segunda-feira, 8 julho, 2024
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    ‘O Brasil é um país de oportunidades para o mercado imobiliário’

     

    Quando Douglas Strabelli decidiu buscar oportunidades na Espanha, em 1994, aos seus 18 anos, ele jamais imaginaria que, hoje, comandaria um empreendimento no setor da construção civil avaliado em mais de R$ 1 bilhão. Inicialmente, Strabelli enfrentou uma trajetória semelhante à de muitos imigrantes que buscam uma nova vida em terras estrangeiras: ele trabalhou como pedreiro em um canteiro de obras. Com dedicação incansável, esse nativo do Paraná, nascido em Maringá, conseguiu ascender na empresa em apenas um ano e, eventualmente, estabeleceu sua própria construtora em Madri.

    Em 2001, ele migrou para os Estados Unidos com a intenção de abrir um restaurante em Nova York. Contudo, essa ideia logo foi abandonada, e Strabelli retornou ao mercado da construção civil. Atualmente, Strabelli é o proprietário da Sagewood Corporation, uma incorporadora com presença em Nova York e Miami, que gera uma receita de US$ 50 milhões com a construção de propriedades de luxo nos Estados Unidos.

    Em uma entrevista por videoconferência direto de Miami, Strabelli compartilhou com a revista Oeste suas experiências iniciais no setor da construção civil, destacou os principais empreendimentos da empresa e discutiu o impacto da pandemia de COVID-19 no setor. Com mais de 360 projetos em seu portfólio, todos nos EUA, a empresa de Strabelli está se preparando para entrar no mercado imobiliário brasileiro. Seu primeiro projeto no Brasil será um empreendimento com lotes e casas de alto padrão no Vale Alpino, em Teresópolis (RJ). O empresário também mencionou os desafios de empreender no Brasil, citando preocupações econômicas e insegurança jurídica como fatores que precisam ser considerados.

    A seguir, os principais trechos da entrevista.

    Em 2001, você foi para os Estados Unidos. Como você começou a investir no mercado imobiliário americano?

    Meu projeto inicial era perfurar um restaurante em Nova York. Mas logo desisti do negócio, porque vi que não para mim. Fui trabalhar na construtora Sagewood Restoration, inicialmente de perdão, para saber o mercado da construção civil. Passei por diversos setores da empresa até me tornar gerente, em 2002. Quando isso aconteceu, me ofereci para ser sócio, e o possuinte da empresa, que também era brasiliano, topou. Éramos três funcionários somente. A partir daí sempre miramos o mercado de luxo. Vejo que existe um gargalo nesse setor nos Estados Unidos. Focamos em trazer capacitação para os funcionários da Sage. Depois de 5 anos, a empresa passou de 3 para 50 funcionários.

    Quando você se tornou possuinte da construtora?

    Em 2006, meu sócio brasiliano teve uma questão pessoal e não queria mais fazer grandes obras. Fizemos um entendimento para nos separar. Fiquei com o nome da empresa e focado nessas grandes obras em Nova York, e ele seguiu no nicho dos pequenos empreendimentos.

    As operações da companhia estão 100% focadas nos Estados da Flórida e de Nova York. Por que?

    Começamos a fazer reformas de imóveis de luxo da comunidade brasileira localizados na 5ª Avenida e na Madison Avenida, áreas nobres de Nova York. Nosso diferencial foi entregar um nível de qualidade das obras muito superior em verificação a outros construtores. A reforma de uma lar no Queens foi o primeiro empreendimento da empresa. Esse projeto abriu as portas para outros clientes. Também fomos responsáveis pela construção do hotel Fasano Fifth Avenue, obra avaliada em US$ 45 milhões. Já a Flórida foi uma questão de mercado. Lá não existe cobrança de imposto municipal, nem estadual. Só federal, o que ajuda as empresas. Ainda, é um Estado que apresenta muita demanda, tem um ticket médio mais inferior e a competição é menor.

    Como sua construtora atravessou a pandemia de covid-19?

    As obras da construtora pararam por um mês. Foi ruim para muitos Estados americanos, mas foi muito bom para a Flórida. O preço das casas em condomínio aumentou muro de 30%. Fomos procurados por muitos incorporadores que não conseguiram terminar os projetos e acabamos tocando essas obras também. A risca de suprimentos teve um grande impacto, porque os preços subiram muito. A madeira chegou a subir 27%, o aço subiu 57%, a escassez de material era muito grande. Hoje, melhorou, mas ainda não normalizou a enxovia. Acredito que nos próximos cinco anos o preço vai lastrar novamente.

