segunda-feira, 1 julho, 2024
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    O eixo da Terra está alterando e a responsabilidade é da irrigação mais do que das calotas polares

     

    O eixo de rotação do planeta está sofrendo alterações — de acordo com pesquisas, entre 1993 e 2010, houve um deslocamento de quase 80 centímetros —, e o principal causador acaba de ser identificado. O suspeito anterior era o derretimento das calotas polares, mas cientistas agora apontam para um improvável concorrente: a irrigação.

    A comunidade científica há muito tempo tem conhecimento da movimentação polar cíclica, embora suas razões sejam mais obscurecidas. O fenômeno, até onde temos conhecimento, pode ser acionado pelo derretimento das calotas polares e plataformas de gelo nos polos, levando água terrestre para o oceano, o que modifica o peso dos oceanos e altera a dinâmica rotacional. Agora, parece que o esgotamento de água doce devido à irrigação pode ter o mesmo efeito, e pelas mesmas razões.

    Movimento de Rotação da Terra e o papel da água

    A rotação do planeta depende da sua distribuição de massa. Quando a massa está mais concentrada no centro, a velocidade aumenta, mas, quando está nas periferias, a velocidade diminui para manter o momento angular. Quando a massa se move para um lado só, o eixo também terá a inclinação modificada para compensar a mudança.

    Cada vez que viajamos de avião para o oeste, alteramos a rotação da Terra de forma muito sutil, e ao retornarmos, restauramos o equilíbrio (desconsiderando, neste caso, as emissões de carbono da viagem). Embora essa mudança seja imperceptível, quando trilhões de toneladas de água se deslocam, a situação muda. Em 2021, uma mudança no ângulo do eixo terrestre foi atribuída ao derretimento polar, mas as concepções científicas a respeito também se alteraram.

    Isso foi possível graças ao Experimento do Clima e Recuperação da Gravidade (GRACE, na sigla em inglês), missão teuto-americana que monitora a gravidade dos pontos do planeta à medida que passa sobre eles. Apesar de ter começado em 2002, o projeto utiliza dados antigos para demonstrar como era a rotação da Terra até os anos 1980. Desde então, os polos se deslocaram em relação aos continentes acima deles, mas a taxa de movimento mudou de direção e aceleração drasticamente em meados dos anos 1990.

    A redistribuição de água na linha do equador foi apontada como responsável, mas de onde veio o líquido? Assim como nas calotas polares, a drenagem da água subterrânea desempenha um papel importante no fenômeno. Ela é utilizada, em sua maioria, na agricultura local ou na indústria, e, uma vez trazida à superfície, a maior parte evapora ou acaba fluindo até os rios, terminando, inevitavelmente, nos oceanos.

    Cálculos prévios sugeriam que a remoção da água doce teria adicionado 6 mm ao nível do mar entre 1993 e 2010, mas novas investigações mostram que isso teria sido apenas 10% do aumento notado à época. O derretimento do gelo e a expansão térmica eram os suspeitos principais até a chegada da missão GRACE — a água do mar extra modifica a posição dos polos, mas a mudança no eixo é diferente dependendo do local de entrada da água no mar.

    Conforme as mudanças gravitacionais, a redistribuição da água doce teria o maior dos impactos na alteração do eixo de rotação terrestre, o que foi demonstrado mais detalhadamente com modelos de como seria o movimento dos polos apenas com o derretimento do gelo. Isso não condizia com a realidade do eixo, então foram adicionados cenários de extração de água subterrânea nas simulações.

    A estimativa de 2,150 gigatoneladas de água foi a que mais se alinhou com a realidade — sem o efeito, o polo norte estaria a 78,5 cm a oeste de onde está atualmente, com taxa de movimento de 4,4 cm por ano, semelhante à taxa dos continentes. O polo está indo em direção à Islândia, ao invés da Groenlândia, como estaria sem o efeito da água doce.

    É mais complexo modelar a extração de água subterrânea, uma vez que a prática é mais distribuída do que o derretimento do gelo, mas a maior parte do fenômeno ocorre em duas regiões de grande escassez: O oeste dos Estados Unidos e o Norte da Índia, que ficam em latitudes parecidas. Caso o polo mude o suficiente, em teoria, as estações do ano poderiam acabar alteradas. O polo norte está indo em direção ao Reino Unido, mas mudanças significativas não devem ocorrer por muito tempo.

    Além da modificação no eixo da Terra, o resultado das pesquisas também aponta para estarmos consumindo um de nossos recursos vitais em um ritmo preocupante — drenar água de locais baixos, no nível do mar e abaixo, é um problema bastante imediato, já que a água salgada pode acabar se infiltrando, especialmente em ilhas, tornando-se inapropriada para consumo.

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