Resistência. Esta deve ser a palavra que melhor caracteriza a 3ª Academia de Futebol do time paulista Palmeiras. Desde que Abel Ferreira assumiu o comando, foram 9 títulos em 21 torneios disputados. Isso significa que o time saiu vitorioso em 43% dos campeonatos sob o comando do treinador português.
O Brasileirão de 2023 é provavelmente o mais desafiador de todos, considerando que em dado momento da competição, o próprio técnico afirmou que o título dificilmente iria para o Botafogo. Após a derrota para o Red Bull Bragantino, pela 25ª rodada, no início de outubro, o treinador declarou em coletiva: “Eu já comentei sobre isso, o que eu falei sobre isso várias vezes? Desde que o Luís Castro venceu em nossa casa eu fui muito claro para a imprensa. E vou repetir: dificilmente o Botafogo perde esse campeonato”.
Duas rodadas após esse momento, na 27ª, o Botafogo venceu o América-MG em Minas, enquanto o Palmeiras perdeu em casa para o Atlético-MG por 2 a 0. A diferença entre as duas equipes atingiu o auge naquele dia: 14 pontos. Neste ponto, para ser campeão, o Palmeiras precisaria realizar algo que nunca havia ocorrido no Brasileirão por pontos corridos com 20 clubes (desde 2006).
Se olhasse para a história, apenas uma “reversão” poderia trazer alguma esperança mínima à torcida alviverde, e uma que machucaria a memória palmeirense. Sim, a maior reviravolta, até então, de um time rumo ao título brasileiro havia sido a do Flamengo em 2009, justamente contra o Palmeiras. Naquele ano, na 23ª rodada, o Verdão chegou a ter 13 pontos a mais do que o Flamengo na 23ª rodada. O Rubro-Negro era apenas o 11° colocado.
É verdade que, naquela temporada, o Palmeiras nunca chegou a estar tantos pontos à frente do vice, como o Botafogo chegou a ter em 2023. Em 2009, a maior distância que o Palmeiras conseguiu foi de 5 pontos, na 29ª rodada (tinha 54 contra 49 do São Paulo). No entanto, quem seria campeão tirou uma desvantagem de 13 pontos já no segundo turno.
Regularidade, apesar dos momentos difíceis
Outro aspecto importante desta 3ª Academia é a regularidade da equipe. Este ano, é verdade, isso foi um pouco diferente. Duas das 3 piores sequências do time desde a chegada de Abel Ferreira aconteceram neste ano. A pior de todas foi entre setembro e outubro, quando o clube foi eliminado da CONMEBOL Libertadores. Naquela sequência, foram 6 jogos sem vitória, com 2 empates, 4 derrotas e 11,1% de aproveitamento.
Esta não é a maior sequência sem vitória do time com o treinador. Entre setembro e outubro de 2021, foram 7 jogos sem vencer, mas o aproveitamento naquele caso foi um pouco superior, de 19,0% (com 4 empates e 3 derrotas).
A outra série complicada do time ocorreu de junho a julho deste ano, quando foi eliminado pelo São Paulo da Copa do Brasil pelo segundo ano consecutivo. Houve apenas uma vitória em 8 jogos, com mais 3 empates e 4 derrotas, resultando em um aproveitamento de 25,0%.
Piores sequências do Palmeiras desde a chegada de Abel Ferreira
No entanto, como a resistência é o principal ponto citado no início, a equipe conseguiu “se recompor” e trabalhar rumo a mais um título. Não foi como em 2022, quando Gustavo Scarpa e companhia dominaram do começo ao fim.
Este ano, com esses momentos difíceis, o Palmeiras superou todas as estatísticas e, além de recuperar a desvantagem de 14 pontos, se mostrou a equipe mais regular da Série A. Não foi uma campanha “impressionante”, mas teve menos altos e baixos. Com isso, o alviverde conquistou um feito que só foi visto uma vez antes na história dos pontos corridos: ser campeão sem ter vencido nenhum dos dois turnos.
Além disso, a vez anterior foi em 2012, com o Fluminense de Fred e Abel Braga. Nesta edição, o Flu terminou o primeiro turno na segunda colocação, com 43 pontos, um a menos que o Atlético-MG. No segundo turno, fez os mesmos 35 pontos do São Paulo, mas pelos critérios de desempate ficou atrás – o São Paulo com +17 de saldo de gols, e o Fluminense com +8.
Já em 2023, o Palmeiras foi ainda mais surpreendente, terminando o primeiro turno em 3° lugar (a 13 pontos do líder Botafogo), e em 2° na segunda parte do campeonato (com 3 pontos a menos do que o Atlético-MG).
Campeões brasileiros sem a melhor campanha de nenhum turno
Sobre a metodologia: para realizar este estudo, foi considerado as pontuações e marcas de acordo com o que foi visto na realidade, considerando os jogos adiados quando disputados, e não atribuindo pontos de forma retrospectiva, para garantir comparações justas e de acordo com o que cada torcedor “sentiu” na época da disputa.
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