O estado da Bahia tem se mantido no topo em termos de eficiência de soja desde a safra 2020/21. Naquela época, se tornou o primeiro estado a ultrapassar a marca de quatro mil quilos do grão por hectare, feito que se repetiu no ciclo 2022/23.
No entanto, as condições climáticas desfavoráveis que afetaram grande parte dos produtores nesta safra também impactaram os agricultores baianos.
De acordo com o 6º Levantamento da Safra de Grãos da Safra 2023/24 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa é que a Bahia atinja a marca de 7.245,9 kg de soja por hectare nesta safra. Esse número representa uma redução de 6,1% em relação ao ano anterior, quando foram colhidos 7.717,2 kg/ha.
Com isso, a média de eficiência de soja no estado tende a ser de 3.661 kg/ha (61 sacas), o que representa uma diminuição de 8,9% em relação aos 4.020 kg/ha do grão (67 sacas) colhidos nas lavouras baianas na última safra.
Novo líder
Se as projeções do último levantamento da Conab se confirmarem ao final deste ciclo, o novo líder brasileiro em eficiência será o improvável Distrito Federal.
A capital do país, que produz “apenas” 337,1 mil toneladas de soja, deve alcançar um rendimento médio de 3.800 kg por hectare (63,3 sacas), representando um crescimento de 2,7% em relação à safra anterior.
Qual o diferencial da soja baiana?
![Bahia está prestes a assumir a vice-liderança em eficiência de soja mesmo diante de redução na safra 9 Produtor de soja Bahia](https://implicitante.com/wp-content/uploads/2023/12/Produtor-de-soja-Bahia_Easy-Resize.com_.jpg)
A superioridade atual da eficiência de soja na Bahia, mesmo diante da redução na safra, é atribuída à persistência dos agricultores que iniciaram o cultivo da oleaginosa na região há mais de três décadas.
O engenheiro agrônomo e pesquisador Luis Kasuya, atuante no oeste baiano há 30 anos, relata que, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, os primeiros produtores começaram a se estabelecer na Bahia.
“Nosso solo sempre foi muito pobre e extremamente arenoso, e ainda por cima enfrentamos períodos de estiagem, geralmente entre janeiro e fevereiro”, explica.
Diante dessas condições e da inexistência, naquela época, de tecnologias para lidar com tais desafios, muitos produtores desistiram. No entanto, com o passar do tempo, consultores e engenheiros agrônomos começaram a chegar na região para modernizar a agricultura local.
“Esses profissionais perceberam que, para enfrentar a estiagem e as altas temperaturas, juntamente com a escassez de chuvas em determinados períodos do ano, era essencial realizar análises do solo”, destaca o engenheiro.
Dessa forma, iniciou-se a prática de adicionar elementos benéficos às plantas em camadas mais profundas do solo.
“Temos áreas na Bahia onde as análises de solo mostram níveis adequados de nutrientes, principalmente cálcio e boro, em profundidades de até 80 cm. Isso proporciona às raízes não apenas um suprimento de água, mas também de nutrientes essenciais disponíveis em camadas mais baixas”, explica o engenheiro.
Cobertura do solo
O foco na cobertura do solo com gramíneas é outro aspecto crucial na construção da fertilidade do solo, conforme avaliação de Kasuya. “Fazemos isso com excelência aqui na Bahia”.
Para ele, outro fator que beneficia a região oeste do estado, onde a maioria absoluta da produção de soja é concentrada, é a altitude.
“Essa região está localizada entre 750 e 1.000 metros de altitude. Isso significa que durante o dia as temperaturas são elevadas e à noite, mais amenas. Assim, as plantas realizam a fotossíntese de dia e metabolizam à noite. Com a baixa incidência de chuvas, temos muita luminosidade. Enfrentamos muitos desafios e, por isso, aprimoramos continuamente nossas práticas de manejo”, explica.