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Leio o que tubarões do mercado financeiro estão comentando sobre o governo Lula — e rio sozinho, mesmo quando vejo camiseta. Dou risada para não ser mais um a chorar nesse vale de lágrimas.
Dedicar-se a fazer dinheiro não implica necessariamente ser habilidoso em tudo, ao contrário do que muitos pensam. É o mesmo tipo de indivíduo que acha que ser jornalista é possuir habilidades sobrenaturais.
Eu, por exemplo, que não sei lucrar, nem tenho tanto interesse nesse assunto (uma das coisas mais enfadonhas do mundo é roda de papo com gente que só fala sobre dinheiro), conheci muita gente burra no mercado financeiro. Curiosamente burra em relação à política, por exemplo.
O senhor Luís Stuhlberger, por exemplo, gestor de um dos fundos mais lucrativos do país, agora revela que se “arrepende de ter acreditado que o PT teria seriedade fiscal”. Ou seja, votou em Lula, acreditando que fidelidade é respeitada em festas promíscuas.
O indivíduo é detentor de uma fortuna de mais de US$ 2 bilhões, tem um Chagall na parede da sala, entre outras obras de arte boas que perdem o brilho diante da obra grandiosa, e ostenta aquele verniz cultural que seria aconselhável ao restante da elite econômica brasileira, uma das mais ignorantes do mundo.
Ele lê jornais (ainda considero um ponto positivo), tem acesso imediato a todas as pessoas relevantes, mas acreditava que Lula teria responsabilidade fiscal, veja só.
Operadores do mercado financeiro se arrependem por terem votado em Lula, porém assalariados arcarão com as consequências
Onde Luís Stuhlberger irá se arrepender por ter votado em Lula? Em Nova York? Em Londres? Em Zurique? Em Luxemburgo? Coitado, possui tão poucas alternativas.
Ele pode se penitenciar onde quiser, mas quem sofrerá as consequências da irresponsabilidade fiscal de Lula serão os trabalhadores assalariados brasileiros, com desaceleração econômica e inflação.
Assim como o gestor do Fundo Verde (de raiva também, segundo parece), outros peixões do mercado financeiro caíram na lábia de Lula. Baseados em quê? Em nada. Ou pior, em retrospecção negativa. Não foram sagazes nem em relação ao seu próprio dinheiro.
Consequência: precisarão trabalhar (apenas um pouquinho) para ajustar expectativas. Quanto a nós, estimado leitor, a expectativa é aquela porta ali onde está escrito que quem adentra deve deixar a esperança do lado de fora.
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