Qualquer agremiação ficaria aturdida com o que sucedeu com o São Paulo.
Após retirar a equipe de uma longa espera por títulos relevantes, Dorival Jr. aceitou proposta para ser técnico da seleção e deixou o clube do Morumbi sem comando no início de uma temporada em que retorna à Libertadores.
Na maioria dos casos, qualquer agremiação buscaria um técnico renomado para o cargo, e frequentemente no Brasil eles são onerosos e obsoletos.
O São Paulo optou então por selecionar seu novo treinador em um processo de entrevistas, uma espécie de competição de conhecimentos que exige paciência.
Concordo que é uma grande audácia de um clube que parecia estagnado no tempo.
A diretoria tricolor percebeu, após a recusa de Juan Pablo Vojvoda, que não havia no mercado um técnico renomado que valesse a pena pagar um salário de técnico de alto escalão, acima do R$ 1 milhão mensal.
Com absoluta certeza, o novo treinador do São Paulo será econômico para os padrões de time grande.
E os nomes que participam da rodada da entrevistas são promissores. Não é garantido que sejam bons mesmo para o São Paulo, mas a chance é razoável.
Vale lembrar aqui a trajetória de Eric Spoelstra, o treinador do Miami Heat, na NBA, que nesta semana recebeu o maior contrato da história da liga para um treinador: US$ 120 milhões por 8 anos.
Em 1995, ele foi contratado após uma entrevista para ser um dos assistentes da equipe.
Em 2008, mesmo sem nunca ter dirigido uma equipe profissional, tornou-se o treinador principal, com apenas 37 anos de idade.
Veja o que disse Pat Riley, uma lenda da NBA que dirigia e dirige até hoje a administração do Heat, quando contratou Spoelstra há 15 anos.
“Este jogo agora é sobre treinadores mais jovens que são tecnologicamente qualificados, inovadores e que trazem novas ideias. É o que sentimos que estamos conseguindo com Erik Spoelstra. Ele é um homem que nasceu para treinar.”
Acertou em cheio (Spoelstra é hoje o melhor treinador da NBA). Quem sabe o São Paulo faz o mesmo contratando um treinador novato por entrevista.