Artigo adaptado para o português, originado da matriz americana do Epoch Times.
Uma recente pesquisa constatou que o uso de maconha está correlacionado a um aumento do risco de complicações vinculadas à COVID.
Indivíduos que consomem maconha tiveram 80% mais probabilidade de serem hospitalizados devido à COVID-19 e 27% mais chance de serem admitidos na unidade de terapia intensiva (UTI) por causa da COVID, conforme o estudo divulgado na JAMA Network Open na sexta-feira por pesquisadores da Washington University em St. Louis.
Os riscos de internação por COVID-19 e de UTI relacionados ao uso de maconha estão equiparados aos do tabaco e são comparáveis a possuir um IMC (índice de massa corporal) elevado e diabetes”, afirmou o Dr. Li-Shiun Chen, docente de psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Washington, ao Epoch Times.
No entanto, o uso de maconha não foi associado a um acréscimo no risco de mortalidade pela COVID, observaram os pesquisadores.
O estudo analisou os registros eletrônicos de saúde de mais de 72.000 pacientes com COVID-19 a fim de verificar se o uso de substâncias influenciava os desfechos da doença.
Tanto fumar quanto consumir maconha são, individualmente, fatores de risco para desfechos mais desfavoráveis associados à COVID-19, conforme a pesquisa. Isso indica que um indivíduo que fuma e consome maconha tem o dobro do risco de ter desfechos piores em comparação a apenas consumir um dos dois, afirmou o Dr. Chen.
O uso de dispositivos de vaporização e álcool também foi avaliado, porém a amostra era limitada para tirar uma conclusão apropriada.
Resultados crus sobre o uso de substâncias
Dos 72.501 pacientes, cerca de 10% relataram o uso da maconha e 13,4% afirmaram serem fumantes de cigarro.
Essas proporções são semelhantes à prevalência geral nos EUA: Quase 12% dos americanos fumam e 17% consomem maconha.
Os autores da pesquisa notaram que, embora o consumo de maconha esteja ligado ao aumento das hospitalizações por COVID-19 e internações em UTIs, não houve correlação com um aumento no risco de mortalidade.
“Em relação ao risco de morte, o perigo do tabaco é evidente, porém são necessárias mais evidências em relação à maconha”, comunicou o Dr. Chen em nota à imprensa.
A pesquisa não pôde investigar o motivo pelo qual a maconha pode estar conectada a um risco maior de desfechos graves da COVID-19.
O Dr. Chen mencionou que seu estudo se fundamenta em dados brutos de registros eletrônicos de saúde. As informações derivam do relato dos pacientes sobre o uso de maconha, não sendo feitas perguntas sobre o tipo de maconha utilizada, a frequência do consumo, entre outros aspectos.
O Dr. Chen destacou que o estudo atual suscita questionamentos sobre como o uso de substâncias pode impactar o organismo quando enfrenta um vírus.
Ele relatou que a maioria dos estudos atuais sobre a COVID-19 aborda as comorbidades das pessoas, como doenças metabólicas.Ainda assim, o emprego de substâncias também precisa ser levado em conta, pois esta pesquisa indicou que os perigos são semelhantes.
Utilização de maconha e COVID-19
A análise da Dra. Chen se contrapôs a alguns estudos anteriores que indicavam que os usuários de cannabis estavam mais resguardados contra a COVID-19.
Um artigo de 2024 veiculado no Journal of Cannabis Research, que analisou por volta de 1,7 milhão de internações por COVID-19 nos EUA, verificou que as pessoas que abusam e são dependentes de maconha têm menor índice de mortalidade por COVID e reduzido risco de serem ventiladas mecanicamente e de sofrerem embolia pulmonar.
O Dr. Joseph-Kevin Igwe, professor assistente clínico do Baylor College of Medicine e principal autor do artigo, afirmou que o seu estudo é uma pesquisa de coorte multicêntrica, nacionalmente representativa, com duração de um ano, enquanto a pesquisa da JAMA Open Network consiste em uma pesquisa de coorte de centro único com duração de dois anos.
“É possível que essa seja a distinção mais clara e justifique muitas das diferenças nos resultados, já que as discrepâncias regionais na indicação de consumo de maconha entre as populações de pacientes e a variação na codificação entre regiões/hospitais podem variar significantemente”, expressou ele em um e-mail para o Epoch Times.
Uma pesquisa da Science Advances de 2022 constatou que o canabidiol, ou CBD, um elemento derivado da maconha, impediu a multiplicação do SARS-CoV-2, o vírus que provoca a COVID-19.
Os autores também perceberam que o canabidiol perde sua propriedade de inibir o SARS-CoV-2 quando combinado com o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), o principal elemento psicoativo da maconha. O THC é o responsável por proporcionar aos usuários a “sensação de euforia”.
Marsha Rosner, professora do Departamento de Pesquisa do Câncer da Universidade de Chicago Ben May e uma das autoras sênior do estudo, comunicou ao Epoch Times que a pesquisa analisou somente os efeitos do CBD puro e, por isso, não pode ser comparada com a pesquisa sobre a maconha.
“O THC (…) não impede o SARS-COV-2 individualmente, porém, quando combinado com o CBD, antagoniza os efeitos do CBD. No entanto, não temos conhecimento de como a maconha ou o cânhamo se comportariam porque não estudamos os desfechos”, comunicou o ilustre professor.
Ela observou que a maconha e o cânhamo são misturas de elementos químicos, que podem ter comportamento bastante distinto dos elementos químicos puros.
Outra pesquisa que investigou a maconha fumada constatou que o aumento do consumo estava associado à doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e ao resultado positivo para COVID-19.
Outros perigos
A maconha é uma substância que modifica a mente, obtida das plantas de cannabis, que pode alterar o humor e as percepções de um indivíduo.
As reações adversas psicológicas do uso da maconha incluem prejuízo da memória, da cognição e dos movimentos corporais. Pessoas que consomem altas doses correm o risco de desenvolver psicose e delírios.
Estudos sugeremque a maconha pode inibir o crescimento do cérebro em jovens. Uma pesquisa de 2012 da Nova Zelândia mostrou que o uso contínuo de maconha desde a adolescência até a meia-idade está relacionado a um decréscimo de QI de oito pontos.
Consumo de substâncias e riscos à saúde
O ponto central do texto da Dra. Chen é que as pessoas devem ter precaução ao ingerir substâncias, considerando como elas podem impactar seus organismos, principalmente quando expostas a infecções, afirmou ela.
Devido à autorização da maconha em todos os estados, ela tem observado um aumento no interesse de pacientes pela maconha e seus subprodutos no tratamento da saúde mental.
“Existe essa percepção entre a população de que o consumo de maconha é seguro, que não é tão prejudicial à saúde quanto fumar ou beber, que pode até ser benéfico para você”, disse o Dr. Chen.
No entanto, como indica sua pesquisa, mais estudos sobre o consumo de maconha são necessários, afirmou ela.
Ela fez menção à trajetória de estudos sobre os efeitos do álcool na saúde.
As primeiras conclusões da pesquisa apontavam que, em determinadas quantidades, o álcool fazia mal, mas estudos posteriores revelaram que o álcool trazia benefícios em certas doses. Atualmente, as pesquisas mais recentes sugerem que não há quantidade saudável de álcool.
“Acredito que devemos permanecer receptivos e verdadeiramente encorajar o trabalho contínuo para acompanhar o impacto complexo da maconha na saúde, cada vez mais disponível”, declarou o Dr. Chen.
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