O banco Goldman Sachs afirmou que a modificação nos juros do rotativo do cartão de crédito anunciada pelo governo na quinta-feira (20.dez.2023) não implica em uma grande mudança estrutural para o negócio.
De acordo com o Goldman Sachs, a maior parte dos saldos rotativos gira por apenas cerca de um mês e, por consequência, “não acabam cobrando mais de 100% do principal, apesar de a taxa mensal efetiva ter uma média de aproximadamente 15% e anualizar acima de 400%”.
O rotativo do cartão de crédito passará a ter um limite equivalente a 100% da dívida. Por exemplo, se a dívida for de R$ 100, o valor corrigido com as taxas não pode ultrapassar R$ 200, independentemente do prazo. Essa decisão foi tomada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), que é composto pelos ministérios da Fazenda, do Orçamento e Planejamento, e pelo Banco Central.
O Goldman Sachs destacou que as novas regras não modificam a estrutura do parcelamento sem juros, o que era motivo de preocupação.
Segundo o relatório divulgado por especialistas, o limite máximo das taxas poderia ter consequências indesejadas, uma vez que os bancos poderiam optar por não oferecer essas linhas aos consumidores, o que poderia afetar diretamente os gastos – já que os cartões de crédito representam 40% do consumo das famílias.
O banco ressalta que a adoção do cartão de crédito está intimamente ligada à inclusão financeira no Brasil e, com a redução da atividade econômica e dos rendimentos e receitas das instituições financeiras, o governo poderá observar uma queda na arrecadação de impostos.
“Na nossa opinião, a redução de spreads sustentáveis só pode ser alcançada por meio da diminuição dos custos de financiamento, da carga fiscal e da melhoria das garantias, entre outros fatores. A longo prazo, acreditamos que o Brasil precisaria migrar para um modelo de empréstimo de cartão de crédito mais convencional, com uma porcentagem maior de linhas rotativas e taxas de juros muito mais baixas”, afirmou Goldman Sachs.
“Entretanto, considerando a predominância dos parcelamentos sem juros, quaisquer modificações estruturais provavelmente seriam difíceis de implementar”, concluiu.
Com informações do Investing Brasil.