Descendente de brasileiros, membro do congresso é acusado de múltiplos delitos no sistema judiciário, porém ainda não foi julgado
Nesta quarta-feira (1º de novembro de 2023), o pedido de destituição do mandato do congressista republicano George Santos, descendente de brasileiros, foi rejeitado pela Câmara dos Estados Unidos. O partido do qual faz parte possui a maioria dos membros na casa.
Aqui estão os resultados da votação:
- opostos à destituição: 213;
- favoráveis à destituição: 179;
- abstiveram-se: 19.
Para ser aprovado, o pedido de destituição precisaria receber aprovação de no mínimo 2/3 dos membros do congresso, ou seja, 290 votos.
Dos membros republicanos, 24 votaram favoravelmente à expulsão do congressista. Entre os democratas, 32 votaram contra.
George Santos foi oficialmente acusado no sistema judiciário de 23 delitos, incluindo alguns que envolvem alegado mau uso de dinheiro que deveria ter sido destinado à sua campanha eleitoral.
Em seu perfil no Twitter, o congressista afirmou que esta quarta-feira foi uma noite de vitória: “Esta questão nunca foi sobre mim e nunca permitirei que se torne sobre mim”.
Em 15 de fevereiro de 2023, o periódico New York Times divulgou que Santos fez uma sequência de pagamentos irregulares utilizando os fundos destinados à sua campanha eleitoral. Os gastos variam desde estadias em hotéis de luxo até diversos pagamentos de US$ 199,99 – US$ 0,01 abaixo do valor máximo permitido para gastos sem a necessidade de apresentar recibo.
No total, US$ 365.399 (aproximadamente R$ 1,9 milhão na cotação atual) em gastos não foram detalhados. Conforme relato do periódico norte-americano, os lançamentos sem recibo representam 12% do total das despesas da campanha de Santos. Em média, os políticos costumam não especificar cerca de 2% das despesas.
Também foram identificadas outras irregularidades. Candidatos republicanos, por exemplo, afirmaram ter recebido US$ 26.000 em doações de Santos, porém esses valores não constam na prestação de contas da campanha do congressista. De acordo com o periódico, a equipe do político republicano modificou os registros financeiros em 36 ocasiões distintas.
Anteriormente, George Santos já havia confessado ter fabricado informações para seu currículo e mentido sobre dados pessoais. O membro do Congresso afirmava ter se graduado em finanças e economia pela Baruch College e pela Universidade de Nova York, além de ter trabalhado para o Citigroup e Goldman Sachs em Wall Street, mas voltou atrás em entrevista concedida ao jornal The Post em 26 de dezembro de 2022.
“Não obtive diploma no ensino superior. Sinto vergonha e arrependimento por ter embelezado meu currículo”, afirmou. “Eu reconheço isso… cometemos atos tolos na vida”.
Na campanha eleitoral, Santos afirmou ser seguidor da religião judaica e que seus avós haviam escapado dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o que não é verdade.
Por fim, também foi acusado de assédio sexual. Em 3 de fevereiro de 2023, um indivíduo chamado Derek Myers, que alega ter trabalhado no gabinete do deputado republicano, relatou em sua conta no Twitter que registrou um boletim de ocorrência na polícia do Capitólio dos Estados Unidos, no qual descreve ter sido vítima de comportamento antiético e assédio sexual por parte do congressista.
Myers detalhou um dia de trabalho no qual estava sozinho no escritório com o congressista. Santos teria perguntado se o funcionário tinha um perfil no Grindr – um aplicativo de relacionamento destinado à comunidade LGBTQIA+. Em seguida, teria se aproximado, tocado na virilha de Derek e o convidado para ir a um karaokê.
