As quotas da Petrobras amanheceram em baixa nesta sexta-feira, 8. A redução foi de 11% na Bolsa de Valores de São Paulo, após a empresa divulgar uma diminuição de 33,8% no seu lucro em 2023.
Além disso, a petrolífera comunicou o pagamento de dividendos — parte do lucro da empresa distribuída aos seus acionistas — inferior ao esperado.
Por volta das 10h30, os papéis da estatal registravam queda de 13% no Brasil e no exterior. Se confirmado no fechamento, estes serão os piores desempenhos percentuais da petrolífera desde fevereiro de 2021.
No momento mais crítico desta manhã, os ativos da empresa apresentaram recuo de 14%. Essa queda representa perda de R$ 72,7 bilhões em valor de mercado.
Petrobras registra redução de 33% no lucro no primeiro ano de governo Lula
A extração de óleo no Brasil é realizada em 10 Estados, sendo os principais o Rio de Janeiro e São Paulo. | Foto: Divulgação/Petrobrás
A companhia anunciou, na noite da quinta-feira 7, que encerrou 2023 com lucro líquido de R$ 124,6 bilhões. Essa primeira marca da gestão Luiz Inácio Lula da Silva representa uma queda de 33,8% em relação aos R$ 188,3 bilhões de 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro (PL).
Nesse ano, o lucro da estatal foi o maior já registrado por uma empresa brasileira. Em 2021, o lucro já havia sido o maior da história da petroleira.
Petrobras reduz distribuição de lucros e preocupa acionistas
O conselho de administração da estatal recomendou a distribuição de dividendos de R$ 14,2 bilhões, referente ao quarto trimestre de 2023, sem valores extraordinários. O pagamento será avaliado na Assembleia-Geral Ordinária (AGO), marcada para 25 de abril deste ano.
Se o conselho aprovar o valor do pagamento, o total de dividendos referentes ao ano passado chegará a R$ 72,4 bilhões. Esse montante representa menos de um terço dos R$ 222,6 bilhões distribuídos aos acionistas em 2023.
O anúncio ocorreu após declarações recentes do presidente da petrolífera, Jean Paul Prates, sobre planos de maior cautela da Petrobras na distribuição de remuneração aos acionistas. Conforme o executivo, a política de distribuição de lucros foi “otimizada” para considerar novos investimentos, como os planos de transição energética.
Embora alguns analistas de instituições financeiras já esperassem a redução do pagamento da empresa, a estimativa era de que a Petrobras pagasse aproximadamente R$ 22 bilhões em dividendos extraordinários.
Após o novo anúncio, o Santander rebaixou sua recomendação sobre a petrolífera para “neutra”. Para o banco, o retorno de dividendos da Petrobras deixou de ser atrativo em relação aos seus concorrentes globais.
A instituição financeira afirmou que o anúncio traz incertezas sobre a política de dividendos da empresa. Na visão dos analistas, essa regra costumava ser bastante clara.
O Santander mantém, no entanto, a recomendação de compra para as quotas da empresa. O banco destaca o potencial de geração de caixa e os preços do petróleo, que estão em alta no mercado internacional.
Em contrapartida, outras petrolíferas ampliam dividendos
Enquanto a estatal brasileira reduz a distribuição de lucros aos seus acionistas, outras petrolíferas fazem o oposto. A norte-americana Exxon pagou o quarto maior percentual de dividendos entre as 500 maiores empresas listadas na Bolsa de Valores dos Estados Unidos, enquanto a Chevron aumentou esse pagamento em 8%. Outras, como Shell e Total, proporcionaram ganhos aos seus acionistas por meio de programas de recompras de ações.
