A região Sul do Brasil foi marcada por um inverno menos rigoroso, o que propiciou o surgimento espontâneo da soja. Com isso, as folhas da planta carregaram inóculos da doença mais severa que afeta a cultura, a ferrugem-asiática.
Além disso, a safra 2023/24 está sob a influência do fenômeno El Niño. Este padrão climático resultou em um maior volume de chuvas, intercaladas com longos períodos de estiagem nas principais regiões produtoras da oleaginosa.
Essas condições dificultaram a consolidação da soja, ocasionando atrasos no plantio e a necessidade de replantio em várias áreas produtoras, como em Mato Grosso e na Bahia.
De acordo com a Embrapa Soja, essa situação justifica o expressivo aumento nos casos do problema. Segundo o Consórcio Antiferrugem, até o final de 2023 foram notificados 130 incidências da doença na soja.
Para efeito de comparação, esse número representa um aumento de 490,9% em relação ao mesmo período de 2022, quando apenas 22 registros de ferrugem-asiática foram feitos.
A safra 2022/23 de soja encerrou com 295 casos, sendo os últimos relatos feitos em abril de 2023.
Se a tendência do ciclo atual persistir, o total de casos registrado no ciclo atual deverá se aproximar do observado em 2020/21, quando foram contabilizadas 573 ocorrências – a maior incidência das últimas cinco temporadas.
No momento, os casos estão distribuídos em seis estados:
- Paraná: 90
- Rio Grande do Sul: 27
- Santa Catarina: 4
- Mato Grosso do Sul: 4
- São Paulo: 3
- Minas Gerais: 2
No entanto, na safra anterior, 12 estados apresentaram registros, sendo o Paraná também o líder, com um total de 83 casos.
Estratégias de controle da ferrugem-asiática
O foco do produtor deve ser adotar a melhor estratégia de manejo de fungicidas, como indicado pelo engenheiro agrônomo e gerente nacional de portfólio de fungicidas para soja na Bayer, Carlos Toscano.
De acordo com ele, as ações mais relevantes para reduzir os prejuízos causados pela doença são as seguintes:
- Adoção do sistema de plantio direto com culturas que auxiliem a cobertura do solo com palhada;
- Respeito ao período de vazio sanitário;
- No limite agronômico, realizar o plantio mais cedo para evitar as épocas mais propícias para as doenças;
- Utilização preventiva de produtos químicos ou biológicos;
- Escolha criteriosa de produtos eficazes, com doses adequadas para controlar as principais doenças da soja, como a ferrugem-asiática, mancha-alvo, mofo-branco e podridão de grãos;
- Ocultação de variedades de soja que apresentem maior tolerância a essas doenças;
- Emprego de ferramentas digitais que contribuam para o monitoramento e controle eficiente nas áreas afetadas.