quarta-feira, 3 julho, 2024
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    Confira as denúncias da Polícia Federal contra agentes da Abin


    Em um extenso documento de 38 páginas, a Polícia Federal listou os motivos que levaram à busca e apreensão no contexto da Operação Vigilância Aproximada, que trata de um possível monitoramento ilegal feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

    O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), aliado do ex-chefe do Executivo e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, está entre os alvos da PF. Além dele, três funcionários da Abin e sete agentes da Polícia Federal são alvo da operação, que foi realizada nesta manhã. São cumpridos 21 mandados de busca e apreensão por parte dos policiais federais.

    Ramagem, que atuou como diretor-geral da Abin entre 2019 e 2022, é delegado da PF. Durante esse período, o alegado programa clandestino chamado “First Mile” teria sido utilizado para monitorar a localização de políticos, jornalistas, advogados e opositores de Bolsonaro.

    No documento da investigação, ao qual a Oeste teve acesso, a PF menciona a identificação de uma “organização criminosa” que tinha como objetivo “monitorar ilegalmente pessoas e autoridades públicas”, além de “invadir dispositivos e computadores, bem como a infraestrutura telefônica”.

    Segundo a investigação, havia vários “núcleos distintos” na organização. Ramagem, de acordo com a PF, fazia parte do “núcleo de alta-gestão” da organização.

    “Delegados federais que, à época dos eventos investigados, estavam cedidos para a Abin exercendo funções de Direção e utilizaram o sistema ‘First mile’ para monitoramento de alvos e autoridades públicas, bem como para serviço de contrainteligência e produção de relatórios anônimos que seriam divulgados com o intuito de criar narrativas falsas”, argumentou a PF.

    Caso Abin: de Camilo Santana a Marielle

    Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

    De acordo com as investigações, os agentes envolvidos no caso utilizaram um drone próximo à residência do ministro da Educação, Camilo Santana, que na época era governador do Ceará.

    A PF afirmou que Paulo Magno, o responsável pelo programa de monitoramento “First Mile”, foi flagrado pilotando o equipamento perto da casa, o que comprovaria a “total ilegalidade das condutas”.

    A polícia também afirmou que a Abin foi indevidamente utilizada para monitorar a promotora de Justiça do Rio de Janeiro, Simone Sibilio, que estava encarregada de investigar o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, ocorrido em 2018. A promotora deixou o caso em 2021.

    “Ficou evidente o uso da Abin para o monitoramento da promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios premeditados contra a vereadora Marielle Franco e o motorista que a acompanhava, Anderson Gomes”, informou a investigação.

    Em outro trecho do documento, a PF apontou que a Abin utilizou, “sob ordens de Alexandre Ramagem”, a ferramenta “First Mile” para monitorar ilegalmente o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Segundo a PF, o monitoramento foi realizado pelo agente Felipe Arlotta a pedido de Ramagem.

    Conforme a PF, o agente Felipe Arlotta foi levado para a Abin por Ramagem e coordenava a alegada “estrutura paralela” montada durante sua administração. A PF também mencionou que a ex-deputada Joice Halssselman e o advogado Roberto Bertholdo também foram alvos de monitoramento.

    Segundo a PF, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a operação da PF, também foi alvo de espionagem por parte da Abin. Trata-se da Operação Portaria 157, inicialmente criada para investigar uma ONG supostamente vinculada a uma facção criminosa.

    No entanto, as apurações indicaram que a agência de inteligência utilizou a operação para vigiar e buscar ligações de Moraes com a facção com o intuito de ligá-lo à organização. Para a PF, a tentativa pode ter sido uma resposta à atuação do magistrado no STF.

    O ministro decano Gilmar Mendes, do STF, também estaria entre os alvos da mesma operação que tinha como alvo Moraes. Segundo a polícia, membros da Abin realizaram diligências até mesmo no Congresso Nacional para buscar formas de ligar parlamentares e ministros do STF à facção criminosa.

    PF, Abin e filhos de Bolsonaro

    Foto: Reprodução/TV Senado

    De acordo com a PF, a Abin também elaborou relatórios para a “defesa” do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente. Na ocasião, o responsável pela ação teria sido Marcelo Bormevet, então chefe do Centro de Inteligência Nacional. A PF também menciona uma reportagem do portal The Intercept Brasil, que atribuiu a Bormevet a responsabilidade pela elaboração de relatórios para “subsidiar a defesa” de Flávio no caso conhecido como “rachadinhas”.

    Jair Renan Bolsonaro, outro filho do ex-presidente, também teria sido beneficiado pelas ações da agência de inteligência. Segundo as investigações, a Abin montou uma operação paralela para tentar livrar Renan da mira de uma investigação envolvendo suspeitas de tráfico de influência no governo. Posteriormente, a investigação foi arquivada.

    Atualizada em 25/01/2024, às 18h21

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