terça-feira, 2 julho, 2024
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    Análise da Monarch | Uma história desanimadora sobre criaturas e homens


    Quando Monarch: Herança dos Monstros foi divulgada, a série derivada de Godzilla parecia uma excelente ideia. Explorar a narrativa do órgão internacional que frequentemente surge nos filmes pesquisando os titãs poderia conferir mais profundidade aos personagens humanos dos longas, além de apresentar os monstros gigantes na tela.

    A maior crítica de todos os filmes do Monsterverse, denominação dada à franquia de Godzilla e Kong, é que, ao invés de exibir os seres se enfrentando, concentram-se demasiadamente em personagens sem brilho. De todas as produções, Kong: A Ilha da Caveira possivelmente é a única que consegue se destacar por ter um elenco de qualidade e uma trama que se encaixa bem com eles.

    Monarch poderia solucionar isso e tornar todos os momentos nos quais o Godzilla não está combatendo alguém mais empolgantes. Infelizmente, apesar de um bom começo, a série deixa até o interesse no órgão de pesquisa em baixa.

    Várias linhas temporais

    Monarch: Herança dos Monstros tem uma trama que se desdobra em duas épocas distintas. No início, presenciamos Cate, interpretada por Anna Sawai (Shogun), uma jovem sobrevivente ao ataque de Godzilla em San Francisco, algo que é retratado no filme de 2014.

    Alguns anos mais tarde, Cate recebe a notícia do falecimento de seu pai e viaja até o Japão para resolver assuntos do homem. Concomitantemente, acompanhamos três personagens na década de 50, Lee, Keiko e Billy. Enquanto Lee é um agente do exército incumbido de proteger a dupla, que são cientistas que pesquisam os monstros e estavam no início das atividades da Monarch.

    Apesar de as duas épocas estarem interligadas, boa parte das cenas que ocorrem nos tempos atuais são monótonas e tentam responder questões que ninguém fez. Enquanto a trama do passado é muito mais instigante e apresenta elementos que tornam a narrativa envolvente, os episódios ficam alternando o espectador de um lado para o outro para tentar conciliar os dois períodos e acaba minando a força de várias cenas por isso.

    Em episódios focados nos tempos atuais, a série se estende, criando enigmas e complicando elementos na esperança de parecer mais interessante do que realmente é. Talvez esse seja o maior problema de Monarch: querer ser muito mais do que é.

    Enquanto existe um senso de aventura e descoberta na linha do tempo antiga, esta se perde por completo com os personagens no presente. Entre eles, quem se destaca é Kurt Russell (À Prova de Morte), que interpreta a versão mais velha de Lee Shaw. No passado, ele é interpretado por Wyatt Russell (Falcão e o Soldado Invernal), filho do ator, que também realiza um bom trabalho aqui.

    Uma série deslocada no tempo

    Todos os mistérios que Monarch: Herança dos Monstros tenta criar em torno das pesquisas e dos próprios titãs seriam muito válidos se a série tivesse sido lançada um pouco antes ou logo após Godzilla: Rei dos Monstros, de 2019.

    A trama da série ocorre antes desse filme, então tudo o que é mostrado nele acaba não sendo efetivo para quem já assistiu ao filme ou sua sequência, Godzilla vs Kong. Em diversos momentos, fica a impressão de “por que isso está sendo mostrado?”, já que não parece ser algo feito para funcionar dentro da série.

    Tudo ali parece tentar explicar coisas dos filmes que ninguém parece se importar em saber. Por se tratar de algo entre produções que já não são tão recentes, a série acabapecando em não trazer nada de novo sobre elas ou mesmo sobre os futuros filmes. Ela até tenta estabelecer uma conexão com Godzilla e Kong, mas parece forçada e sem rumo.

    Os monstros mais uma vez têm papéis secundários

    Apesar de a versão original de Godzilla ser uma metáfora da guerra e dos perigos da corrida armamentista, com os efeitos da bomba nuclear, os filmes americanos sempre buscaram enfatizar o confronto entre os monstros.

    Monarch mantém essa abordagem, mas por se tratar de uma produção para streaming e não um grande sucesso de bilheteria, a presença dos monstros e do próprio Godzilla é bastante limitada. Por isso, o enredo precisa depender dos personagens humanos e suas questões, algo que funciona apenas parcialmente.

    Enquanto os personagens da atualidade encaram os monstros como ameaças que podem tirar suas vidas a qualquer momento, as cenas do passado têm um tom de aventura e perigo que se destaca muito mais.

    Uma oportunidade não aproveitada

    Monarch: Legado de Monstros não é uma série mal concebida, pelo contrário. Sua cinematografia impressionante em diversos episódios transmite uma sensação de grande produção, como deveria ser.

    O elenco apresenta algumas performances marcantes, como as de Russell e Mary Yamamoto (Pachinko), mas falha ao não encontrar uma identidade clara. Enquanto poderia explorar a origem da Monarch e seu relacionamento com os titãs, a série acaba tentando preencher um espaço para preparar a audiência para algo que ela já conhece.

    Fica a impressão de que os responsáveis pela série receberam a incumbência de criar um derivado do Monsterverse, mas tiveram restrições que limitaram mudanças significativas na história. Ao mesmo tempo, precisavam manter tudo conectado aos filmes, mesmo que isso implicasse em um período sem impacto na franquia.

    Ainda não está claro se Monarch: Legado de Monstros terá uma segunda temporada. Com a estreia nos cinemas de Godzilla e Kong: O Novo Império em 2024, é possível que haja alguma ligação com personagens do filme e potencial continuação na temporada seguinte.

    Por enquanto, o que resta é a sensação de uma boa ideia desperdiçada. A primeira temporada de Monarch: Legado de Monstros está disponível na Apple TV+.

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