O áudio integral registrado por ex-colaborador de André Janones (Avante-MG) vai de encontro à versão do congressista sobre as denúncias de “rachadinha”. Nas plataformas virtuais, Janones alegou que o áudio estava “fora de contexto”. No entanto, a totalidade da conversa desmente essa afirmação, o que poderá gerar mais complicações para ele, tanto na esfera judicial quanto no Conselho de Ética da Câmara.
Janones afirmou que, na época da gravação, ainda não havia assumido o cargo de parlamentar na Câmara, e seus colaboradores não tinham sido contratados.
Janones postou no X (antigo Twitter):
“O ocorrido: eu (quando ainda não exercia a função de deputado), mencionei a algumas pessoas (que ainda não trabalhavam como meus auxiliares) que receberiam um salário maior do que os outros, para que pudessem arcar com dívidas contraídas por eles durante a eleição de 2016. No final, minha sugestão foi vetada pela minha advogada e, portanto, não foi posta em prática. Fim da história”.
No entanto, segundo o áudio divulgado pelo Metrópoles, o diálogo entre Janones e os assessores revela não apenas que ele já estava exercendo o mandato, mas também que iria a uma sessão no plenário no mesmo dia da reunião.
Em conversa com o grupo, o deputado comentou: “Hoje tem plenário à tarde e eu não sei o que que eu vou fazer lá”, disse. “Vou chegar lá e vou ficar perdido. Não sei como que é, o que eu vou fazer, que horas que eu falo, que assunto que vai ser”.
Nessa data, o político se reunia com seus funcionários na própria Câmara.
O que revela a gravação
Nos áudios vazados, o deputado pressiona por uma parte dos salários de seus auxiliares para cobrir despesas pessoais, como moradia, veículo, reserva financeira e previdência.
Diante da repercussão, ele alegou que a conversa não passa de “fake news” e que nunca praticou “rachadinha”. Conforme Janones, o material consiste apenas em “acusações vazias”. “Não são verdade, apenas escândalos fabricados”, defendeu-se o congressista.
Quem gravou o áudio foi o jornalista Cefas Luiz, ex-colaborador de Janones. “Sei de muita coisa que acontecia por lá”, declarou Cefas.
“Rachadinha” corresponde à apropriação indevida de uma porção do salário de servidores. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tal prática configura enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público.
Um político que promove esse tipo de esquema pode se tornar inelegível.