terça-feira, 2 julho, 2024
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    Brasil quebra recorde de venda com manga produzida no Nordeste


    As vendas de manga brasileira atingiram marcas históricas em 2023, gerando uma receita de cerca de US$ 315 milhões. O montante ultrapassou os US$ 249 milhões de 2021, o ano mais lucrativo até agora.

    Os volumes vendidos tiveram um aumento de 15% em comparação ao ano anterior, totalizando aproximadamente 266 mil toneladas. As informações são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e foram analisadas pelo Observatório do Mercado da Manga da Embrapa.

    Aproximadamente 93% da manga comercializada pelo país veio do Vale do São Francisco, na região Nordeste, principalmente dos estados da Bahia e Pernambuco, que representam 47,36% e 45,42% das vendas, respectivamente. O restante procedeu de São Paulo (3,25%), Rio Grande do Norte (2,54%) e Ceará (0,79%).

    exportação de manga
    Foto: Embrapa

    Os bons resultados foram alcançados apesar de uma pequena diminuição na produção nacional em 2023, estimada em 1,2 milhão de toneladas – ligeiramente inferior às 1,5 milhão de toneladas de 2022.

    Segundo o coordenador do Observatório do Mercado da Manga, o pesquisador João Ricardo Ferreira de Lima, da Embrapa Semiárido (PE), o êxito da exportação nacional da fruta decorreu de diversos fatores. Ele destaca, principalmente, a quebra de safra causada pela onda de calor que impactou outros países concorrentes, como Peru e Equador, aliada à capacidade de produção de frutas no Vale do São Francisco durante todos os meses do ano.

    Lima ressalta que, no segundo semestre, o Brasil registrou menor produção, o que, combinado com a forte demanda global, resultou na elevação dos preços para o produtor.

    Dessa forma, a empresa Agrodan obteve um “aumento significativo na receita e no lucro”, conforme mencionado por seu diretor-presidente Paulo Dantas, depois de atravessar um dos piores anos de sua história – 2022 –, especialmente devido à guerra na Rússia e Ucrânia. Em 2023, o preço médio de venda e também o lucro anual da empresa aumentaram aproximadamente 40%, mesmo tendo exportado quantidade semelhante de mangas em relação ao ano anterior.

    A empresa enviou para o exterior 30 mil das 33 mil toneladas de manga que produziu em cerca de 1,3 mil hectares de área plantada. Todas as fazendas estão situadas na bacia do Rio São Francisco, nos municípios de Belém do São Francisco, em Pernambuco, e em Curaçá e Abaré, na Bahia. Embora tenha planos de expandir no mercado interno, cerca de 97% da receita da empresa ainda é proveniente das exportações.

    Perspectivas para 2024

    “A expectativa para 2024 aponta para um primeiro semestre com preços favoráveis e vendas em alta, porém com menor volume de frutas produzidas na região”, afirma Lima. Apenas nos dois primeiros meses deste ano foram vendidas 24,5 mil toneladas. Em 2023, no mesmo período, foram 16,8 mil toneladas. Isso representa um aumento de 45,6% em comparação ao ano anterior.

    “Este ano teve um início muito melhor. De janeiro a março já está sendo bem superior ao segundo semestre do ano passado”, destaca o produtor Paulo Dantas, lembrando que isso se deve, também, à quebra de safra no Peru, devido aos eventos climáticos naquele país. “Com essa redução do volume do Peru, os preços subiram muito,e isso estimula a galera a comercializar mais”, avalia.

    Conforme informações do Observatório da Manga, a espécie Palmer, mais vendida nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, teve valor ao agricultor de até R$ 5,50, enquanto em fevereiro de 2023 os preços estavam por volta de R$ 1,90. “A expectativa é que siga nessa mesma linha”, comenta Dantas.

    O especialista da Embrapa analisa que, no segundo semestre, prevê-se um aumento na produção, porém sujeito a condições climáticas que podem afetar tanto o Brasil quanto outros grandes produtores como Peru, Equador, México e Espanha. Lima considera, no entanto, improvável que se repita o cenário extremamente favorável de 2023.

