oitenta e um
    LONDRES mês de maio mil quatrocentos e setenta e dois mil duzentos e sessenta e cinco dois mil novecentos e cinquenta e quatro
    HIROSHIMA mês de maio setecentos e quarenta e um novecentos e cinquenta e quatro dois mil cento e dez
    PARIS mês de junho dois mil duzentos e noventa e quatro mil cento e setenta três mil setecentos e setenta e seis
    ROMA E VATICANO mês de junho mil cento e trinta e cinco seiscentos e noventa e três mil novecentos e noventa e quatro
    BRUXELAS  mês de julho setecentos e quatorze oitocentos e onze mil setecentos e nove
    JOANESBURGO  mês de agosto quatrocentos e setenta e dois quinhentos e sessenta e sete mil duzentos e quarenta e três
    LUANDA mês de agosto quatrocentos e trinta e cinco trezentos e dez oitocentos e vinte e seis
    NOVA DÉLHI mês de setembro dois mil cento e sessenta quatrocentos e quatorze três mil cento e sessenta e dois
    HAVANA  mês de setembro oitocentos e sessenta e três cento e trinta e um mil quarenta e quatro
    NOVA YORK  mês de setembro sete mil setecentos e quarenta e oito quatro mil duzentos e cinquenta e oito treze mil oitocentos e quarenta
    RIADE mês de novembro quinhentos e cinquenta e nove duzentos e dezessete mil cinquenta e sete
    BERLIM mês de dezembro setecentos e cinquenta e sete mil quinhentos e cinquenta e oito dois mil setecentos e trinta e sete
    DUBAI mês de dezembro dois mil cento e trinta e oito três mil oitocentos e dois
    Fonte: Ministério das Relações Exteriores
    Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

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