Maior agência de influência do Brasil estava por trás do perfil de fofocas, que é apoiador de Lula
Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, faleceu na última sexta-feira, 22, em Minas Gerais. Antes disso, ela foi alvo de difamação do Choquei. Este perfil de fofoca nas redes sociais tem a reputação de compartilhar informações sem qualquer verificação. Ele divulgou imagens de alegadas trocas de mensagens amorosas entre Jéssica e o comediante Whindersson Nunes, embora ambos tenham negado qualquer envolvimento.
Descubra o que aconteceu no caso de Choquei e Jéssica Canedo:
O Choquei partilhou capturas de tela de supostas conversas entre Jéssica e Whindersson — que os dois afirmam ser falsas — inicialmente publicadas pela página “Garotx do Blog”, que é agenciada pela Mynd8.
A Mynd8
A Mynd é uma agência especializada em entretenimento e é a principal de marketing de influência do Brasil. Sua divisão de marketing, Banca Digital, é responsável por divulgar conteúdos virais.
A Choquei deixou a Mynd8 e sua divisão de marketing no início do ano. Fátima Pissarra é a CEO da Mynd. Preta Gil é sócia-diretora da agência.
Com um alcance muito maior que o perfil Garotx do Blog, o Choquei rapidamente espalhou a calúnia contra Jéssica Canedo. Outras páginas de fofoca seguiram fazendo o mesmo.
A informação falsa continuou circulando mesmo depois de Whindersson e Jéssica negarem. Jéssica chegou a utilizar os stories do Instagram para publicar um desabafo longo para explicar a situação e pedir o fim dos ataques que recebeu depois que as informações falsas começaram a circular.
Raphael Sousa, fotógrafo e criador do Choquei, zombou do desabafo. “Avisa para ela que a redação do Enem já passou”, disse ele.
Três dias antes de Jéssica cometer suicídio, a mãe da estudante, Inês Oliveira, fez apelo aos internautas e perfis de fofoca que parassem com os ataques à filha. A mãe avisou que Jéssica sofria de depressão, agravada pela difamação contra ela nas redes sociais.
Segundo a mãe, Jéssica já havia tentado tirar a própria vida quatro vezes. A mulher temia que a estudante não aguentasse a pressão e apelasse para um ato drástico novamente, que foi o que aconteceu.
Ministros do governo Lula, como Silvio Almeida, dos Direitos Humanos e da Cidadania, estão usando o suicídio de Jéssica para impulsionar a bandeira da regulação das redes sociais.
Mas o Choquei tem ligações com o governo Lula e com o Partido dos Trabalhadores. Raphael Sousa se aproximou da primeira-dama, Janja da Silva, ainda antes da eleição de Lula. O Choquei fez uma série de publicações para favorecer Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno.
O perfil dividiu sua equipe composta de seis pessoas em três turnos diferentes no segundo turno das eleições presidenciais, em 30 de outubro do ano passado, para fazer cerca de dez conteúdos sobre política por hora, conforme contabilizou a revista Piauí.
Às 18h45 daquele dia, por exemplo, com uma foto de Lula fazendo um coração com as mãos, o Choquei publicou que o petista havia ultrapassado Bolsonaro na apuração. Às 19h31, o Choquei publicou, chamando de “mico”, que “Bolsonaro é o primeiro presidente do Brasil a não conseguir a reeleição”.
Janja chegou a convidar Raphael Sousa para subir no carro de som na Avenida Paulista para acompanhar o discurso da vitória de Lula, mas o influenciador não pôde ir por estar fora de São Paulo.
Edson José da Silva Júnior, conhecido como Júnior Silva, outro administrador do Choquei, foi homenageado em maio deste ano pelo vereador Ceará, do PT, na Câmara Municipal de Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul. Júnior Silva do Choquei também integra o grupo Influenciadores pela Democracia do governo Lula.