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Conteúdo traduzido e adaptado do inglês, publicado pela matriz americana do Epoch Times.
Tradicionalmente, a velhice é encarada como sinônimo de um decréscimo contínuo da saúde, porém pesquisas recentes revelam um quadro mais complexo.
O envelhecimento não é gradual, mas se intensifica em momentos-chave da vida, especialmente durante os 40 e 60 anos, devido a mudanças drásticas em nossas moléculas e microorganismos, segundo pesquisadores da Stanford Medicine, que publicaram um estudo na quarta-feira (14) na Nature Aging.
Os pesquisadores analisaram como os biomarcadores – moléculas como RNA e proteínas que refletem mudanças biológicas – variam em intervalos distintos de cinco anos em pessoas com idade entre 25 e 75 anos ou mais.
Ao contrário das avaliações médicas usuais, que podem incluir somente 15 a 20 medições, os pesquisadores realizaram “dezenas de milhares de medições”. Eles constataram que os biomarcadores sofrem mudanças de forma mais acentuada em dois períodos importantes de nossas vidas: meia-idade e início da terceira idade.
Os pesquisadores acharam curioso encontrar alterações observáveis relacionadas a doenças cardiovasculares e outros problemas de saúde. Isso é crucial pois o reconhecimento de tais mudanças pode levar a medidas de aprimoramento, afirmou Michael Snyder, doutor em biologia, líder do departamento de genética e autor principal do estudo, ao Epoch Times.
Ele acrescentou que a compreensão destes períodos específicos de mudança poderia contribuir para o desenvolvimento de intervenções.
Dois principais períodos de mudança
Os pesquisadores monitoraram milhares de moléculas e micróbios em sua pesquisa. Aproximadamente 81% das moléculas apresentaram mudanças não lineares significativas, ou seja, alteraram-se mais em determinadas idades do que em outras. Somente cerca de 7% mudaram em uma taxa constante à medida que os participantes do estudo envelheciam.
O estudo acompanhou os participantes durante períodos que variaram de dois a sete anos. Descobertas anteriores deste mesmo grupo de voluntários mostraram que os rins, fígados, metabolismos e sistemas imunológicos das pessoas envelheciam em ritmos distintos.
Os pesquisadores analisaram 5.405 amostras de 108 participantes, abarcando mais de 135.000 características biológicas, incluindo atividade gênica, proteínas, metabólitos e microbiomas. Isso resultou em um total de aproximadamente 250 bilhões de pontos de dados diferentes.
Ao analisarem grupos de moléculas que apresentaram as mudanças mais marcantes, identificaram dois períodos cruciais: meados da década de 40 e início da década de 60, nos quais essas transformações foram mais destacadas.
Aproximadamente aos 40 anos, foram observadas as seguintes alterações:
– As mudanças nas moléculas indicaram uma redução na eficácia do metabolismo do álcool, da cafeína e da gordura.
– O risco de doenças cardiovasculares aumenta à medida que as plaquetas e as proteínas envolvidas na coagulação do sangue sofrem prejuízos.
– As célulase proteicos da pele ficaram desreguladas, o que pode prejudicar a estrutura e a maleabilidade da pele.
O seguinte aconteceu por volta dos 60 anos:
– As mudanças moleculares indicaram uma redução ainda maior da eficiência no metabolismo da cafeína e dos ácidos graxos essenciais. A produção de gordura insaturada também diminuiu.
– O metabolismo da glicose foi afetado, sugerindo uma resistência elevada à insulina.
– A função renal diminuiu, conforme indicado pelos níveis mais altos de nitrogênio ureico no sangue, o que mostra que os rins estão se tornando menos eficazes na filtragem de resíduos do corpo.
– Os problemas cardíacos aumentaram devido a um aumento nos níveis plasmáticos de fenilalanina, um aminoácido essencial associado a problemas cardíacos.
– Níveis mais altos de citocinas, proteicos que regulam o sistema imunológico, mostraram que o sistema imunológico está enfraquecido.
Para as pessoas na faixa dos 60 anos, o monitoramento da função renal e o aumento da ingestão de água podem ser benéficos, sugeriu Snyder.
Igualmente, indivíduos na faixa dos 40 anos devem prestar atenção às mudanças no metabolismo lipídico e considerar a possibilidade de reduzir as refeições gordurosas. Snyder destacou que essas percepções enfatizam a importância de reconhecer e abordar as mudanças biológicas para gerenciar a saúde de forma eficaz à medida que envelhecemos.
De modo geral, as pessoas de ambas as faixas etárias devem considerar a possibilidade de se exercitar mais para apoiar a saúde do coração e preservar a massa muscular. Na faixa dos 40 anos, também é uma boa ideia ingerir menos álcool, já que o corpo não o metaboliza mais tão bem, acrescentou Snyder.
As principais mudanças observadas na faixa dos 40 anos surpreenderam Snyder e sua equipe.
“Não sei se eu teria necessariamente imaginado que haveria um período tão grande de mudanças nas pessoas na faixa dos 40 anos”, disse Snyder.
Os pesquisadores inicialmente pensaram que a menopausa ou perimenopausa poderia estar causando essas mudanças nas mulheres e afetando os resultados gerais. No entanto, quando analisaram os dados separadamente para homens e mulheres, descobriram que os homens na faixa dos 40 anos sofreram mudanças semelhantes. “Nas mulheres, as pessoas podem pensar que talvez tudo se deva ao fato de as mulheres entrarem na menopausa”, disse Synder. “Mas acontece que a mesma coisa acontece, seja em homens ou mulheres.”
“Isso sugere que, embora a menopausa ou a perimenopausa possam contribuir para as mudanças observadas em mulheres na faixa dos 40 anos, provavelmente há outros fatores mais significativos que influenciam essas mudanças tanto em homens quanto em mulheres”, disse o primeiro autor do estudo, Xiaotao Shen, que tem doutorado em metabolômica e bioinformática e é ex-bolsista de pós-doutorado da Stanford Medicine, em um comunicado à imprensa. “Identificar e estudar esses fatores deve ser uma prioridade para pesquisas futuras.”
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A equipe de pesquisa planeja explorar os fatores que impulsionam esses grupos de mudanças. Essas mudanças apontam para a necessidade de as pessoas prestarem atenção à sua saúde, especialmente na faixa dos 40 e 60 anos, disseram os pesquisadores.
Snyder, que também é autor do livro “Genômica e Medicina Personalizada: O Que Todos Precisam Saber“, disse que o estudo é um passo para ir além dos conselhos genéricos, como “exercite-se mais” ou “coma melhor”, e criar perfis de envelhecimento personalizados que identifiquem os riscos exatos à saúde.
“Ao compreender esses padrões… você pode tomar medidas”, ele acrescentou.
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