Segundo um levantamento realizado pela Economatica, companhia de dados financeiros, a conta de poupança voltou a ser superada pela inflação. A lucratividade teve um valor negativo de 0,29%, interrompendo a sequência de ganhos efetivos desde fevereiro do ano passado.
A queda vem após o lucro ter ficado acima da inflação em 3,43% no ano de 2023. Informações vindas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referentes a fevereiro, divulgadas nesta terça-feira, 12, mostram que a inflação do país aumentou novamente e fechou o mês com um aumento de 0,83%.
O lucro nominal da conta de poupança foi de 0,54%. Por isso, quem investiu nesse tipo de aplicação teve uma lucratividade menor ao longo de um período de 11 meses.
Em uma entrevista ao portal R7, o economista Matheus Spina, da Economatica, analisou os fatores que contribuíram para essa perda de lucratividade.
“Desde fevereiro de 2023, tivemos um ganho real que foi interrompido agora”, afirmou o economista. “Em janeiro, a poupança teve um ganho acima da inflação de 0,18%, mas somando os dois meses, no primeiro bimestre houve uma perda real de -0,10%, já que o lucro nominal foi de 1,15% e a inflação do período, de 1,25%.”
A poupança é a aplicação mais popular do Brasil e retornou a ter resultados positivos em 2022, depois de perdas de 6,43% em 2021. Naquela época, a mudança ocorreu devido à diminuição dos índices de inflação e da taxa básica de juros, a Selic. A taxa de juros atual — de 11,25% — também influencia nos resultados do investimento.
Poupança registrou máximo de retiradas
Nos últimos meses, a conta de poupança tem mostrado um volume recorde de retiradas. O movimento acontece em meio aos juros elevados, que diminuem a competitividade da poupança em relação a outros investimentos. As retiradas também revelam o grau de endividamento da população.
Em 2022, a conta de poupança encerrou o ano com mais retiradas do que depósitos, resultando em um saldo negativo de R$ 103,23 bilhões, marcando o pior desempenho negativo da série histórica. Anteriormente, a maior perda anual da poupança foi de R$ 53,6 bilhões em 2015. Em 2023, o saldo negativo foi de R$ 87,8 bilhões.
Já em fevereiro deste ano, as retiradas na conta de poupança totalizaram R$ 3,82 bilhões. Comparado ao mesmo mês do ano anterior, houve uma redução no saldo negativo, que foi de R$ 11,51 bilhões. Em janeiro, as retiradas superaram os depósitos em R$ 20,15 bilhões.