Mais de 80% dos cidadãos brasileiros não enxergam uma tentativa de golpe de Estado nos acontecimentos do dia 8 de janeiro de 2023, conforme levantamento divulgado pela pesquisa Atlas Intel na segunda-feira (8), exatamente um ano após a manifestação que resultou na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O estudo aponta que apenas 18,8% dos entrevistados consideram que houve uma tentativa de ruptura do Poder, uma narrativa propagada pelo PT e membros da esquerda, assim como por altas autoridades da República, como mencionado várias vezes durante a cerimônia realizada no Congresso à tarde.
No entanto, a alegação é contestada até mesmo por um aliado histórico de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT): o ex-ministro Aldo Rebelo, que ocupou cargos nos quatro governos presidenciais petistas anteriores (dois com Lula e dois com Dilma). Ele classificou a alegação como “fantasia” e afirmou que os acontecimentos foram provocados por um “grupo de arruaceiros”.
Além de Rebelo, o jurista Ives Gandra Martins também contestou a possibilidade de que a invasão aos prédios públicos tenha sido uma tentativa de golpe de Estado. Para ele, “não haveria a menor possibilidade de golpe, porque as Forças Armadas não participariam nunca de um golpe de Estado”.
A pesquisa revelou ainda que 34,2% dos
entrevistados acreditam que as invasões ocorreram por fanatismo político e
polarização, enquanto que 20,8% atribuem a uma fraude eleitoral. O patriotismo
foi apontado por apenas 2,4%.
Uma parcela significativa dos ouvidos pelo instituto – 44% – também considerou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não foi responsável por incitar os atos de 8 de janeiro de 2023, algo que também é amplamente propagado pelo PT e membros da esquerda. Outros 43,3% acreditam que ele não deve ser punido por essa alegação.
Assim como os entrevistados não veem que houve
uma tentativa de golpe de Estado, uma parcela significativa – 42,8% – vê que as
punições aos envolvidos nos atos têm sido exageradas. Já 36,1% acreditam que
foram adequadas e 14,2% que foram insuficientes.
Desde que ocorreram os atos, o Ministério
Público Federal (MPF) já ofereceu 1.413 denúncias contra participantes da
depredação dos prédios públicos, sendo 1.156 deles apontados como incitadores,
um como financiador e 248 como executores. Trinta já foram condenados pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) a penas que variam de 3 a 17 anos de prisão, e
outros 29 estão em julgamento no plenário virtual previsto para encerrar no dia
5 de fevereiro.
Outras 28 pessoas fizeram um acordo de não
persecução penal com o órgão, que é a suspensão da ação penal em troca do
pagamento de multa e prestação de serviços à comunidade.
O instituto Atlas Intel ouviu 1,2 mil pessoas de modo digital aleatório entre os dias 7 e 8 de janeiro de 2024 nas cinco regiões brasileiras. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança de 95%. A pesquisa completa pode ser consultada aqui.