domingo, 7 julho, 2024
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    Pesquisa considera que exercício regula pressão de indivíduos com artrite reumatoide

    Análise realizada com 20 participantes portadoras de doença autoimune e hipertensão apontou vantagens de uma caminhada moderada

    Segundo estudo realizado por acadêmicos da USP (Universidade de São Paulo), mulheres com a doença autoimune e hipertensão obtiveram melhoria após a prática de exercício físico, não apenas em repouso, mas também durante situações estressantes – como testes cognitivos e físicos -, que costumam elevar a pressão arterial desses pacientes.

    A artrite reumatoide é uma condição inflamatória autoimune, marcada especialmente pela dor articular e limitação funcional, podendo também acarretar pressão elevada. Vale ressaltar que as enfermidades cardiovasculares representam a principal causa de óbito entre pessoas com artrite reumatoide. Estudos anteriores apontam que indivíduos com essa doença autoimune apresentam risco de morte cardiovascular 50% maior em comparação com a população em geral.

    “A artrite reumatoide está intrinsecamente associada a problemas de hipertensão, tanto em decorrência da forte inflamação quanto de alguns medicamentos (utilizados no tratamento da doença autoimune) que podem ter impacto adverso sobre a função e estrutura dos vasos sanguíneos. Como resultado, o paciente pode ter a artrite sob controle, porém a pressão arterial pode se agravar, variando mais do que o usual ao longo do dia. Assim, para esses casos, é necessário considerar abordagens não medicamentosas que complementem o controle da pressão arterial”, explica Tiago Peçanha, pesquisador colaborador da Faculdade de Medicina da USP e professor no Department of Sport and Exercise Sciences da Manchester Metropolitan University, no Reino Unido.

    O estudo recebeu apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) como parte de um projeto temático que investiga os efeitos da redução do sedentarismo em diferentes grupos clínicos.

    Já se sabe que o exercício físico constitui uma das abordagens não medicamentosas mais eficazes para controlar a pressão arterial em geral. “Contudo, ainda não se conhecia precisamente o impacto disso em indivíduos com artrite reumatoide e hipertensão como resultado da doença autoimune. Afinal, situações estressantes, como estresse mental ou eventos dolorosos, podem inclusive elevar a pressão desses pacientes. No entanto, os achados de nossa pesquisa foram bastante positivos e reforçam a importância do exercício físico no manejo cardiovascular, além de ser uma forma complementar de controle da pressão arterial nesses pacientes”, destaca Tatiane Almeida de Luna, principal autora do artigo, que resultou de sua dissertação de mestrado.

    Peçanha afirma que os resultados da análise conduzida com pacientes com artrite reumatoide podem ser aplicados a outras condições inflamatórias autoimunes, como lúpus, artrite psoriática, miopatias inflamatórias e lúpus juvenil. “Isso ocorre porque a artrite reumatoide é um modelo de doença inflamatória que se assemelha a essas outras condições. Portanto, a inflamação e suas consequências, como o aumento da pressão arterial, também se manifestam de modo semelhante nessas outras doenças,” explicou.

    Pressão nas artérias

    Os pacientes com artrite reumatoide tendem a apresentar pressão arterial sistólica elevada (quando o coração se contrai para impulsionar o sangue para as artérias). Importante destacar que a hipertensão arterial é uma condição crônica caracterizada pela elevação dos níveis de pressão sanguínea nas artérias. Isso acontece quando os valores das pressões sistólica e diastólica são iguais ou superiores a 140/90 mmHg (ou 14 por 9).

    Estudos anteriores indicam que cerca de metade dos pacientes não atinge o valor considerado ideal para o controle da pressão arterial sistólica (inferior a 140 mmHg), e esse comportamento parece ocorrer mesmo em indivíduos que seguem tratamentos com anti-hipertensivos. Mesmo durante o sono, momento em que se espera que a pressão arterial (sistólica e diastólica) diminua levemente, os pacientes com artrite reumatoide costumam manter valores mais elevados.

