O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, no final da manhã desta sexta-feira (1º), que irá sugerir à ONU e aos integrantes da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) uma moção contra o governo de Israel devido à intensidade da repressão ao Hamas em Gaza, que ocorre desde outubro do ano passado.
Lula fez um discurso durante a abertura da cúpula realizada em Kingstown, capital de São Vicente e Granadinas, onde mais uma vez classificou o conflito como “genocídio” e criticou o que considera ser uma “punição coletiva” de Israel sobre os palestinos.
“A calamidade humanitária em Gaza demanda de todos nós a habilidade de dizer um basta para a penalização coletiva que o governo de Israel impõe ao povo palestino. Pessoas estão morrendo na fila para obter mantimentos”, expressou em relação aos tiros das forças israelenses contra palestinos que se concentraram em volta de caminhões de ajuda humanitária na quinta-feira (29), resultando em mais de 100 mortos.
O líder brasileiro reiterou a existência de uma
“frieza da comunidade internacional” diante da força do contra-ataque
israelense em Gaza – descreveu como “impactante” – e destacou que o governo do país
está promovendo um genocídio.
“Aproveito a presença do secretário-geral
da ONU, António Guterres, para propor uma moção da Celac pelo fim imediato desse genocídio”,
declarou.
Lula vem intensificando cada vez mais sua crítica ao governo israelense, e endossou uma enérgica nota de repúdio do Ministério das Relações Exteriores divulgada nesta sexta-feira (1º) em razão das mortes de civis na quinta-feira (29). A nota – revisada por ele, de acordo com fontes – alega que a ação militar de Israel “não respeita qualquer limite ético ou legal”, e que o conflito atingiu uma “condição insuportável”.
“O governo [de Binyamin] Netanyahu reitera, por meio de ações e declarações, que a ação militar em Gaza ultrapassa quaisquer limites éticos ou legais. E cabe à comunidade internacional pôr um fim a isso, somente assim, evitando novas atrocidades”, afirmou o Itamaraty na nota.
A situação em Gaza também será tema das reuniões
que Lula participa ao longo do dia em São Vicente e Granadinas. Em uma delas,
será o assunto principal a ser debatido com o presidente da Colômbia, Gustavo
Petro; com o ministro das Relações Exteriores do Chile, Alberto van Klaveren; e
com a secretária de Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena.
Uma reunião privada com Guterres, da ONU, também
está confirmada para a tarde. Lula deseja posicionar o Brasil junto ao restante
da América Latina como voz de influência na comunidade internacional – levando
a um mundo “multipolar”, conforme explanou no discurso.
“Não podemos deixar de refletir sobre nosso lugar
no plano internacional, na difusão do poder global e no esforço pela multipolaridade.
A questão é se os países da América Latina e do Caribe desejam se integrar a um
mundo unificado ou separado. Se falamos como região, temos a capacidade de influenciar o
debate, criando sinergia em nossos projetos de desenvolvimento”, afirmou.
Ele também ressaltou questões internas do continente, como “o término do bloqueio a Cuba ou a soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas são de interesse de todos”.