quarta-feira, 3 julho, 2024
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    Analista afirma que produtor de soja cometeu equívoco e preços irão piorar


    A colheita da leguminosa está ocorrendo em ritmo mais acelerado do que a média dos últimos cinco anos.

    Apesar da quebra em algumas regiões por conta do clima, principalmente em Mato Grosso e no Paraná, ainda se espera que o Brasil registre a segunda maior safra da história, atrás apenas das 154,6 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2022/23.

    Em virtude da provável redução de oferta brasileira da leguminosa, o produtor esperava que os preços futuros fossem aumentar, porém isso não está se concretizando.

    Fator Argentino

    Segundo o analista Carlos Cogo, da Cogo Assessoria em Agronegócio, parte importante do que explica esse cenário é a produção argentina, que pode alcançar 53 milhões de toneladas, ou seja, 32 milhões de toneladas a mais em comparação com a temporada passada.

    “O Brasil não está perdendo 32 milhões de toneladas. Mesmo que a safra brasileira seja de 140 milhões de toneladas, o impacto disso no mercado, neste cenário, seria extremamente limitado. É aquela ideia de olhar para o umbigo e achar que só tem soja brasileira”.

    Cogo enfatiza que o Brasil é de fato o principal protagonista do mundo, com 38% da produção mundial de soja.

    “No entanto, a Argentina corresponde a 13% da produção e isso pode ocasionar um reequilíbrio na oferta. Os estoques globais estão no nível mais alto da história, a relação entre estoque e consumo, uma variável amplamente utilizada pelos traders para medir o potencial de preço futuro e se está equilibrado, é extremamente confortável. Há soja armazenada no mundo para quatro meses de consumo, ou seja, trata-se de um estoque muito confortável em termos de grãos”.

    Estratégias equivocadas

    cotação preço soja queda Chicago
    Foto: Reprodução

    O analista ressalta, ainda, que os prêmios dos portos brasileiros estão em níveis muito baixos devido à oferta de safra antecipada. “Com o produtor não possuindo armazém, está direcionando tudo para o porto, é uma conjuntura desfavorável, infelizmente”.

    De acordo com Cogo, o produtor está enfrentando dificuldades neste momento porque adotou estratégias equivocadas, uma vez que não comercializou a soja antecipadamente quando os valores externos estavam em patamares elevados, de 13 a 14 dólares por bushel.

    “Os produtores apostaram em uma alta da soja quando não havia evidências para isso, pois era sabido que a média [de produção] do Sul teria uma grande chance de bater um recorde, mesmo com os atuais contratempos no Brasil”.

    Agravamento nos preços da soja

    O prognóstico de Cogo é que o preço futuro da soja seguirá em direção a 11 dólares por bushel.

    “A região Sul do Brasil está colhendo uma safra recorde e, mais adiante, todos os indicativos apontam para um aumento de 4% a 5% na área plantada nos Estados Unidos. Dessa forma, teremos uma safra norte-americana recorde. Consequentemente, os estoques serão reforçados e a soja irá retornar aos números médios dos últimos dez anos, de 11 dólares e 26 cents por bushel”, relata.

    O analista ressalta que, a favorável notícia, é que a demanda global por soja não deverá diminuir. “Há muita conversa sobre a Chinaestaria iniciando um período de recuo, em um ritmo mais lento, que a economia estaria em uma situação mais delicada. Contudo, se observarmos as quantidades que eles vêm importando, isso [diminuição nas compras] não está ocorrendo. Não está havendo uma diminuição da demanda. Inclusive a previsão de demanda para 2024 é maior do que a do ano passado. Em nível global a demanda de soja deve expandir este ano 5,4%, ao passo que expandiu 0% no ano passado”.

    Rentabilidade da colheita

    cotação sojacotação soja

    Já em relação à rentabilidade da safra 2023/24, que está sendo colhida, Cogo traz um cenário de margens apertadas ou já negativas.

    “O ponto de equilíbrio, ou seja, aquele ponto onde a receita da soja iguala-se com o custo está muito alto, está na casa das 56 sacas, por exemplo, no Cerrado para pagar o custo operacional, tudo aquilo que é desembolsado pelo produtor para pagar fertilizantes, sementes, insumos, mão de obra, despesas da lavoura. Se alguém, por acaso, estiver colhendo 53, 54 sacas por hectare já não consegue nem pagar as despesas da colheita”.

    Melhoria das cotações da soja

    Segundo o analista, a chegada do La Niña pode melhorar as cotações da soja em Chicago. “Estamos com 60%, 65% de chances de um La Niña começando entre junho e setembro [deste ano]. O fenômeno atingiria o meio da colheita norte-americana e começaria já a fazer uma precificação de risco para a próxima colheita sul-americana”.

    Cogo lembra que o mercado futuro não precifica a diminuição da colheita, mas sim o risco de diminuição. “Se essa diminuição começar a ser prenunciada de alguma forma, ora colocando em risco as lavouras dos Estados Unidos com períodos de seca e depois complicando o Sul do Brasil novamente, vai ser precificada e pode elevar a soja desse viés de 11 dólares por bushel e retomar os 12 dólares, ou talvez até mais”.

    Custos para o próximo plantio

    O custo de produção não deve subir na próxima temporada, conforme o analista da Cogo Assessoria em Agronegócio.

    “O custo pode ficar até 1% a 2 % abaixo do que foi em 23/24, mas o ponto de equilíbrio desse negócio de soja para 24/25 para as regiões Sul e Sudeste está tranquilo. É um ponto de equilíbrio de 51 sacas, sendo que se consegue colher uma média de 60 a 65 sacas nessas regiões. Contudo, para o Cerrado, se mantém o ponto de equilíbrio em Mato Grosso de 56 sacas. Então, é preciso se produzir muito bem, mas se tiver um arrendamento na equação, a conta já não fecha”.

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