Damisela, longa-metragem estrelado por Millie Bobby Brown (Stranger Things), que estreou nesta sexta-feira (8) no catálogo da Netflix, é uma narrativa medieval sombria como há muito tempo não se presenciava. Bem elaborado e, em certos momentos, verdadeiramente aterrorizante, o filme é um conto de fadas ao contrário em que, apesar de estarem presentes todos os elementos clássicos de histórias desse tipo, não há nenhuma mulher em apuros à espera de um príncipe salvador.
No novo filme dirigido por Juan Carlos Fresnadillo (Extermínio 2), a princesa, na realidade, é uma jovem guerreira que, após ser ludibriada, queimada e atormentada, decide se salvar, evidenciando que, de forma alguma, devemos menosprezar a determinação de uma mulher.
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Não era amor, era cilada
Com um enredo escrito por Dan Mazeau (Fúria de Titãs 2), Damisela narra a história de Elodie, uma princesa de um reino em declínio, cuja população está passando por necessidades.
Consternada pela situação, embora nem ela ou o restante da família ostentem dinheiro, Elodie tem a oportunidade de auxiliar seu povo quando recebe uma proposta vantajosa de casamento. Um convite que, mesmo oriundo de um príncipe de um reino distante, do qual nunca ouvira falar, poderia resolver as dificuldades de todos os que vivem em suas terras.
Determinada a aceitar essa união por uma causa maior, a jovem concorda em casar-se com o rapaz, para logo descobrir que foi enganada e que, de fato, está ali como um sacrifício por uma antiga dívida. O verdadeiro intento do príncipe é que ela seja oferecida a um dragão cuspidor de fogo, que há anos mantém esse “acordo” com a família real para manter a paz no reino.
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Abandonada no fundo de uma caverna, Elodie passa então a ser perseguida pela criatura, que, à sua maneira, também está ferida e faz de tudo para tornar a jornada da princesa o mais dolorosa possível.
Nesse percurso, embora inicialmente sinta medo de encarar o dragão, aos poucos a jovem começa a confiar em sua própria determinação, especialmente quando percebe não ser a primeira a se encontrar nessa situação e pode contar com o auxílio de outras jovens.
Uma fantasia sombria impressionante
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Bastante comovente, Damisela acompanha toda a trajetória percorrida pela protagonista nesse mundo escuro, em que, apesar dos locais confinados e do medo constante, ainda há espaço para pequenas maravilhas e devaneios.
Enquanto se move sorrateiramente por entre fendas nas rochas, salta abismos e sobe em pedras, a jovem encontra criaturas fluorescentes que curam suas feridas e iluminam seu caminho. Isso sem mencionar as estalactites derretidas das quais ela consegue saciar sua sede ou mesmo os cristais “cantantes” que surgem em sua jornada.
Nada, no entanto, é tão marcante quanto as pistas deixadas por outras jovens que servem de orientação para sua rota. Por meio de inscrições nas paredes, mapas desenhados e até mesmo objetos deixados para trás, Elodie consegue reconstituir os passos de outras moças que estiveram ali e que “abriram caminho” para que, um dia, uma delas traçasse um destino distinto.
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Amparada por essas narrativas, a jovem prossegue, enxergando na força e na abnegação de todas essas mulheres o impulso necessário para encontrar uma saída. Afinal, mesmo acuadas e temerosas, todas estenderam as mãos umas às outras — uma forma de cumplicidade que somente mulheres poderiam compartilhar.
Filme foge dos clichês
Com cenas grandiosas e emocionantes — que propositadamente estabelecem um contraste entre o colorido do castelo e as sombras da caverna —, Damisela é uma aventura envolvente. Muitas das sequências com o dragão são particularmente angustiantes e não é incomum que a audiência fique tão apreensiva quanto a própria protagonista durante essas perseguições.
A interpretação de Millie Bobby Brown, inclusive, é um dos pontos altos da obra, tanto nas cenas em que ainda a atriz dá vida à “inocente princesa”, quanto nos momentos de tensão, em que é possível observar o desespero refletido em seu olhar.
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Oscilando entre o aterrorizante e o sutil, Damisela tem todas as condições para ser um êxito da Netflix. Encantador, o filme consegue escapar dos clichês do gênero, não só pelos diferentes papéis atribuídos a tipos de personagens já conhecidos, mas também pelo desfecho de sua história — que revela onde reside a verdadeira resiliência de uma mulher.
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