Armadura utilizada na guerra de Troia é refeita por cientistas

Os equipamentos de proteção eram essenciais durante os conflitos na Antiguidade. E uma das mais famosas entre eles foi criada pelos gregos na Era do Bronze. Quase 3.500 anos mais tarde, cientistas recriaram essa estrutura com o intuito de compreender seu funcionamento nos campos de batalha.

Historiadores questionavam a eficácia do uso da armadura

• Investigadores da Grécia, do Reino Unido e de Portugal selecionaram 13 fuzileiros navais das Forças Armadas gregas para avaliar o desempenho da armadura.
• Durante os experimentos, foram utilizados acessórios comuns em guerras da Antiguidade.
• Os militares, com idade média de 29 anos, vestiram uma cópia da chamada panóplia de Dendra, encontrada próxima à antiga cidade de Micenas, no sul da Grécia, na década de 1960.
• Composta por placas sobrepostas de bronze, a panóplia (armadura completa) é uma das poucas relíquias desse período.
• No entanto, sempre gerou questionamentos quanto à sua real eficácia.
• Alguns cientistas chegaram a sugerir que ela teria sido apenas utilizada em cerimônias públicas, mas nunca em combates.
• Com o intuito de pôr um fim nesse mistério, a equipe criou uma réplica bastante fiel do equipamento, produzida a partir de uma liga de cobre e zinco muito similar ao bronze de Dendra.
• Os resultados foram descritos em um estudo publicado na revista científica PLoS ONE.

Simulação confirmou a importância da estrutura

A réplica moderna da panóplia pesa cerca de 22 kg, um pouco mais do que a original, e foi confeccionada sob supervisão da Universidade de Birmingham, que também colaborou com o estudo. Uma resina sintética foi utilizada para fabricar o capacete, reproduzindo as versões da Era do Bronze que utilizavam presas de javali em sua confecção.

Pedaços de feltro também foram empregados para acolchoar os componentes, unidos entre si com tiras de couro. Por último, os fuzileiros navais receberam uma espada do tipo cruciforme, comum no período micênico, como é conhecido esse período na cronologia grega.

Para recriar uma campanha militar da época, os cientistas analisaram versos da Ilíada, o principal poema épico grego, que descreve uma pequena parte da guerra de Troia.

Considerando todos esses aspectos, os soldados passaram por uma série de 11 horas de simulações de combate, passando por vários dos estágios de uma batalha mencionados na obra de Homero. As medições fisiológicas mostraram que seu uso contínuo era plenamente viável. Apesar de algumas dores e inflamações, nenhum soldado desmaiou de exaustão ao final do dia, por exemplo.

Os cientistas agora pretendem utilizar esses dados.para compreender de forma mais aprofundada as táticas militares adotadas pelos antigos reinos gregos nos últimos séculos da Era do Bronze.