    Os pesquisadores explicam que, geralmente, esses pacientes também apresentam resposta aumentada da pressão arterial diante de situações de estresse, como durante estresse mental, esforço físico ou em resposta à dor, o que pode contribuir para o alto risco cardiovascular nessa doença. Uma pesquisa recente do mesmo grupo de pesquisadores observou que mulheres em período pós-menopausa e com artrite reumatoide apresentaram aumento da pressão arterial em resposta a um exercício de membros inferiores, sendo que quanto mais intensa era a inflamação, maior era o incremento da pressão arterial.

    Benefício temporário

    No estudo, publicado no “Journal of Human Hypertension“, os pesquisadores examinaram 20 mulheres diagnosticadas com artrite reumatoide e hipertensão, com idades entre 20 e 65 anos. As voluntárias fazem parte do ambulatório de Artrite Reumatoide do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. É relevante ressaltar que as participantes em idade fértil foram submetidas aos testes para o estudo quando se encontravam na fase inicial do ciclo menstrual (entre um e 7 dias após o início da menstruação).

    O estudo com as participantes compreendeu 3 sessões. Na primeira sessão, após a seleção, os pesquisadores mediram a pressão arterial e realizaram um teste físico com as participantes. No segundo encontro, as voluntárias tiveram a pressão arterial medida antes e depois de realizarem a caminhada de 30 minutos em uma esteira ergométrica. Na terceira sessão, permaneceram em repouso na esteira por 30 minutos e tiveram a pressão arterial medida antes e depois desse período. Dado se tratar de um estudo randomizado, a ordem de realização do exercício ou repouso foi aleatória.

    Após a prática de exercício físico ou permanência em repouso, as participantes foram submetidas a testes simulando situações de estresse que podem impactar no aumento da pressão arterial nesses pacientes. No teste de estresse cognitivo, as participantes tiveram que responder a um questionário de cores, enquanto recebiam cartões pintados de uma cor e com o nome de outra cor escrito. Já no teste de estresse físico doloroso, inseriram a mão em uma bacia com água a 4 °C. Em ambas etapas do estudo, a pressão arterial das participantes foi monitorada em tempo real por 24 horas e por meio de um monitor ambulatorial de pressão arterial.

    Assim, os pesquisadores constataram que, das 20 mulheres, a pressão arterial sistólica se manteve estável no período anterior e imediatamente posterior à caminhada. No entanto, aumentou em comparação com o dia em que permaneceram em repouso. “Isto demonstra que o exercício evitou o aumento da pressão arterial,” destaca Peçanha.

    O monitoramento após os testes revelou que o exercício reduziu em média 5 mmHG da pressão arterial sistólica. “Isso está de acordo com o que é observado em meta-análises com esse tipo de exercício na população em geral. Essa redução é relevante, pois está associada a um risco 14% inferior de morte por AVC, 9% menor de morte por doença arterial coronariana e 7% menor de morte em geral para indivíduos hipertensos”, acrescenta.

    “O efeito temporário de uma única sessão de exercício aeróbico é muito significativo, pois espera-se que as reduções agudas da pressão arterial ao longo de dias consecutivos de exercício se acumulem e levem a reduções sustentadas ao longo do tempo, o que pode contribuir para um melhor controle da hipertensão na artrite reumatoide,” afirma Peçanha.

    O pesquisador ressalta o achado sobre o papel do exercício aeróbico na redução da pressão arterial mesmo em situações simuladas de estresse.

    “O teste de estresse cognitivo, por exemplo, é muito utilizado em estudos que analisam a resposta cardiovascular ao estresse mental. No caso dos pacientes com artrite reumatoide, o estresse mental ocasionado pelo teste de estresse cognitivo geralmente provoca um aumento médio da pressão arterial sistólica (para 16 mmHg), da pressão arterial diastólica (para 12 mmHg) e da frequência cardíaca (aumento de 8 bpm). Contudo, após o exercício, observamos que a pressão arterial sistólica das pacientes diminuiu em média 6 mmHg, o que não foi observado na sessão em que permaneceram em repouso,” relata.

    Com informações do Governo do Estado de São Paulo.

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