No domingo de manhã (11), a Polícia Federal (PF) prendeu o comandante do Exército, Bernardo Romão Corrêa Netto, logo após o militar aterrissar em Brasília (DF). Sendo investigado na operação que visa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores por alegada tentativa de golpe, o militar estava em uma missão nos Estados Unidos.
Segundo o site Poder360, o coronel permanece sob custódia no Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), que está subordinado ao Comando Militar do Planalto (CMP).
O coronel é acusado de utilizar estratégias militares para influenciar os manifestantes anti-Lula acampados nas proximidades dos quartéis e, posteriormente, nos eventos de 8 de janeiro de 2023.
Corrêa Netto é o terceiro militar detido no contexto da operação da PF. Os outros dois são o comandante do Exército e ex-assessor de Bolsonaro, Marcelo Câmara, e o oficial das Forças Especiais do Exército, Rafael Martins.
Câmara é mencionado nas investigações sobre a suposta comercialização de presentes oficiais da gestão anterior e a suposta adulteração nos cartões de vacinação da família do ex-presidente, e Martins é acusado de participação na suposta tentativa de golpe de Estado em 8/1.
A ação da PF foi realizada um dia após Bolsonaro promover um evento na cidade de São Sebastião (SP), no qual afirmou que “o atual chefe de Estado [Lula] deseja censurar as redes sociais […] estou aqui com vocês graças às redes sociais”.
No total, foram cumpridos 37 mandados de prisão, busca e apreensão em nove estados e no Distrito Federal.
Também foi alvo de mandado de prisão o ex-assessor de assuntos internacionais de Jair Bolsonaro, Filipe G. Martins. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar de ordens de Bolsonaro, declarou em sua delação que Martins havia levado a minuta de um decreto que, supostamente, permitiria que Bolsonaro impusesse estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a derrota para Lula nas eleições.
A PF teria localizado uma cópia dessa “minuta” durante as buscas na residência de Anderson Torres, que havia sido secretário de Segurança do Distrito Federal em 8 de janeiro de 2023 e ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro.
O documento tinha, ao final, espaço para a assinatura de Bolsonaro, porém, não estava assinado. Por esse motivo, de acordo com juristas, a chamada “minuta golpista” deveria ser tratada como um documento sem valor para as investigações, pois mesmo que fosse assinado, ainda precisaria passar pela aprovação do Congresso.