domingo, 7 julho, 2024
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    O representante de Israel merece receber uma medalha

    Gostaria de compreender qual foi a situação em que o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, se encontrou ao se reunir com Jair Bolsonaro e parlamentares bolsonaristas na Câmara dos Deputados.

    Dois dias antes, a embaixada havia convidado 300 parlamentares de diferentes orientações políticas para assistir ao vídeo do ataque feito pelo Hamas em Israel, o que possibilitou o encontro que não estava planejado dessa forma por Daniel Zonshine.

    “Não estive na entrada da sala para conferir quem estava chegando ou não. Não houve nenhum encontro agendado dessa maneira. Não há nenhuma história aqui. Não há nenhuma motivação política aqui”, afirmou ele à jornalista Raquel Landim.

    Havia algum parlamentar do PT presente na exibição do vídeo? Não. Por quê? Porque o governo petista, em linha com o antissemitismo adotado pela esquerda global, acusa Israel de cometer genocídio em Gaza.

    Ou seja, acusa um país democrático, atacado covardemente por terroristas que usam civis como escudos, de praticar crime contra a humanidade. Isso é extremamente grave, senhoras e senhores.

    Acusações duras (e falsas) demandam respostas firmes (e verdadeiras). Daniel Zonshine não está no Brasil a passeio, ele representa desde 7 de outubro um país em guerra declarada contra um grupo terrorista que o governo brasileiro não reconhece como tal.

    Se Israel tivesse um primeiro-ministro de esquerda, e não o conservador Benjamin Netanyahu, as reações do seu embaixador aos desacertos do Palácio do Planalto e do partido no poder seriam as mesmas ou até mais incisivas.

    Daniel Zonshine tem sido moderado em suas respostas. Ao comentar a nota do Itamaraty sobre o ataque a civis realizado pelo Hamas em território israelense, ele se limitou a dizer que o governo brasileiro demonstrou falta de sensibilidade ao não classificar como terrorista o ato que se enquadra integralmente na definição de terrorismo.

    Questionado sobre o comunicado do PT sobre o conflito, no qual o partido afirma que Israel comete genocídio em Gaza — acusação reiterada dias depois por Lula e nesta semana por Celso Amorim —, o embaixador de Israel foi cortês:

    “Essa é a postura de um partido que defende direitos humanos? Defender direitos humanos é matar crianças e violentar mulheres? Estes são os valores que o PT apoia? Apoiar os palestinos é uma coisa, podemos discutir isso, mas apoiar o Hamas?”

    O governo do PT também critica o fato de Daniel Zonshine ter participado de uma reunião com parlamentares do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Israel, composto por muitos deputados críticos à postura do governo Lula em relação à guerra entre israelenses e o Hamas. É até divertida a ideia de que o embaixador de Israel não pode encontrar-se com o Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Israel.

    Ainda em outubro, como forma de demonstrar sua insatisfação, o Palácio do Planalto instruiu o Itamaraty a convocar Daniel Zonshine para repreendê-lo e deixar claro que as relações de Israel com o governo brasileiro estão enfraquecidas.

    Mas quem enfraqueceu as relações? Um país que acusa falsamente outro país de cometer crime contra a humanidade, infração de gravidade extrema, ou o país que se defende da acusação sem afirmar expressamente que o acusador é um mentiroso leviano?

    Temos, ainda, a questão dos criminosos brasileiros que foram recrutados pelo Hezbollah libanês. Foi o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quem afirmou que o Mossad, o serviço secreto israelense, auxiliou a Polícia Federal na prisão dos integrantes da célula terrorista que planejava atacar entidades judaicas e sinagogas no Brasil. Daniel Zonshine afirmou, então, o óbvio à jornalista Eliane Oliveira:

    “O interesse do Hezbollah em qualquer lugar do mundo é matar os judeus. Se escolheram o Brasil, é porque tem quem os ajude”

    O anúncio de Benjamin Netanyahu e a declaração do embaixador levaram o combativo ministro da Justiça brasileiro, Flávio Dino, a reagir intempestivamente, como se o governo de Israel tivesse interferido na soberania do Brasil, porque o político Benjamin Netanyahu explorou o fato politicamente (pois é, nenhum político faz isso) e houvesse implicações ideológicas na cooperação policial entre os dois países.

    Entre outras declarações polêmicas, o ministro afirmou que “nenhuma força estrangeira dita as ações da Polícia Federal do Brasil e nenhum representante de governo estrangeiro pode antecipar resultados de investigações conduzidas pela Polícia Federal, ainda em curso”. Também escreveu que “quando for apropriado legalmente, a Polícia Federal apresentará ao Poder Judiciário do Brasil os resultados da investigação técnica, baseados apenas em provas analisadas EXCLUSIVAMENTE pelas autoridades brasileiras”. Esperemos que o discurso enfático não resulte na libertação dos terroristas sob a égide do Estado de Direito que vigora no país.

    Por fim, temos a questão dos cidadãos brasileiros que ainda estão em Gaza. Pode ser que, quando este artigo estiver publicado, eles já tenham conseguido atravessar a fronteira com o Egito — controlada pelos egípcios, imagine só. Acusa-se Israel, que inspeciona com concordância do Egito a saída de estrangeiros do enclave palestino, de estar retendo os brasileiros.

    Não seria exatamente reter. A fronteira é aberta e fechada dependendo das circunstâncias, e a saída é permitida aos poucos para todos, pois o exército israelense verifica se há infiltrados do Hamas entre os estrangeiros não tão estrangeiros, estrangeiros com passaporte.

    Dito isso, não há necessidade de se preocupar mais do que o necessário: os verdadeiros diplomatas trabalharam para superar as dificuldades criadas por Celso Amorim e seus seguidores, e em breve, os brasileiros com passaporte chegarão ao Brasil, agradecendo a Deus por viverem neste país abençoado, com 47,5 mil homicídios por ano.

    Lula poderá, portanto, fazer uso de sua política de resgate, da mesma forma que Benjamin Netanyahu fez com os brasileiros do Hezbollah. Celso Amorim e seus seguidores: certamente, os refugiados teriam recebido mais atenção de Tel-Aviv se o governo brasileiro não fosse tão hostil a Israel, mas ninguém segura ninguém, apenas não temos a preferência por estarmos na segunda classe. É assim que o mundo funciona, sabe?

    O embaixador Daniel Zonshine está sendo criticado pelo Palácio do Planalto, por meio do Itamaraty. “Perdeu a capacidade de ser interlocutor” é a frase que circula em Brasília. Talvez, diante da pressão, Israel considere apropriado que ele retorne a Tel-Aviv. De toda forma, o embaixador merece ser condecorado por ter servido em um país cujo governo acredita que um judeu bom é um judeu que aceita tudo em silêncio.

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