Todos identificam a ilustração presente neste texto: uma sequência de primatas se metamorfoseando até atingir o Homo Sapiens. Em algumas representações mais atuais, acrescentou-se à direita um indivíduo no computador ou celular, por exemplo.
Apesar de existirem diversas ilustrações da “Marcha do Progresso”, essa progressão linear assegurou seu espaço em nossas mentes como símbolo da evolução humana. Não por acaso, foi incorporada em inúmeros livros didáticos, artigos de ciência, desenhos animados e memes. Contudo, apesar de sua popularidade, ela está totalmente equivocada.
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Qual é a origem da Marcha do Progresso?
A origem desse retrato remonta a um desenho no livro de Thomas Henry Huxley de 1863, “Evidências quanto ao lugar do homem na natureza”, de acordo com IFLScience.
Este foi um dos primeiros esforços para debater a evolução humana, sugerindo uma conexão evolutiva entre humanos e outros primatas – o que chocou a sociedade da época. Benjamin Waterhouse Hawkins, o artista que desenhou esses esqueletos para o livro de Huxley, também não era admirador das implicações do desenho.
Evolução humana: por que imagem está incorreta?
Ao longo dos anos, o retrato ganhou nova vida e popularidade, especialmente após figurar no volume “Early Man”, da coleção de livros Life Nature Library, publicada pela Time Life. Nesse momento, o retrato foi adaptado para exibir antepassados humanos de forma artística ao invés de esqueletos.
Ainda assim, as adaptações seguiram a mesma ideia: do antecessor menor ou maior, sugerindo um progresso claro da “besta” ao “sapiens”.
“Atualmente, os cientistas repudiam essa imagem porque acreditam que ela distorce o tipo de evolução e sua visão moderna sobre a evolução. Contudo, na verdade foram os cientistas da época que solicitaram que fosse desenhado dessa maneira, e não os artistas”, esclareceu Gowan Dawson, professor de Literatura Vitoriana e Cultura na Universidade de Leicester, na Inglaterra, e autor do livro “De Macaco a Homem: A Evolução da Imagem da Marcha do Progresso” ao IFLScience.
Hoje, muitos cientistas rejeitam a representação visual porque ela transmite uma visão equivocada da evolução, sugerindo um fim específico e um avanço inelutável, o que é um equívoco fundamental sobre o funcionamento real da evolução natural. A evolução é um processo de adaptação constante sem um “ponto final” predeterminado, frequentemente complexo e não linear.
Apesar das críticas e das incongruências científicas, a “Marcha do Progresso” persiste na cultura popular devido ao seu impacto visual e capacidade de transmitir uma narrativa simples sobre a evolução humana. É essa simplicidade e atratividade estética que mantêm a imagem viva, mesmo diante das objeções de quem compreende profundamente o assunto.a progressão.
