A Reunião Geral de Credores (RGC) da Americanas consentiu o plano de reestruturação judicial apresentado pela empresa em 27 de novembro. O pacto foi elaborado ao longo de vários meses com bancos, os principais credores da corporação, conforme divulgado pelo Jornal do Brasil.
A RGC e a votação foram aprovadas de forma online. A homologação do plano está prevista para o dia 8 de janeiro, ao término do recesso do Judiciário. A reunião, que teve início pouco depois das 14 horas, teve uma duração de seis horas.
Os credores presentes pertenciam à categoria 3 (com direitos quirografários). O plano foi aprovado com a adesão de 91,14% dos presentes (voto por indivíduo) e por 97,19% dos créditos.
Já os credores das categorias 1 (empregados) e 4 (micros e pequenas empresas) não participaram da reunião por não serem afetados pelas decisões.
A injeção de capital de R$ 12 bilhões proposta no plano de reestruturação judicial poderá resultar no aumento da participação acionária de referência da Americanas — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — para 49,3% na rede de varejo. Atualmente, eles possuem 30,1%.
Os demais credores, incluindo os bancos, como Bradesco, Itaú Unibanco, BTG Pactual e Santander, passarão a deter 48,2% da empresa. Isso se dará em decorrência da conversão da dívida em ações da empresa varejista, em um montante equivalente a R$ 12 bilhões, conforme mencionado pelo JB.
A operação acarretará um acréscimo de R$ 24 bilhões no capital, como declarado pela diretora financeira da Americanas, Camille Faria.
Na reunião, ela apresentou um resumo do plano de reestruturação judicial. A injeção de capital deverá reduzir a dívida da Americanas para aproximadamente R$ 1,9 bilhão.
No aporte de capital, serão emitidas novas ações da companhia. Cada ação terá um valor de R$ 1,30, representando um prêmio de 44% em relação ao valor de fechamento nesta terça-feira.
O valor foi determinado por meio de um cálculo que integra o acordo firmado entre a empresa e os credores.
Redução das dívidas
Os bancos credores planejam alienar suas ações posteriormente, dependendo do desempenho dos papéis na bolsa. No plano, está proibida qualquer venda (lock-up, na linguagem do mercado) por até três anos.
Os bancos podem reduzir as dívidas da Americanas em seus balanços, com o acordo concluído. A varejista também poderá iniciar o ano de 2024 com um balanço “limpo”.
A Americanas foi um dos maiores casos de fraude contábil do país, no valor aproximado de R$ 25 bilhões. As discrepâncias contábeis nos balanços foram reconhecidas em janeiro de 2023.
A situação levou a empresa a requerer recuperação judicial, desencadeando uma batalha judicial entre a empresa e os credores.