O chefe do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou hoje, 24, que a ajuda financeira do Banco à indústria naval será de no mínimo R$ 2 bilhões em 2024. No entanto, a quantia exata dependerá da existência de “projetos promissores”.
Essa informação foi compartilhada durante um evento do BNDES no Rio de Janeiro, onde foram anunciados subsídios de R$ 19 milhões para pesquisas de planejamento espacial da Marinha, no âmbito do programa BNDES Azul.
Os recursos serão divididos entre as regiões Sul (R$ 7 milhões) e Sudeste (R$ 12 milhões). Recentemente, o contrato de Planejamento Espacial Marinho (PEM) para a região Sul do país foi assinado. A destinação de recursos para as regiões Nordeste e Norte ainda está em discussão.
“Posso garantir que em 2024, não será destinado menos que R$ 2 bilhões para subsidiar a indústria naval. No entanto, o BNDES está à procura de projetos promissores, projetos estruturantes. Precisamos de projetos promissores que tenham visão de futuro”, afirmou Aloizio Mercadante.
Detalhe da fachada do BNDES em Brasília | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Ele destacou que o financiamento da indústria naval pelo BNDES totalizou R$ 600 milhões em 2022 e R$ 1 bilhão em 2023, evidenciando a crescente aposta do banco nessa atividade.
Mercadante argumenta que, das exportações brasileiras, que atingiram US$ 340 bilhões no ano passado, 95% ocorrem por via marítima, e por isso o Brasil necessita construir navios com o mesmo nível de especialização com que produz, por exemplo, aeronaves pela Embraer.
“No passado, tivemos uma indústria naval forte nos anos 1970”, afirmou o chefe do BNDES. “Atualmente, precisamos construir navios, já o fizemos, possuímos a tecnologia e expertise para isso.”
Segundo Mercadante, a situação global proporciona uma oportunidade para a indústria naval brasileira, devido às exigências da Organização Marítima Internacional (IMO) para reduzir as emissões relacionadas à navegação. “A IMO tem poder decisório e, até 2030, a meta é reduzir em 40% as emissões por meio de combustíveis renováveis”, afirmou.
“Isso é uma oportunidade que está se apresentando. Podemos optar pela amônia verde, hidrogênio verde, metanol verde e etanol para nos sobressair nessa competição, fabricando navios com combustíveis renováveis.”
De acordo com ele, executivos otimistas esperam multas de US$ 40 a US$ 100 por tonelada para quem não cumprir as exigências, enquanto os pessimistas estimam penalidade de US$ 500 por tonelada, o que será um diferencial para quem tiver uma “frota verde”.
Mercadante também ressaltou o tamanho da carteira “azul” do BNDES, que já totaliza R$ 22 bilhões em financiamentos, sendo mais da metade, R$ 13,6 bilhões destinados a embarcações e navios, principalmente para apoiar o pré-sal e os estaleiros.
Outra área, a de portos e terminais, já acumula R$ 6,5 bilhões em financiamentos. Além disso, o BNDES administra o Fundo de Marinha Mercante, com créditos de R$ 1,2 bilhão.