A Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) colaborou na criação de aplicativos para monitorar a demanda por água nas plantações de café e para facilitar a programação de pulverizações em plantações de citros, visando combater o greening, a mais séria e devastadora doença que afeta os citros.
As pesquisadoras Margarete Volpato (cafeicultura) e Ester Ferreira (citricultura) apresentaram os protótipos durante o evento “Fapemig de Portas Abertas”, promovido pela instituição de fomento em Belo Horizonte.
Desenvolvido em parceria com a professora da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Vanessa Cristina Oliveira de Souza, o aplicativo Regador tem a finalidade de avaliar o potencial hídrico das plantas de café em uma propriedade ou região específica.
“O aplicativo mapeia as áreas de café utilizando dados de georreferenciamento e imagens de satélite para determinar se as plantas estão ou não sofrendo com a falta de água. Para isso, utilizamos informações como o Índice de Estado Vegetativo (NDVI)”, explicou Margarete Volpato, pesquisadora da Epamig. Ao usar o aplicativo, o produtor de café pode delimitar sua área de cultivo e obter os dados correspondentes.
“Uma legenda indica se as plantas estão bem hidratadas ou não. Além disso, é possível identificar discrepâncias no potencial hídrico entre plantas da mesma área, por exemplo, se as plantas no centro estão hidratadas e as das bordas estão com falta de água, o que indica a necessidade de implementar um manejo diferenciado na propriedade. Esse aplicativo tem o propósito de auxiliar os produtores na tomada de decisões”, ressaltou Margarete.
A pesquisadora acrescentou que o trabalho ainda está em fase acadêmica e não está disponível nas lojas de aplicativos.
“Estamos realizando testes com o aplicativo em um único município, com resultados promissores, mas ainda precisamos de um servidor para hospedagem e garantia de atualizações constantes, além de recursos para disponibilizá-lo nas lojas de aplicativos”, concluiu.
Ações contra o greening
O aplicativo para citros foi desenvolvido pela pesquisadora da Epamig, Ester Ferreira, em colaboração com o professor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Paulo Afonso Parreira Júnior, e com o estudante de Ciências da Computação, também da Ufla, Gustavo Gabriel Martins, por meio do projeto “Alternativas de manejo para a citricultura em áreas endêmicas de Grenning em Minas Gerais”.
Ester Ferreira explicou que o nome do aplicativo se originou das iniciais de Tecnologia de Referenciamento, Espacialização e Manejo do Greening (Trem). O objetivo é disponibilizar uma ferramenta que auxilie no manejo do greening e nas ações de pulverização para combater o psilídeo, inseto vetor da doença.
O greening é uma doença bacteriana incurável que afeta qualquer planta cítrica. Sua presença no Brasil foi identificada em 2004 e o primeiro relato oficial em Minas Gerais ocorreu em 2005.
As medidas fundamentais para o controle da doença incluem o uso de mudas certificadas e produzidas em viveiro protegido, inspeções periódicas nos pomares para erradicar plantas contaminadas e o controle do psilídeo.
“O psilídeo é um inseto alado, o que dificulta o combate, pois voa durante a pulverização. Por esse motivo, a recomendação é realizar a pulverização simultânea em um raio de cinco quilômetros, que é a distância máxima que ele consegue voar”, afirmou a pesquisadora.
“É aí que entra o aplicativo, que atuará na comunicação entre os produtores. O produtor que o utilizar poderá emitir um alerta fitossanitário para outros usuários, informando sobre a pulverização na área, facilitando a realização simultânea e, consequentemente, aumentando a eficácia do manejo”, explicou.
O protótipo está em fase final de desenvolvimento e deverá ser disponibilizado ao público ainda em 2023. “O aplicativo será hospedado no servidor da Ufla e disponibilizado gratuitamente para os produtores”, concluiu Ester.