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Pesquisadores da Universidade de Liverpool avançaram rumo à criação de um antiofídico abrangente, ou seja, um antídoto contra o veneno de todas as cobras venenosas do mundo.
Normalmente, soros antiofídicos são específicos e funcionam apenas para neutralizar um tipo específico de veneno, sendo que a maneira como são produzidos pode desencadear respostas imunes perigosas em nosso organismo, já que envolve a injeção de pequenas doses de veneno em cavalos para obter os anticorpos necessários.
Caminho para o soro antiofídico universal
Além dos efeitos colaterais, os soros antiofídicos convencionais necessitam de grandes doses para serem eficazes, o que motivou os pesquisadores a procurar alternativas melhores, como a utilização de anticorpos produzidos por engenharia genética em laboratório, semelhantes aos usados em tratamentos contra o câncer e doenças autoimunes.
Uma das toxinas mais perigosas encontradas no veneno de certas cobras é a neurotoxina, que causa paralisia muscular ao bloquear os sinais nervosos do cérebro e pode levar à morte rapidamente, afetando os pulmões. Esta substância está presente em cobras altamente venenosas, como a mamba negra, a naja, a cobra-real e a krait.
Os cientistas da Universidade de Liverpool conseguiram desenvolver em laboratório um anticorpo capaz de neutralizar o veneno letal das neurotoxinas, conhecido como 95Mat5, após examinarem mais de 50 bilhões de anticorpos únicos. Essa pesquisa identificou os anticorpos que conseguem reconhecer e neutralizar essas toxinas e seus efeitos no organismo humano.
Essa foi apenas a etapa inicial, pois ainda será necessário criar anticorpos capazes de neutralizar também hemotoxinas, que causam hemorragias, e citotoxinas, que destroem pele e osso, por exemplo. Após essa etapa, será viável combinar esses anticorpos com o 95Mat5 para produzir o soro antiofídico universal.
A distribuição desse eventual antídoto ainda enfrentará desafios logísticos, como a exigência de refrigeração para manter a eficácia, embora muitas regiões que precisam do antiofídico sejam quentes e não disponham de eletricidade para o armazenamento adequado. Além disso, os anticorpos produzidos em laboratório estão entre os medicamentos mais dispendiosos do mundo, o que também impactaria as populações mais pobres, que estão mais expostas às cobras.
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