A Boeing teve que desembolsar praticamente US$ 4 bilhões nos primeiros três meses do ano, enquanto lidava com as repercussões do incidente em que uma aeronave perdeu uma porta durante o voo, em janeiro. Conforme o jornal Folha de S.Paulo, isso resultou em uma produção mais lenta do modelo 737 Max, inclusive devido às indenizações aos clientes.
O caixa livre negativo de US$ 3,9 bilhões é ligeiramente inferior ao montante entre US$ 4 bilhões e US$ 4,5 bilhões negativos divulgados no balanço anterior. Contudo, é bem superior se comparado ao caixa de US$ 786 milhões do mesmo período de 2023.
No primeiro trimestre, conforme a Folha, a empresa teve um prejuízo de US$ 355 milhões no lucro líquido.
O diretor executivo da empresa, Dave Calhoun, afirmou que os resultados financeiros “refletem as medidas imediatas que tomamos para reduzir a produção do 737 visando aprimorar a qualidade”. Entre elas, destaca o jornal, está o aumento de 500% nos relatórios de segurança interna.
A companhia busca aprimorar processos, que englobam treinamento, inspeção e como o travelled work é tratado na fábrica do 737 em Renton, Washington.
As aeronaves com falhas na linha de produção passam por nova verificação durante o processo de montagem. A Boeing também trabalha na estabilização da cadeia de suprimentos.
“A curto prazo, sim, estamos enfrentando um momento desafiador”, declarou Calhoun em uma carta aos colaboradores nesta quarta-feira, 24. “Menores entregas podem ser desafiadoras para nossos clientes e nossas finanças. Contudo, a segurança e a qualidade devem e estarão acima de tudo.”
Menos de 38 modelos Max estão sendo fabricados mensalmente pela empresa, o que impacta as vendas.
Justamente em um momento no qual a empresa precisa aumentar as receitas para aprimorar a qualidade de sua fabricação, após a explosão de uma tampa de porta em um voo da Alaska Airlines.
A perda de pressão da cabine provocou a explosão, que feriu alguns ocupantes e fez lembrar os dois acidentes fatais que resultaram na proibição mundial do Max por quase dois anos. A Boeing está sendo investigada por autoridades de aviação e pelo Departamento de Justiça dos EUA.
O relatório preliminar da Junta Nacional de Segurança de Transporte constatou que faltavam quatro parafusos para fixar o painel à fuselagem.
Auditoria da agência de aviação norte-americana
Dave Calhoun informou que deixará o cargo de CEO no último trimestre do ano | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons
Em auditoria na Boeing, de acordo com a Folha, a agência de aviação norte-americana identificou “diversas situações” em que a empresa supostamente não cumpriu os requisitos de fabricação e controle de qualidade. Os reguladores determinaram que a empresa deve apresentar um plano de melhoria até o final de maio.
A Boeing afirmou também que está “colocando em prática um plano de ação abrangente”, em resposta aos resultados da auditoria.
Nesta quarta-feira, a empresa não emitiu nenhuma orientação financeira para o ano.
Em janeiro, já havia se recusado a emitir diretrizes, quando Calhoun mencionou que “neste momento não é apropriado”.
Os problemas do 737 levaram a uma reorganização na liderança da Boeing. Em março, Calhoun anunciou que deixará o cargo de CEO no final do ano. Após a assembleia geral de maio, o presidente do conselho Larry Kellner também deverá renunciar. Stan Deal já se desligou das funções de líder da divisão de aeronaves comerciais.