sexta-feira, 5 julho, 2024
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    a recente aposta da agropecuária familiar em Minas Gerais

    A agropecuária familiar em Minas Gerais desempenha um papel crucial para o desenvolvimento socioeconômico do estado.

    São mais de 440 mil propriedades de agropecuária familiar responsáveis por cerca de 70% da base alimentar dos mineiros.

    O setor ainda trabalha na variedade das espécies cultivadas no estado, apoiadas por estudos de campo que acrescentam valor social e nutricional aos produtos.

    Esse é o caso das frutas temperadas ou frutas vermelhas, objeto de pesquisa de Emerson Gonçalves, estudioso da Empresa de Investigação Agropecuária de Minas Gerais (Epamig Sul), que conduz trabalhos financiados pela Fundação de Amparo à Investigação do Estado de Minas Gerais (Fapemig) no Campo Experimental de Maria da Fé.

    Os dados expostos fazem parte de levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria de Estado de Agropecuária, Pecuária e Abastecimento (Seapa) que também demonstram que Minas Gerais é o estado que apresenta a maior diversidade de culturas no país. No caso das frutas temperadas, elas têm se destacado no Sul de Minas devido ao clima frio da região.

    No momento, Gonçalves está trabalhando com variedades de amora-preta, framboesa, mirtilo, fisális, pêssego e pera. Estas frutas foram importadas de outros estados e requerem temperaturas inferiores a 7ºC para produzirem frutos.

    “Dentre as frutíferas de clima temperado estudadas no Campo Experimental de Maria da Fé estão as pequenas frutas ou frutas vermelhas (amora-preta, framboesa e mirtilo). Elas são significativas por possuírem alta produtividade em áreas reduzidas e ainda por gerarem empregos para as regiões em que são cultivadas. As frutas também demandam bastante mão de obra para a colheita e para os cuidados durante o desenvolvimento das plantas”, explica o pesquisador.

    O agricultor Francisco de Assis é um dos beneficiados pelas pesquisas com as frutas temperadas. Ele relata que começou a atuar com elas em 2012 e atualmente gerencia, juntamente com dois sócios, 25 mil pés de amora e 25 mil de framboesa.

    “O mercado de frutas vermelhas é promissor, principalmente quando conseguimos exportar as frutas in natura, pois agrega um valor bastante elevado. No entanto, as frutas requerem muita dedicação, pois podem amadurecer de um dia para o outro e abrir espaço para o surgimento de insetos e pragas nas plantações”, destaca o agricultor.

    Estudos

    Os estudos com frutíferas temperadas no Campo Experimental de Maria da Fé tiveram início em meados de 2007, com a avaliação de variedades de amora-preta e mirtilo para a região.

    Isso se deve ao fato de a cidade ser o local mais gelado de Minas Gerais, o que facilitava as pesquisas. Atualmente, estão em andamento oito estudos relacionados às frutas temperadas, todos dedicados a uma análise detalhada das cultivares para verificar a adaptação às condições do clima e do solo do Sul de Minas.

    Para o futuro, o pesquisador menciona que novas seleções de mirtilo serão avaliadas para regiões de invernos amenos, ou seja, com temperaturas mais elevadas.

    “Sem esses estudos, muitas variedades de frutíferas de clima temperado não teriam sido cultivadas no Sul de Minas. Atualmente, nosso grande desafio é conseguir expandir a produção dessas frutíferas para regiões mais quentes”, destaca Gonçalves.

    Um dos projetos em andamento coordenado pelo pesquisador é a definição da temperatura base de produção da amora-preta. “Com essa definição, seremos capazes de afirmar se a amora será capaz de produzir em regiões mais quentes”. Em outros estudos, Gonçalves já obtevePerceber que variedades de framboesas e de amora-preta suportaram bem as altas temperaturas e apresentaram produção satisfatória em estufas, onde não há frio e as temperaturas podem chegar a 40ºC.

    As pesquisas também incluem o uso de fertilizantes ou técnicas de cultivo que possam promover o crescimento dessas frutas adaptadas para regiões diferentes. Atualmente, a pesquisa de frutas adaptadas do Campo Experimental de Maria da Fé concentra-se em avaliar e testar seleções e variedades de amora, framboesa e pêssego para tornar viável o cultivo de novas linhagens.

