Uma equipe de residentes da pequena localidade de Nova
Roma do Sul, no Rio Grande do Sul, uniu-se para reconstruir uma ponte que foi devastada durante uma enchente em setembro do ano passado, usando recursos próprios e sem depender das autoridades estaduais ou federais. O custo da obra foi estimado em R$ 6 milhões, mas a mobilização popular conseguiu arrecadar R$ 7 milhões em menos de quatro meses, e a estrutura foi inaugurada no último final de semana.
Os residentes decidiram realizar a obra com fundos próprios, enquanto o projeto do governo estadual custaria quatro vezes mais e estava apenas na lista de prioridades, sem previsão de execução. O presidente da Associação Amigos de Nova Roma do Sul, Tranquilo Tessaro, afirmou que a economia da cidade foi gravemente afetada após a destruição da ponte.
“Toda a economia da municipalidade depende desta ponte. Houve pessoas que fizeram PIX de centavos, afirmavam que estavam desempregadas e que, no mês seguinte, fariam algo mais”, declarou à RBSTV na localidade com apenas 4 mil habitantes.
A ponte antiga atravessava o Rio das Antas e tinha quase cem anos. A cidade ficou praticamente isolada após a estrutura ser arrastada pela enchente, e o acesso só podia ser feito por estradas que aumentavam o percurso em pelo menos duas horas, ou por uma balsa que precisava interromper o serviço sempre que o rio subia.
A mobilização popular foi suficiente para contratar uma empresa de engenharia que projetou a nova ponte, com mais de 400 toneladas de aço e concreto, e também as obras ao redor. A cidade está prestes a começar a colheita de 40 milhões de quilos de uva.
Os residentes comemoraram, e a ação chamou a atenção do governador Eduardo Leite (PSDB-RS) e da oposição, que passou a criticá-lo pela demora em tirar o projeto do papel.
Leite se explicou, dizendo que o projeto para
uma nova ponte “maior e mais resistente” segue em vigor, e terá um traçado
diferente do que existe atualmente. Ele afirmou, ainda, que comparar o custo da
ponte construída com a mobilização dos residentes e a projetada pelo estado é “descabida”
e que o estado não poderia construir uma ponte exatamente igual à anterior com
recursos próprios.
“Isso ocorre porque o Estado não pode construir
com recurso público, sob pena de questionamentos de órgãos de controle, uma
ponte idêntica à que foi destruída e no mesmo local. Comparar os
valores de cada projeto é inadequado e infeliz, já que são diferentes”,
afirmou.
Eduardo Leite afirmou, ainda, que o estado está trabalhando para concretizar o projeto da ponte maior e que conseguirá recursos do governo federal, o qual retirou a “emergencialidade” da obra por considerar que a estrutura foi entregue.