Na última semana, a Petrobras comunicou que irá ampliar a importação de gás natural proveniente da Bolívia, ajustando o limite atual de 20 milhões de metros cúbicos por dia conforme a sazonalidade e disponibilidade do combustível.
Essa decisão foi divulgada através de um comunicado que menciona a conclusão dos procedimentos internos de governança para um “novo acréscimo ao contrato de aquisição de gás natural com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB)”, a empresa estatal boliviana similar à Petrobras.
No comunicado, a Petrobras afirma: “Isso garantirá o fornecimento em equilíbrio contratual para as empresas e a possibilidade de venda adicional de gás pela YPFB para outros importadores brasileiros”.
O aumento da importação ocorre após uma visita do ministro de Hidrocarbonetos boliviano a Brasília, Franklin Molina Ortiz, com o intuito de solicitar mais investimentos por parte da Petrobras no país para ampliar a exploração de gás natural. O Brasil é significativamente dependente do gás boliviano e possui um contrato vigente até 2025.
Ortiz se reuniu com Geraldo Alckmin, vice-presidente, e com os ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) para solicitar mais investimentos no país. Segundo ele, é crucial “desenvolver investimentos que foram postergados pela Petrobras” para garantir a produção de gás natural a curto prazo.
“Entendemos que houve certos motivos de natureza política, mas dentro de toda esta nova agenda que existe atualmente, é viável trabalhar em conjunto”, afirmou em entrevista ao jornal.
O presidente boliviano Luis Arce chegou a declarar que as reservas de gás natural do país atingiram um “momento crítico”, justificando assim a solicitação de mais investimentos por parte da Petrobras para recuperar as reservas naturais.
A reunião de Ortiz com o governo brasileiro ocorreu pouco depois da posse de Javier Milei na presidência da Argentina.
Milei almeja abrir a economia do país ao mercado global, enquanto o Brasil tem um forte interesse no gás natural produzido na região de Vaca Muerta, na Patagônia, com o intuito de financiar a construção da segunda fase do gasoduto Nestor Kirchner para importar o combustível e reduzir a dependência da Bolívia.
O orçamento para tal financiamento é de R$ 3,9 bilhões para transportar o gás da área de exploração até o Norte da Argentina e, posteriormente, outras duas obras serão realizadas para levar o combustível até o Brasil. “Isso [o gasoduto] nos possibilitará deixar de depender do gás boliviano, que está em declínio”, afirmou o ministro Renan Filho, dos Transportes, em meados de maio.