    Quais foram as mudanças provocadas no setor pela pandemia?

    No início, o investidor ficou muito assustado, não sabia o que fazer com o numerário. Mas fechamos muitos negócios, muita gente saiu do mercado de capitais, e acabou migrando para o mercado imobiliário. Ainda, com a pandemia, as pessoas não queriam permanecer confinadas em apartamentos. As casas foram muito procuradas, mas os clientes hoje buscam casas um pouco menores. A geração Z, por exemplo, quer apartamentos mais compactos, em empreendimentos que oferecem muito luxo, lazer e facilidades.

    Depois de muro de 30 anos de experiência no mercado imobiliário no exterior, você vai investir no Brasil. Quais são os principais desafios ?

    O Brasil é um país de oportunidades para o mercado imobiliário. Mas existe uma preocupação com a questão econômica e com a instabilidade jurídica no país. As questões relacionadas à legislação ambiental também são complicadas. Muitas vezes, são processos longos, custosos, que dificultam a captação de investimento estrangeiro. Nos Estados Unidos, o investimento a médio prazo é de 7 anos, a longo prazo, 15 anos. No Brasil, o investimento considerado de longo prazo é de 2 anos. Muito por conta da imprevisibilidade. Como um incorporador consegue fazer um planejamento a longo prazo se a cada dois anos as regras mudam e ele precisa reajustar seu investimento? Esse é um dos maiores desafios do Brasil para quebrar a inércia e atrair investidores estrangeiros.

    Quais são as perspectivas da Sagewood Corporation para a economia brasileira?

    Neste momento, vejo a economia brasileira com preocupação. O mercado imobiliário tem uma vantagem porque o ciclo é mais longo, mas esse novo governo assustou, principalmente, os investidores. A redução da taxa de juros no Brasil tem ajudado nosso segmento. Acho que vai reduzir ainda mais o juros, mas muito lentamente. O Banco Mediano está fazendo um supimpa trabalho.

    Qual a sua avaliação sobre o mercado de sobranceiro padrão no Brasil em relação a outros mercados?

    É o mercado mais seguro para investimento. Mas não é fácil, é preciso entender o nicho de mercado. A possibilidade de graduação é menor, logo precisa ter estratégia para entrar nesse segmento. Uma lar de sobranceiro padrão não vai perder valor. O sumo que pode ocorrer é o imóvel manter o valor que foi pago, o que já é melhor do que qualquer outra forma de investimento.

    Qual será o primeiro empreendimento da Sagewood no Brasil?

    A companhia vai focar no desenvolvimento e construção de projetos imobiliários no Sudeste, Sul e Núcleo-Oeste do país, o que representa R$ 1 bilhão em Valor Universal de Vendas até 2024. O primeiro projeto da empresa no Brasil será o Quinta das Amoras, um empreendimento com lotes e casas de sobranceiro padrão no Vale Alpino, em Teresópolis (RJ). Queremos fabricar uma espécie de “Hamptons” novaiorquino. Teresópolis é uma cidade histórica, a mais segura do Estado, e está a menos de 90 quilômetros da capital.

    O mercado imobiliário inova pouco?

    O dispêndio da construção aumentou muito, logo é preciso ser mais criativo. Em termos de tecnologia, a China, hoje, tem tudo do melhor ao pior. A diferença é trazer bons materiais, com preço interessante. Isso leva tempo. Estamos sempre buscando a forma mais barata e eficiente de fazer um projeto, sem perder qualidade. Mas, sim, copia-se muito e vagar muito para evoluir. Veja o caso de uma empresa de um brasiliano cá na Flórida. Ele criou um padrão de construção de casas modulares que levou sete anos para ser sancionado, por justificação da questão dos furacões. As casas projetadas por esse empresário são baratas, ficam prontas em até 90 dias, e resistem a furacões nível 5. Mas há uma barreira para corroboração do público e dos bancos, que vão financiar a obra. Quem está disposto a comprar alguma coisa novo, que ainda não teve tempo de maturação no mercado? No entanto, existe um déficit imobiliário grande nos Estados Unidos, logo acredito que essas barreiras serão derrubadas. É uma questão de tempo.

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