A cifose é uma condição rotineira que apresenta diversos perigos à saúde, incluíndo maior probabilidade de dor nas costas, dor crônica e redução da função cardiorrespiratória. Não impacta apenas a qualidade de vida física, mas também pode levar a problemas emocionais, como baixa autoestima e autoconfiança.
Corrigir a cifose pode ser um desafio. Nesta primeira parte de uma série de duas partes, exploramos as origens, tratamento e prevenção da cifose.
Medicamente, a cifose é diagnosticada quando a coluna se curva para fora em mais de 10 graus. Embora possa afetar indivíduos de qualquer idade, geralmente começa entre os 10 e os 15 anos. A frequência da cifose é considerável. À medida que as pessoas envelhecem, a probabilidade de desenvolver cifose aumenta devido ao surgimento de diversas doenças degenerativas da coluna vertebral.
Classificação e razões da cifose
A cifose pode ser classificada em dois tipos primários: cifose estrutural e não estrutural (funcional). A principal diferença entre esses tipos é que a cifose estrutural é acompanhada de rotação espinhal, enquanto a cifose não estrutural (funcional) normalmente não envolve rotação vertebral. A maior parte dos casos de cifose que afeta a saúde são estruturais e quanto maior o ângulo de curvatura, maior o impacto.
Cifose Não Estrutural
A cifose não estrutural, também conhecida como cifose funcional, ocorre principalmente devido ao desequilíbrio postural causado por diversos fatores. Esse tipo de curvatura normalmente não envolve rotação vertebral e desaparece quando o corpo se inclina para frente ou fica plano, tornando-o temporário. O endireitamento da coluna é possível abordando as razões subjacentes do desequilíbrio corporal. Essas curvaturas temporárias geralmente ocorrem quando o corpo se inclina para um lado para evitar a dor, como em casos de hérnia de disco aguda que causa dor intensa, outros problemas inflamatórios ou discrepâncias no comprimento das pernas.
Cifose Estrutural
A cifose estrutural não envolve apenas a curvatura da coluna vertebral, mas também a rotação vertebral. Esta deformidade vertebral tridimensional é permanente – mesmo com tratamento adequado, a curvatura não se endireitará completamente. Além disso, uma vez que o grau de curvatura atinge um certo ponto, a cifose continuará a piorar com o tempo.
A cifose estrutural pode ser classificada em cinco tipos com base na razão da formação da curvatura:
1. Cifose Congênita
A frequência de ocorrência de cifose congênita é de aproximadamente um em dez mil e ocorre durante o desenvolvimento embrionário. Devido ao desenvolvimento incompleto da coluna vertebral no útero, algumas vértebras não se formam completamente durante o processo de crescimento.
2. CifoseNeuromotora
A escoliose neuromotora deriva principalmente de modificações patológicas no cérebro, na medula espinhal e nos músculos, resultando na incapacidade de manter o equilíbrio e a postura. Quadros graves podem culminar na impossibilidade de realizar atividades cotidianas de maneira autônoma. Esse tipo de escoliose tende a ser mais severo e progressivo, apresentando maiores riscos à saúde e índices de mortalidade mais elevados.
As circunstâncias que podem desencadear a escoliose neuromotora englobam paralisia cerebral, poliomielite, paralisia decorrente de lesões na medula espinhal, atrofia muscular espinhal e distrofia muscular de Duchenne.
3. Escoliose Degenerativa
O estudo direcionado a idosos com idade média de 70,5 anos constatou que 68% tinha escoliose, evidenciando uma alta incidência de escoliose entre idosos saudáveis.
A escoliose degenerativa é segmentada em duas categorias: uma que ocorre em indivíduos que já apresentavam escoliose antes do término do desenvolvimento ósseo e, conforme envelhecem, a coluna passa por degeneração devido ao estresse assimétrico prolongado. A outra surge após a conclusão do desenvolvimento ósseo, sobretudo em idosos, como resultado do desgaste e degeneração dos discos intervertebrais e das articulações da coluna vertebral.
4. Escoliose Sindrômica
A escoliose sindrômica está associada sobretudo a enfermidades sistêmicas, que podem ser genéticas ou não genéticas. As condições que podem ocasionar escoliose envolvem síndrome de Marfan, síndrome de Ehlers-Danlos, síndrome de Beale, síndrome de Down, síndrome de Prada-Willi, síndrome de Retts e neurofibromatose.
5. Escoliose Idiopática
A escoliose idiopática é marcada pela curvatura da coluna vertebral sem anomalias na estrutura óssea e sem modificações patológicas evidentes nos nervos ou músculos. Este tipo de escoliose geralmente não causa dor. Entretanto, o grau de curvatura tende a agravar rapidamente durante o crescimento na adolescência e é o tipo mais comum de escoliose, sendo responsável por cerca de 80% dos casos de escoliose.
3. Principais tipos de curvatura de escoliose
A escoliose pode ser categorizada com base na configuração da curvatura: em formato de C e em formato de S. Quando observada na direção da curva, uma curvatura que se projeta para a direita é denominada dextroescoliose, e uma curvatura que se projeta para a esquerda é denominada levoscoliose.
Além disso, a escoliose pode ser classificada em três tipos com base na localização da curvatura:
1. Escoliose Torácica
- Escoliose torácica média
Essa é a área mais comum da escoliose, com a coluna torácica curvando-se para a direita na maioria dos casos. Quando a coluna torácica média se curva, é comum haver uma rotação das costelas, o que resulta em deformidades no tórax tanto na parte anterior quanto posterior. Assim, além do surgimento de uma protrusão nas costas, também pode ocorrer assimetria no tamanho do peito.
A escoliose dorsal superior ou cervicodorsal é frequentemente acompanhada por escoliose dorsal média a inferior ou toracolombar. Como a curva da coluna dorsal média para inferior geralmente ocorre no lado direito, a escoliose dorsal superior ou cervicodorsal tende a se desenvolver no lado esquerdo. Este tipo de desvio é caracterizado por ombro esquerdo mais elevado e inclinação perceptível da cabeça e pescoço para a direita.
2. Desvio lombar
A maioria dos casos de desvio lombar tende a curvar-se para a esquerda e é frequentemente acompanhada de escoliose dorsal. O ápice da curvatura normalmente ocorre entre a primeira e a terceira vértebras lombares. Este tipo de deformidade geralmente resulta em inclinação e deslocamento pélvico, levando a possíveis discrepâncias no comprimento das pernas.
3. Curvatura toracolombar
Neste tipo de curvatura, o ápice da curvatura é normalmente encontrado entre as vértebras torácicas inferiores e as vértebras lombares superiores, e pode ocorrer no lado esquerdo ou direito. A pelve inclina-se visivelmente em direção ao lado côncavo da curva, resultando em uma diferença significativa de altura entre os dois lados da pelve. Em termos de postura, isso leva a uma cintura visivelmente recuada de um lado e a um maior desvio lateral entre o corpo e a pelvis.
No próximo artigo apresentaremos maneiras de tratar e prevenir o desvio da coluna. Fique atento.
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