    A manga no Brasil e no mundo

    O Brasil ocupa a sexta colocação entre os maiores fabricantes globais de manga, ficando atrás apenas da Índia (26 milhões de toneladas), Indonésia (4,1 milhões), China (3,8 milhões), Paquistão (2,8 milhões) e México (2,5 milhões de toneladas).

    Aproximadamente 80% da produção nacional de manga é direcionada ao consumo interno, e 20% é destinada ao mercado externo. O principal mercado da manga brasileira é a União Europeia, com a maior parte sendo exportada para a Holanda (45,3% em 2023), devido ao porto de Roterdã. O segundo país que mais adquiriu a manga brasileira foi os Estados Unidos, com 18,35%, seguido da Espanha (17,93%), Reino Unido (6,06%) e Portugal (3,95%).

    A região Nordeste lidera o mercado de manga não somente pelo volume de produção, como também pela elevada produtividade. “Enquanto a média nacional é de 20 toneladas por hectare, de acordo com Lima, a regição do Vale do São Francisco, que abrange parte dos estados de Pernambuco e Bahia, apresentam produtividade média superior a 30 toneladas por hectare. Em áreas mais adensadas, a eficiência supera as 50 toneladas por hectare”.

    A produção de manga no Nordeste também gera mais de 11,5 mil empregos, enquanto o Sudeste não ultrapassa 500 empregos. Nos últimos anos, a região também impulsionou um crescimento considerável da oferta, havendo dobrado sua área plantada em menos de uma década, aliado ao aumento na densidade dos pomares.

    “Esse crescimento, no entanto, resultou em um desequilíbrio entre oferta e demanda. Com um consumo per capita de aproximadamente dois quilos por ano, o Brasil enfrenta um excedente de oferta, o que impacta negativamente nos valores tanto no mercado interno quanto externo”, analisa Lima.

    Conforme o pesquisador, uma das principais vantagens competitivas da região é a produção contínua ao longo do ano, graças à irrigação, à abundância de sol durante todo o ano no Semiárido e muita tecnologia.

    O Norte de Minas Gerais e São Paulo, por sua vez, concentram suas colheitas em períodos específicos. “Isso é positivo porque os mercados requerem consistência na oferta e quando qualquer região ou país enfrenta diminuição na safra, o Vale do São Francisco tem capacidade de suprir o mercado.”

    O êxito do Nordeste

    O agrônomo e pesquisador da Embrapa Semiárido Francisco Pinheiro Neto, explica que o que torna a mangicultura do Semiárido competitiva é a associação de fatores como as condições climáticas da região, a disponibilidade de água e infraestrutura para irrigação, com a aplicação de tecnologias adequadas para a cultura nesse ambiente.

    De acordo com ele, as altas temperaturas médias vinculadas aos baixos índices pluviométricos registrados na região semiárida – concentrados em períodos específicos do ano – proporcionam o rápido desenvolvimento das plantas e menor ocorrência de problemas fitossanitários.

    Além disso, o intenso usode técnicas possibilita uma alta eficiência, incorporando estratégias de gestão eficaz de água, manejo de podas ao longo das diversas fases fenológicas da cultura, da técnica de indução floral – que viabiliza o planejamento da produção em qualquer período do ano -, a adubação mineral – que garante a disponibilização dos nutrientes indispensáveis durante as etapas de crescimento das plantas e de produção dos frutos – e o monitoramento das principais enfermidades identificadas na localidade.

    Segundo a pesquisadora e líder da Embrapa Semiárido, Maria Auxiliadora Coelho de Lima, a participação decisiva da pesquisa científica e tecnológica é um fator crucial na consolidação do cultivo de mangas no Semiárido, assim como o progresso constante alcançado ao longo dos anos, tornando-a um modelo de produtividade e qualidade.

    Ela destaca que “o aporte em tecnologia é caracterizado também pela modernização e atualização contínua dos sistemas de produção, direcionados para os princípios de sustentabilidade, em conformidade com os exigentes padrões de certificação de diversos países”.

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