Como novos AMD Ryzen Hawk Point se comparam aos Intel Meteor Lake?

Inteligência artificial será o futuro das empresas de hardware e tanto a Intel quanto a AMD já estão acelerando essas mudanças a passos largos. E a AMD surpreendeu ao se antecipar à Intel, que tem evento para revelar mais sobre a geração Meteor Lake na próxima semana, e anunciar a chegada da geração Ryzen 8040 Hawk Point com uma NPU dedicada para a execução de tarefas com IA e promete elevar a disputa no segmento portátil.

Mesmo que a Intel ainda não tenha divulgado todas as especificações dos Meteor Lake, já é possível ter um vislumbre de como essas duas linhas de processadores vão se comportar ao longo de 2024, quando chegarem às prateleiras das lojas. Vale lembrar que todas as especificações mencionadas das CPUs AMD já foram confirmadas pela empresa, enquanto os dados de ficha técnica dos Meteor Lake devem ser tratados como rumor.

Foco na eficiência

Embora a AMD tenha anunciado os novos processadores Ryzen 8040, os Ryzen 7040, de codinome Phoenix Point, já habitam o mercado mobile desde maio. Via de regra, tanto os Phoenix, como os Hawk Point e os Meteor Lake compartilham algumas similaridades técnicas que vão além dos conceitos e chips de IA.

O principal talvez esteja relacionado com a eficiência energética desses produtos, palavra usada tanto pelo lado vermelho quanto pelo time azul em suas apresentações. Na verdade, esse conceito faz muito sentido quando levamos em conta que todos esses processadores vão equipar sistemas portáteis com baterias e o principal inimigo dos laptops é a baixa duração desse componente em situações um pouco mais exigentes. Quanto mais um chip consome, mais energia ele puxa da bateria e mais rápido você precisa correr atrás de uma tomada.

E é possível que a AMD leve certa vantagem nesse sentido. As listas vazados dos Meteor Lake apontam para um TDP (Thermal Design Power) médio de 28W para as famílias Core Ultra 5 e Core Ultra 7, enquanto o topo de linha Core Ultra 9 teria consumo base de 45W. A AMD, por sua vez, deve ser um pouco mais contida. A companhia vai apostar em um TDP base de 15W para os produtos mais básicos da linha Ryzen 3 e 5, enquanto modelos intermediários premium e do segmento high-end já vão começar a aparecer na casa dos 35W até 54W.

Características

A Intel segue uma proposta bastante clara de arquitetura híbrida introduzida nos Alder Lake de desktop em 2021. Esse formato foi carregado para os Meteor Lake, fazendo com que essa geração tenha uma contagem de núcleos superior quando comparada ao lado vermelho do hardware. Em geral, os componentes da Intel vão trabalhar com até 16 núcleos híbridos e 22 threads, enquanto a aplicação máxima da linha Phoenix e Hawk Point mantém o padrão da empresa de atuar com 8 núcleos e 16 threads.

Algo curioso dos Meteor Lake é que, além de contarem com os núcleos de performance e eficiência já bem difundidos no mercado, a nova geração ainda terá a adição dos núcleos de eficiência de baixo consumo. Até onde sabemos, apenas dois desses núcleos estarão disponíveis nos processadores, enfatizando a ideia de dar mais autonomia durante a execução dos processos. Na AMD, os núcleos possuem a mesma arquitetura e significância, sem distinção.

As frequências são o ponto de maior similaridade entre todas as gerações. Os modelos topo de linha, como os Core Ultra 7 e 9 e os Ryzen 7 e 9, fazem uso de clocks em boost que variam entre 4,8 Gigahertz até algo perto de 5,2 Gigahertz. Já era especulado que os Meteor Lake não seriam processadores focados necessariamente em performance bruta, mas as linhas Ryzen 7040HS e 8040HS parecem estar mais aptas para aplicações como games. Vale lembrar, no entanto, que os processadores com sufixo H são os mais poderosos do lado da Intel e AMD, servindo realmente para a execução de atividades muito pesadas.

Na parte de processamento gráfico, esses processadores possuem uma iGPU integrada. Do lado da AMD, as gerações Ryzen 7040 e 8040 trazem a mesma linha Radeon 700M com a microarquitetura RDNA 3, apostando na Radeon 780M como implementação máxima do chip. Do lado dos Meteor Lake, a Intel continua usando a arquitetura Alchemist, mas agora migra para as Intel Xe-LPG (Low Power Gaming), focando em baixo consumo energético.

O uso dessas duas placas de vídeo não é direcionado para jogadores ou entusiastas do hardware. Os modelos devem apresentar apenas performance suficiente para rodar títulos mais leves e realizar operações de edição sem muitos efeitos, por exemplo.

NPUs em todos os lados

A estrela dos novos processadores não poderia ser outra além da inteligência artificial graças às NPUs. Esse termo é responsável por designar as Unidades de Processamento Neural, ou seja, uma unidade dedicada dentro do chip para auxiliar em tarefas com IA. Assim como já foi explicado em uma entrevista com um engenheiro de aplicações da Intel ao Canaltech, essa tecnologia permite não somente melhorar as capacidades da máquina em tarefas desse segmento, como também ajudar o processador e a placa gráfica a performar melhor.

A NPU atua através do processamento de algoritmos para executar as tarefas diretamente no notebook, de maneira nativa. Os Meteor Lake, Phoenix e Hawk Point possuem esse chip dedicado, mas a forma específica de como essas unidades trabalham e vão se comportar em cenários práticos vai variar e só poderá ser explicada de forma mais aprofundada quando os primeiros notebooks com essas tecnologias forem lançados.

Apesar de ser relacionada sempre com operações computacionais supercomplexas, a IA está presente na vida de todo usuário de computador. A simples aplicação de fundos dinâmicos em videoconferências, a possibilidade de editar fotos de forma inteligente para gerar avatares ou a redução de ruído do microfone em uma chamada já são exemplos práticos atuais do uso da inteligência artificial. A inclusão das NPUs quer facilitar a execução desses processos e tornar os notebooks mais parrudos enquanto isso acontece, sem que haja travamentos.

Por enquanto, detalhes adicionais sobre a NPU do Meteor Lake são relativamente escassos. A Intel realizou uma conferência em setembro, mas não disponibilizou informações tão aprofundadas sobre a tecnologia empregada nessas unidades. A AMD, por sua vez, vai medir a capacidade das NPUs através da quantidade de TOPS (Trilhões ou Tera Operações por Segundos), que mensura a capacidade de um chip de realizar operações matemáticas para IA em um segundo.

Dessa forma, os Ryzen a partir de agora contarão com a microarquitetura XDNA para lidar com inteligência artificial, enquanto permanece com as nomenclaturas Zen para processador e RDNA para as placas gráficas. Os Ryzen 7040 têm 10 TOPS de desempenho na NPU e 23 TOPS para outros cálculos. Os Ryzen 8040, por outro lado, terão até 16 TOPS de NPU e 23 TOPS restantes para o sistema.

Para a Intel, será precisa esperar mais alguns dias até que a gigante azul revele mais informações sobre suas NPUs.

Lançamento

Os notebooks equipados com os processadores Ryzen 7040 já estão disponíveis no mercado, enquanto as versões com os Ryzen 8040 só chegam no início de 2024. Para os Meteor Lake, os primeiros laptops com essa geração também começarão a ser comercializados nos primeiros meses do próximo ano.