Pequena passou por cirurgia de emergência e não está em perigo de morte; incidente está sob investigação como tentativa de homicídio
Uma criança de 1 ano foi alvejada no rosto na madrugada de terça-feira (26.dez.2023) durante uma operação da Polícia Militar em Itaim Paulista, Zona Leste de São Paulo. O infante estava na garupa da moto do pai, quando passou por uma viatura da PM e foi atingida no rosto pelos agentes com um projétil de plástico de airsoft. As informações são do portal G1.
A criança foi levada para o Hospital Tide Setubal, em São Miguel Paulista, onde passou por uma intervenção cirúrgica de emergência para remover o projétil e não está em perigo de morte.
De acordo com o relato da família, os policiais presentes na viatura teriam efetuado dois disparos, quando a criança começou a chorar e a sangrar na parte de trás da moto. Um vídeo de câmeras de segurança no local mostra o momento em que o carro policial ultrapassa a motocicleta e um policial saca a arma de airsoft para atirar contra o veículo.
Em comunicado enviado ao Poder360, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) afirma que identificou os 2 agentes presentes no momento da ação e que os afastou preventivamente dos cargos até a conclusão das investigações. O caso está sendo apurado como tentativa de homicídio pelo 67° DP, em Jardim Robru. Um Inquérito Policial Militar também foi instaurado.
“A SSP enfatiza que a Polícia Militar é uma instituição legalista, que não compactua com desvios de conduta e que promove treinamentos constantes para que todos os seus integrantes atuem dentro dos protocolos estabelecidos”, diz a secretaria.
Conforme a 50º DP, que registrou o boletim de ocorrência, o pai da criança conduzia a moto sem capacete e sem habilitação. Além disso, o Código de Trânsito Brasileiro proíbe o transporte de crianças abaixo de 10 anos em motocicletas. Como punição, o motorista estaria sujeito a pagamento de multa e apreensão do veículo.
Mesmo assim, a corporação chama atenção para a reação dos agentes envolvidos.
“Não houve ordem de parada, não houve abordagem policial, nenhum tipo de registro, nenhum tipo de comunicação. Conduta que considero inadequada. O correto seria informar a autoridade de plantão para que fosse feito o registro e a consequente ação jurídica apropriada”, afirmou o delegado Gregory Goes Siqueira, titular do 50º DP, ao G1.
Adicionalmente, outro aspecto da investigação irá apurar por que os policiais carregavam uma airsoft, arma de pressão com munição de plástico utilizada por praticantes de tiro esportivo. O material não faz parte do arsenal oficial da Polícia Militar.
“Não há justificativa para utilizar um instrumento que nem faz parte do acervo da atividade policial”, declarou Siqueira. “Entendo que o policial militar que tem um conhecimento técnico prévio deve presumir que um disparo de airsoft daquela distância, numa moto no sentido contrário, poderia causar um acidente, uma fatalidade, com a criança vindo a óbito em virtude de uma atitude deliberada, consciente e voluntária”.