    Vantagens das frutas para os agricultores

    O Sul de Minas é conhecido pela produção de café. No entanto, a diversificação das culturas tem sido fundamental para o progresso socioeconômico e cultural da região. O agricultor Francisco de Assis relata que, além de produzir amoras e framboesas, ele também já atuou com o ecoturismo nas propriedades rurais. Esse setor agrega ainda mais valor ao produto, que hoje pode ser vendido por até R$ 200 o quilo fresco e R$ 40 o quilo congelado.

    Gonçalves destaca que as frutas adaptadas têm ganhado destaque na região. “Nós notamos que essas pesquisas têm incentivado muitos agricultores a procurarem a Epamig, pois às vezes adquirem uma área e não sabem o que plantar, e nós conseguimos oferecer essa opção a eles”, explica. O pesquisador também afirma que essas frutíferas se adaptam melhor à agricultura familiar, que hoje é responsável por cerca de 80% da produção consumida pelos habitantes de Minas Gerais, segundo dados da Seapa.

    Vale ressaltar que a condução da agricultura familiar é praticamente toda manual, sem o uso de maquinário, como indicado na cartilha “Uma nova visão da Agricultura Familiar do Estado de Minas Gerais”, elaborada em 2017 pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Portanto, as frutas adaptadas, devido à sua delicada forma de cultivo, são mais bem aproveitadas nesse tipo de plantação. Além disso, essas frutíferas podem ser processadas em diversas formas de produtos.

    Francisco de Assis, além de comercializar as amoras e framboesas frescas, também as vende congeladas e planeja ampliar a produção. “Eu e meus sócios temos a intenção de adquirir um contêiner com uma câmara fria para armazenamento e produzir geléias ou sucos engarrafados”, comenta. O agricultor também menciona que as mudas de plantas em sua propriedade foram produzidas por ele mesmo, e, assim, ele consegue auxiliar outros agricultores.

    “Eu continuo com as pesquisas dessas frutas menores, principalmente devido à agricultura familiar, uma vez que são de fácil comercialização e podem ser congeladas para uso posterior. […] São culturas muito interessantes para o produtor, visto que a demanda aqui no Estado é alta, uma vez que a maioria das frutas adaptadas, principalmente as que produzimos, são importadas de outros estados”, explica Emerson Gonçalves.

    As frutíferas adaptadas não são nativas de Minas Gerais, conforme relata o pesquisador, e a maioria foi trazida do Sul do Brasil para ser cultivada em locais com climas semelhantes. Assim, os trabalhos com as frutíferas em Maria da Fé se iniciaram, e hoje a região desenvolveu um amplo comércio. Os pesquisadores do Campo Experimental continuam buscando expandir as possibilidades de cultivo e de produtos a partir dessas frutas.

    Benefícios das frutas vermelhas para a saúde

    As frutas vermelhas também contribuem para a saúde da população. Conforme Gonçalves, essas frutas auxiliam na prevenção de enfermidades como diabetes, doenças cardiovasculares, arteriosclerose, infecções, alguns tipos de câncer e no equilíbrio hormonal, já que são ricas em vitamina C e antioxidantes. O pesquisador destaca que as frutas possuem componentes nutracêuticos, ou seja, ao consumi-las, seus nutrientes atuam diretamente em prol do organismo.

    “Por exemplo, o mirtilo tem um forte apelo nutracêutico por possuir substâncias que beneficiam diretamente os olhos. Já o fisalis é outra fruta que ajuda na redução do colesterol. Todos os alimentos de tonalidade escura apresentam um grande apelo nutracêutico, por isso são benéficos para o corpo”, explica o pesquisador.

    Alguns dos nutrientes presentes nas frutas escuras, como a antocianina, também são encontrados no vinho tinto, conforme exemplifica o pesquisador, sendo essa substância importante na proteção contra inflamações, degeneração neuronal, lesões hepáticas e colites. “Quanto mais escura a fruta, maior será o teor de antocianina, e essa substância é benéfica para diversos aspectos da saúde humana”, ressalta Gonçalves.

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