Remédio usual para prevenção da migrânea combate sintomas e uso excessivo de remédio, revela pesquisa | estudo migrânea | remédio migrânea | prevenção migrânea

Artigo traduzido e adaptado do inglês, publicado pela sede americana do Epoch Times.

Atogepant diminui a quantidade de dias com migrânea e o uso exagerado de analgésicos em pacientes com migrânea crônica, de acordo com um novo estudo.

Uma nova pesquisa mostra que um medicamento usado para prevenir migrâneas também pode ser efetivo na diminuição de recorrências nas dores de cabeça causadas pelo uso excessivo de analgésicos em indivíduos com migrânea crônica.

Redução relevante do uso de remédios

O estudo, publicado na quarta-feira na revista Neurology, envolveu 755 participantes com migrânea crônica. Atogepant (Qulipta), um antagonista do receptor do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), opera bloqueando uma proteína crucial no início do processo da migrânea. Ele obteve aprovação nos EUA em 2021.

Os participantes que ingeriram atogepant duas vezes ao dia durante 12 semanas relataram uma média de três dias a menos com migrânea e dor de cabeça por mês em relação ao grupo placebo. Já os que tomaram uma vez ao dia apresentaram dois dias a menos com migrânea e dor de cabeça por mês.

O estudo, patrocinado pela AbbVie, fabricante do remédio, também constatou uma redução relevante no uso exagerado de medicamentos. Entre os participantes que utilizaram atogepant duas vezes ao dia, o uso abusivo de remédios para dor aguda diminuiu em 62%, enquanto os que ingeriram uma vez ao dia tiveram uma redução de 52%.

Esses resultados indicam que o atogepant pode auxiliar na redução do risco de dores de cabeça de rebote ao reduzir o uso de medicamentos para dor aguda, possivelmente melhorando a qualidade de vida dos pacientes com migrânea.

“Existe uma alta prevalência de uso excessivo de medicamentos para dor entre pessoas com migrânea, enquanto tentam lidar com sintomas frequentemente debilitantes,” afirmou o autor do estudo, Dr. Peter J. Goadsby, do King’s College London, membro da Academia Americana de Neurologia, em comunicado à imprensa. Ele considerou os resultados como “encorajadores”, indicando que o atogepant pode colaborar na redução da dependência de medicamentos para dor em pacientes com migrânea crônica.

No entanto, o Dr. Goadsby, que recebeu honorários pessoais da AbbVie durante o estudo, observou que mais pesquisas são essenciais para avaliar a segurança a longo prazo do atogepant, sua eficácia e o potencial risco de recaída no uso excessivo de medicamentos.

Os efeitos colaterais comuns do atogepant incluem náusea, fadiga, constipação, perda de apetite, redução de peso e tontura.

Remédios para migrânea são uma faca de dois gumes

Transtornos de dor de cabeça, incluindo migrâneas, cefaleias tensionais e cefaleias em salvas (dor intensa de um lado da cabeça, situada na têmpora ou ao redor do olho, de curta duração), estão entre as condições do sistema nervoso mais frequentes. Tratar crises de migrânea o mais cedo possível é crucial, pois os sintomas se agravam com o tempo, afirmou a Dra. Cynthia E. Armand, neurologista e diretora clínica do Montefiore Headache Center em Nova York, ao Epoch Times.

“Temos ciência que os embates de enxaqueca são uma sequência de comunicação neural que se acentua à medida que o tempo avança,” disse ela. “Quanto mais demoramos para tratar,mais tempo os indícios têm para evoluir e tornar-se mais intensos e potencialmente mais complicados de tratar.”

O uso excessivo de remédios para alívio da dor é especialmente comum em distúrbios de cefaleia crônica devido à demanda frequente de alívio da dor,“dada a necessidade de tratar dores de cabeça severas e incapacitantes e os indícios associados assim que ocorrem,” acrescentou a Dra. Armand.

O uso abusivo de fármacos para alívio da dor é uma das principais origens de recorrências nas cefaleias. O uso exagerado de remédiosé definido como ingerir analgésicos simples por 15 dias ou mais,ou medicamentos como triptanos,ergots,opioides ou combinações por 10 dias ou mais por mês.

Cerca de 1% a 2% da população vivencia cefaleias associadas ao uso exagerado de medicamentos anualmente,com uma prevalência maior entre mulherese indivíduos com dor crônica,depressão ou ansiedade.

As cefaleias recorrentes seguem um padrão:

1. Ocorrem ao despertar ou logo depois.
2. A dor alivia com medicamento,porém retorna quando o efeito cessa.
3. As cefaleias se intensificam à medida que o medicamento perde efeito.
4. Os analgésicos se tornam menos efetivos.

A Dra. Armand aconselha manter a medicação prontamente disponível e propõe técnicas de mindfulness e meditação como métodos alternativos de alívio da dor.

Preocupações cardiovasculares com inibidores de CGRP

Como a maioria dos fármacos,os inibidores de CGRP (nova classe de medicamentos no tratamento preventivo da enxaqueca),acarretam riscos,incluindo potenciais ocorrências cardiovasculares graves.

Investigações recentes publicadas na revista Frontiers in Neurologysugeriram que mais de 3% dos quase 200 participantes que ingeriram erenumabe (Aimovig) ou fremanezumabe (Ajovy),ambos tratamentos preventivos para enxaqueca,desenvolveram leituras anormais de eletrocardiograma ou ocorrências cardiovasculares adversas. Mais de 1,5% desses casos foram moderados a graves,levando à interrupção do tratamento. As ocorrências relatadas incluíram ataque vascular cerebral cerebeloso,dissecção espontânea da artéria coronária (SCAD) e pericardite (inflamação dos tecidos ao redor do coração).

Embora não tenham sido relatadas tais observações para o inibidor de CGRP atogepant,a fabricante AbbVie aconselha prudência ao prescrever para pacientes mais velhos. A companhia sugerecomeçar com a menor dose eficaz,considerando a maior probabilidade de redução da função hepática,renal ou cardíaca e possíveis interações medicamentosas nesse grupo etário.

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