Um novo modelo do Intergen, programa de avaliação genética de bois, está agora disponível para o ramo de pecuária de corte no Brasil. Lançada em 2008 e ampliada em 2016 pela Embrapa, a ferramenta foi atualizada, com a introdução de módulos para processamento de informações genômicas e inclusão de um número infinito de animais na avaliação genética.
Com isso, o sistema operacional, que anteriormente atendia principalmente o PampaPlus, passa a dar suporte também a outras duas iniciativas direcionadas ao aprimoramento genético de raças bovinas europeias no país: o Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo), da Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC) e o Brangus +, da Associação Brasileira de Brangus.
Os novos módulos – IntergenIOD e IntergenACC – agregam três novas funcionalidades, essenciais para os programas de aprimoramento genético na contemporaneidade: a capacidade de inserção de dados genômicos, a aptidão para estimar o mérito genético para um número ilimitado de animais e a avaliação aproximada da precisão desse mérito genético.
Vinícius Junqueira, pesquisador que completou seus estudos de mestrado e doutorado no Laboratório de Bioinformática e Estatística Genômica (Labegen), relata que os programas de avaliação genética já empregam informações genômicas para calcular o mérito dos animais, o que tem contribuído para avanços na taxa de aumento genético das populações avaliadas, mas também desafios computacionais no processamento dessas informações.
“Os módulos IntergenIOD e IntergenACC foram desenvolvidos especificamente para superar esses desafios computacionais. O IntergenIOD foca na estimativa do mérito genético dos animais com uso mínimo de memória RAM, enquanto o IntergenACC proporciona uma avaliação aproximada da precisão do mérito genético estimado pelo IntergenIOD”, afirma Junqueira.
Segundo Henry Carvalho, analista do Labegen, a atualização otimiza o processo de avaliação genética, por meio da capacidade de processamento de várias análises de dados simultaneamente. “O IntergenIOD requer bem menos memória. O mesmo se aplica ao IntergenACC, que ocupa também pouca memória e chega às avaliações de precisão aproximada em poucos minutos, podendo até mesmo rodar em paralelo com o IntergenIOD, já que não depende dos resultados do IntergenIOD para calcular as precisões aproximadas”, relata.
O intuito é proporcionar mais exatidão, rapidez e efetividade ao processo de resolução das equações de valor genético dos animais e aprimorar a precisão dos valores genéticos calculados, que é a divergência esperada na progênie (DEP). Essas informações processadas são cruciais para o avanço do aperfeiçoamento de características de interesse ao longo das gerações.
“Estamos migrando todos os nossos sistemas de avaliação para esta nova edição do Intergen, a fim de fornecer informações cada vez mais precisas, utilizando todos os dados disponíveis, auxiliando o produtor na tomada de decisão. Apesar da alteração no processo, estamos realizando essa transição com muita confiança de que os programas de aprimoramento genético continuarão funcionando com a mesma qualidade de sempre”, destaca o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Fernando Cardoso.
Novo Intergen: evolução para a avaliação genética nacional
O lançamento do novo Intergen representauma evolução para a avaliação genética nacional e a compara ao que existe de mais atual nos principais programas de melhoramento genético do mundo, trazendo numerosos benefícios, como maior autonomia sobre os métodos estatísticos utilizados nas avaliações genéticas, custo mais acessível para uso comercial e potencial de desenvolvimento acadêmico e profissional.
Para os pesquisadores que atuam na área, os novos módulos irão proporcionar maior eficiência e produtividade do trabalho de pesquisa em melhoramento genético. Segundo Marcos Yokoo, pesquisador de melhoramento genético animal da Embrapa, a atualização vai auxiliar no cálculo da precisão do Brangus +, PampaPlus e Promebo, programas de melhoramento genético que a Embrapa coordena com os parceiros Associação Brasileira de Brangus, ABHB e ANC, respectivamente.
“Com esses módulos, vamos poder incluir um número maior de animais genotipados na avaliação genética e calcular a precisão, pois realizar a avaliação genética de uma grande quantidade de animais é algo demorado e, por vezes, os softwares disponíveis não conseguem executar essa operação. Com os novos módulos, poderemos realizar essas avaliações de uma grande quantidade de animais e de forma rápida”, destaca Yokoo.
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