O magnata Luiz Barsi se incorporou ao conjunto de seis gestoras que contestam o montante apresentado pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil na oferta pública de compra de ações (OPA) para retirar a Cielo da Bolsa de Valores.
De acordo com o periódico Valor Econômico, o investidor Victor Adler foi outro nome conhecido do mercado que igualmente aderiu ao grupo. Tais acionistas possuem uma parcela de quase 15% na credenciadora.
Os investidores identificaram equívocos fundamentais no laudo do Bank of America para os controladores. Eles têm como meta persuadir BB e Bradesco a corrigirem esses pontos.
“Não se trata de querer estabelecer o preço de um possível potencial de crescimento, como ocorreu quando houve o fechamento de capital da Rede pelo Itaú”, afirmou um gestor envolvido na operação, em entrevista ao Valor. “E não estamos barganhando, é simplesmente ajustar o que está errado.”
O gestor estima que, após essa solicitação para que seja convocada uma assembleia, novos sócios minoritários irão se unir ao grupo.
A Cielo permanecerá na Bolsa de Valores
BB e Bradesco têm conflito de interesses e, por consequência, não podem votar nessa assembleia, que requer apenas maioria simples para aprovar a exigência de um novo laudo. Com isso, a Cielo teria que pagar o valor mais elevado entre os dois laudos.
“Os controladores estão fazendo seu papel”, disse o gestor. “É uma negociação natural entre acionistas. Não é nada belicoso, ninguém vai recorrer à Justiça. Os controladores são bancos sólidos, com amplo histórico de governança. Ninguém acredita que eles vão ‘passar uma rasteira’ nos minoritários.”
O gestor começou a adquirir ações da Cielo na segunda metade do ano passado. Naquela época, o papel estava próximo de R$ 3,50. Ele afirma que o montante justo estaria entre R$ 7,50 e R$ 8,00.
“BB e Bradesco não são obrigados a seguir adiante com a OPA”, disse o gestor. “Se considerarem o preço do laudo novo alto, podem simplesmente desistir da operação, e vida que segue. A Cielo permanece na Bolsa de Valores, não há nada de equivocado nisso.”
Quem é Luiz Barsi
Luiz Barsi Filho é reconhecido como um dos maiores investidores individuais da Bolsa de Valores brasileira, a B3. Nascido em São Paulo, em 1939, Barsi veio de uma origem modesta e construiu sua fortuna a partir do zero, iniciando sua jornada no mercado de ações na década de 1960. Antes de se tornar investidor em tempo integral, trabalhou como office boy e contador, o que lhe proporcionou uma compreensão prática do mundo dos negócios e finanças.
A filosofia de investimento de Barsi é centrada em investimentos de valor e no recebimento de dividendos. Ele procura empresas com histórico de pagamento de dividendos consistentes e que estejam sendo negociadas a preços atrativos em relação ao seu valor intrínseco. Barsi é um apoiador do conceito de “renda passiva”, onde o investidor recebe regularmente dividendos das empresas em que investe, permitindo-lhe reinvestir esses dividendos ou utilizá-los como fonte de renda.
Ao longo de décadas, Luiz Barsi consolidou posições relevantes em várias empresas brasileiras, principalmente nos setores financeiro, de utilities (como empresas de energia e saneamento) e de commodities. Sua abordagem de longo prazo e foco em geração de renda o tornaram um modelo para investidores que buscam construir patrimônio de maneira sustentável no mercado de ações.
Além de seu êxito como investidor, Luiz Barsi também é conhecido por sua disponibilidade em compartilhar conhecimentos. Ele participou de diversas entrevistas e eventos sobre investimentos, com o propósito de educar o público sobre a importância de investir e como fazê-lo de forma inteligente.
