terça-feira, 2 julho, 2024
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    Alterações no currículo do Ensino Médio de São Paulo

    A partir de 2024, a carga horária em português e matemática será ampliada no Ensino Médio de São Paulo. Os itinerários formativos foram reduzidos de 12 para 3, bem como as aulas de filosofia, artes e robótica.

    Novidades incluem disciplinas de educação financeira, redação e leitura, projeto de vida e preparação para o vestibular. Algumas serão oferecidas também para estudantes dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental II. De acordo com a Secretaria da Educação de São Paulo, as mudanças no currículo visam reduzir defasagens educacionais e preparar os estudantes para o vestibular.

    “A carga horária de língua portuguesa foi aumentada em 60% (incluindo aulas de língua portuguesa, redação e leitura) e a de matemática em 70% (incluindo aulas de matemática e educação financeira)” explica a Secretaria da Educação em nota. Também foi atendida a demanda de reintroduzir as aulas de física, geografia e história no 3º ano do Ensino Médio, com duas aulas de cada matéria, de acordo com a mesma fonte.

    No novo Ensino Médio a partir do próximo ano, os estudantes poderão escolher entre três itinerários formativos: Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática, Linguagens e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. O estado também pretende eliminar as matérias optativas.

    A pasta afirma ainda que “as disciplinas de arte, filosofia, sociologia e tecnologia e robótica, que agora terão duas aulas no Ensino Médio, serão aprimoradas na matriz curricular dos itinerários formativos”. Segundo a Secretaria da Educação, o objetivo é “recuperar defasagens” oferecendo aos estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental II aulas semanais de orientação de estudos.

    As modificações atuais alteram a grade curricular em vigor desde 2021, elaborada pelo ex-governador João Doria(sem partido).

    Impacto nas aulas de matemática e português no novo Ensino Médio de São Paulo 

    Português

    No primeiro ano: seis aulas semanais, incluindo quatro específicas de língua portuguesa e duas de redação e leitura. Antes eram cinco aulas e não havia leitura e redação.
    Segundo e terceiro ano: cinco aulas semanais, sendo uma de redação, uma de leitura e três de língua portuguesa. Antes eram duas de língua portuguesa e não havia leitura e redação.

    Matemática

    No primeiro ano: cinco aulas de matemática e duas de educação financeira. Antes não havia educação financeira e tinha três aulas de matemática.
    Segundo e terceiro ano: três aulas de matemática e duas de educação financeira. Antes não havia educação financeira.

    “A proposta é de que as aulas de educação financeira sejam ministradas de forma a atrelar ensino-aprendizagem com a realidade de cada aluno, de cada comunidade escolar. Temos excelentes iniciativas de escolas que, antes mesmo de inserirmos a educação financeira, têm modificado a relação de suas comunidades com o tema”, afirma o secretário da Educação paulista, Renato Feder.

    “Estamos estabelecendo um processo que não se limite a ensinar um estudante a aplicar o seu dinheiro, mas também a não se endividar”.

    Secretário da Educação do Estado de São Paulo, Renato Federnone

    Outra mudança significativa anunciada foi o retorno de duas aulas por semana das matérias de física, geografia e história para os estudantes do último ano do Ensino Médio, em resposta à demanda de estudantes e professores da rede. Até este ano, essas matérias não estavam incluídas na grade curricular dos alunos do terceiro ano.

    Análise das mudanças no novo Ensino Médio em São Paulo

    Professores e pedagogos reconhecem que o modelo proposto para 2024 é melhor que o atual, mas ponderam que esta pode não resolver os problemas da educação pública paulista. “O que tínhamos estava péssimo eSeria necessário fazer alterações. No entanto, ainda não podemos fornecer uma oferta satisfatória. É evidente que fazer escolhas é sempre desafiador e não é capaz de agradar a todas as opiniões, levando em consideração as distintas abordagens educacionais possíveis”, opina Marili Vieira, professora de Pós-Graduação em Educação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    Em sua análise, a formação dos discentes está defasada desde o Ensino Fundamental. “Há uma demanda significativa para que as disciplinas de língua portuguesa e matemática sejam ampliadas”, declara ela.

    A docente destaca a importância do aumento das horas das aulas. “As instituições de ensino não são suficientes, as salas de aulas não são apropriadas. Nossos educadores trabalham em numerosos estabelecimentos de ensino, resultando em pouco tempo para se dedicarem aos estudos, à leitura, ao aprofundamento, de modo a tornar as aulas mais dinâmicas, com estratégias interdisciplinares. Portanto, o desenvolvimento didático-pedagógico das aulas não é adequado para garantir a aprendizagem. Simplesmente aumentar as aulas não assegurará uma formação mais qualificada dos estudantes”, ressalta.

    Marili sugere a implementação de dois tipos de formação educacional. “A escolha deveria ser entre um ensino tradicional e conceitualmente aprofundado para alunos que têm clareza de que continuarão os estudos em nível superior, ou mesmo que não, mas desejam maior aprofundamento. E deveria existir a possibilidade de realizar uma formação profissional integrada com o ensino médio, que possa proporcionar ao jovem a entrada no mercado de trabalho”, propõe.

    Priscila Tavares, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pesquisadora em educação, lembra que aumentar aulas de matemática e português é regressar a um modelo anterior. “Precisamos compreender por que estamos retornando a esse modelo, por que não conseguimos implementar o novo Ensino Médio como ele tinha sido planejado. Não houve planejamento e nem um período de adaptação para as escolas. Não temos professores com formações adequadas para atender todos esses itinerários informativos. Estava uma desordem e por isso a decisão de retornar”.

    Para ela, a decisão de retornar ao modelo antigo é admitir um fracasso. “A proporção de jovens que não estuda nem trabalha vem crescendo no Brasil e parte dessa culpa é do nosso modelo educacional”, aponta. Priscila acrescenta que gostaria de ver o novo Ensino Médio “sendo implantado de forma organizada e planejada, dando conta de uma formação básica sólida para que todos os estudantes tivessem contato com o mínimo do conteúdo necessário, como disciplinas de português e matemática, e que tivessem também vários itinerários informativos atendendo a várias necessidades”, o que, na visão dela, colocaria o estado de São Paulo próximo do que existe de mais moderno em educação no mundo.

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