segunda-feira, 1 julho, 2024
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    Pesquisadores empregam sinais vibratórios para controlar percevejos


    O uso de sinais vibratórios é a nova estratégia da ciência para auxiliar no controle de pragas agrícolas, como os percevejos, popularmente conhecidos como marias-fedidas e agrupados em, aproximadamente, 900 gêneros e 5 mil espécies.

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    A tecnologia desenvolvida digitaliza esses sinais que os insetos usam para se comunicar e os reproduz artificialmente com o objetivo de atraí-los ou afastá-los.

    Para alcançar esse resultado, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) – em parceria com a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) – elaborou um dispositivo e um método para armazenamento, geração e reprodução desses sinais vibratórios.

    Esse é um dos primeiros estudos no mundo visando a aplicação dos conhecimentos de comunicação vibracional para o controle de percevejos na agricultura. A patente da tecnologia foi depositada em dezembro, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

    Foto Tiago Maboni Derlan Divulgacao Embrapa
    O equipamento e o método para armazenamento, geração e reprodução dos sinais vibratórios emitidos pelos insetos podem ser importantes aliados no controle de pragas nas áreas de produção. Na foto, protótipo do reprodutor de sinais vibratórios conectado à uma planta de soja. (Foto: Tiago Maboni Derlan)

    Qual é o funcionamento?

    “O método consiste em digitalizar os sinais vibracionais emitidos pelos insetos e reproduzi-los, de maneira contínua e repetida, para interferir no comportamento deles, com o propósito de, por exemplo, atraí-los ou afastá-los”, detalha o estudioso Raúl Alberto Laumann, integrante da equipe do Laboratório de Semioquímicos.

    Dessa forma, é possível manipular o comportamento e controlar os insetos-praga em áreas de plantio pela redução da quantidade populacional.

    Além disso, a tecnologia possibilita que os sinais sejam reproduzidos em diferentes superfícies, como o caule e as folhas das plantas, ou outros substratos sólidos, o que permite sua aplicação em condições diversas, atendendo a várias particularidades de controle.

    “Apesar de a invenção do dispositivo e do método ter sido motivada pela necessidade de controle de percevejos, a tecnologia pode ser aplicada a uma ampla variedade de insetos”, ressalta o estudioso.

    Comunicação entre percevejos

    Nos percevejos, os sinais vibratórios atuam na troca de informação entre os indivíduos quando eles se encontram a distâncias moderadas (1 a 2 metros) ou curtas (poucos centímetros ou contatos físicos).

    “Através desses sinais vibratórios, eles recebem e enviam informação a respeito do sexo do inseto que está ‘cantando’, receptividade para a cópula e distribuição espacial”, conta o cientista.

    Estudos do processo de comunicação dos percevejos indicam que a comunicação entre eles se dá através de vibrações entre 60 e 130 hertz (Hz), produzidas pelo abdômen do inseto, as quais são transferidas para os tecidos da planta por suas patas, nas quais também se encontram os receptores sensoriais dos sinais vibratórios.

    Dessa maneira, a utilização dessas vibrações pode ser uma opção ou complementoao empregar feromônios para serem inseridos em armadilhas de monitoramento. Os feromônios são substâncias químicas que também integram o sistema de comunicação dos insetos.

    “Além disso, sinais vibratórios com efeito repelente ou que interferem na comunicação têm potencial para o manejo dessas pragas agrícolas, em um sistema similar ao da confusão sexual com interrupção do acasalamento, sem a utilização de substâncias químicas”, completa.

    Substituição ao uso de produtos químicos

    Atualmente, os percevejos são pragas primárias das principais culturas de grãos no Brasil, e nos últimos anos sua incidência tem se expandido para outras culturas, com relatos de ataques severos em algodão, hortaliças e mamona, entre outras.

    Os métodos de controle mais comuns baseiam-se na utilização de inseticidas sintéticos, que estão associados a riscos e efeitos adversos ao meio ambiente e à saúde humana.

    “Entretanto, o uso excessivo de agrotóxicos torna os sistemas agrícolas instáveis devido à eliminação conjunta de inimigos naturais e ao aumento de resistência dos insetos-praga. Isso cria condições que favorecem a ação dos insetos herbívoros e, consequentemente, a ocorrência de ataques mais severos e com dano de maior intensidade às culturas”, alerta Laumann.

    Dessa forma, a possibilidade de interferir na comunicação e no comportamento sexual dos insetos e, consequentemente, no seu sucesso reprodutivo, é uma das estratégias com grande potencial para o manejo eficiente de suas populações, sem a utilização de agrotóxicos.

    “Diversas etapas do comportamento reprodutivo de percevejos envolvem trocas de informações. Os tipos de sinais mais conhecidos e estudados nesse grupo de insetos são os feromônios, mas os percevejos também trocam informações usando os sinais vibratórios”, destaca Laumann.

    Para o pesquisador, já se observa uma crescente demanda por soluções que produzam, nas próximas décadas, alimentos, fibras e outros materiais derivados da agricultura com baixos níveis de impacto ao meio ambiente, principalmente em áreas de preservação e mananciais.

    A aplicação de práticas sustentáveis na agricultura mostra-se como prioridade para atingir essa meta. É nesse contexto que o controle biológico e a manipulação comportamental de insetos se apresentam com grande potencial para uso no manejo de pragas, pois permitem minimizar a utilização de agrotóxicos.

    “Apesar de já existirem práticas de controle biológico, ainda não há tecnologia de manipulação comportamental de insetos direcionada às principais pragas agrícolas que mantenha os índices de qualidade de vida e preservação ambiental, bem como os principais grãos livres de resíduos químicos”, afirma Laumann.

    Pode ser combinada a feromônios

    “Um dos objetivos iniciais do desenvolvimento desse sistema foi a possibilidade de usá-lo para reproduzir sinais vibratórios de percevejos nas armadilhas de monitoramento populacional contendo o feromônio sexual, visando incrementar a eficiência de captura e a precisão das estimativas de densidade populacional. Assim, a ferramenta se tornaria mais precisa e útil para os produtores”, assinala Laumann.

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