Uma das prioridades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é reinstaurar a Petrobras no ramo de adubos. O primeiro plano apresentado pela administração petista, entretanto, suscitou incertezas no conselho e na diretoria da estatal.
O objetivo é reabrir a empresa Araucária Nitrogenados SA (Ansa), após quatro anos fechada. A Ansa registra um prejuízo de R$ 3,5 bilhões desde a aquisição pela petrolífera, em 2013.
A empresa obteve lucro em apenas três dos últimos 11 anos. Em 2015, quando estava sob gestão da estatal, e em 2021 e 2022, quando já havia suspendido as atividades.
O então presidente da Petrobras em 2020, Roberto Castello Branco, tentou vender a Ansa para a empresa russa Acron. A negociação não obteve sucesso. “Todo ano gerava prejuízo”, afirmou Branco.
A diretoria da Petrobras aprovou a reabertura há duas semanas. Não foram divulgadas informações sobre a viabilidade financeira do acordo.
A proposta de reativação das atividades da Ansa já estava em andamento sob a liderança do ex-presidente da estatal Jean Paul Prates. O executivo foi dispensado por Lula em 14 de maio de 2024 por “demorar na entrega das promessas para o Brasil”.
A decisão foi tomada como primeiro ato da sucessora de Prates, Magda Chambriard. A ação foi criticada por três diretores e acionistas minoritários.
Petrobras se pronuncia
O periódico Folha de S.Paulo entrou em contato com a Petrobras para compreender o motivo da retomada das atividades da empresa, paralisadas há quatro anos.
A estatal argumentou que a decisão foi embasada em estudos de viabilidade econômica e que a reativação é lucrativa para a empresa. Segundo a estatal, o setor de adubos possui grande demanda no país e é estrategicamente importante para a Petrobras. O investimento possibilitaria a diversificação dos negócios e a integração da cadeia do gás natural.
Fontes da empresa afirmam que a Ansa utiliza um resíduo da Refinaria Presidente Getúlio Vargas como matéria-prima. O material não teria valor no mercado, informaram. A comercialização estaria contribuindo para melhorar o lucro da refinaria.