domingo, 7 julho, 2024
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    Criança que começou a ler aos 3 anos ingressa no “clube dos superdotados”

    “Com 1 ano, ele já dominava todas as letras do alfabeto. Aos 4, contava histórias para os colegas na escola”. Hanna Lins, mãe de Benício Abou Jokh Lins, de 9 anos, compartilhou essa história. Residente de Peruíbe, no litoral de São Paulo, o garoto tem habilidades precoces desde a infância. Em novembro, sua inteligência acima da média lhe garantiu um lugar na Intertel, uma sociedade internacional exclusiva para indivíduos superdotados – seu QI de 144 no teste o coloca entre os 1,6% da população mundial com QI acima de 130.

    Ao g1, Hanna explicou que o filho irá ingressar no 6º ano do Ensino Fundamental no próximo ano. Ela sempre notou seu comportamento avançado para a idade e, por isso, buscou informações sobre o tema. Depois de muita pesquisa e conversas com outros pais, decidiu submetê-lo ao teste na instituição para garantir os direitos do filho.

    Segundo a neuropsicóloga Marina Drummond, que acompanha Benício, pessoas neurodiversas têm um desenvolvimento e funcionamento neurológico fora do padrão. Uma das dificuldades na identificação de indivíduos superdotados é que eles desenvolvem habilidades para esconder seu potencial real.

    Benício foi avaliado pela profissional de junho a outubro deste ano e, neste mês, Hanna submeteu os resultados à sociedade. De acordo com a avaliação, a estimativa de QI do menino é de 144, o que é muito incomum. Agora, Hanna pagará uma anuidade e receberá um certificado para que o filho se torne um membro oficial da Intertel.

    Destaques na escola

    Fã de geografia e ciências, Benício é um excelente estudante e já se destacou em competições como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). No 1° ano do Ensino Fundamental, precisou ser adiantado por já estar alfabetizado há bastante tempo.

    “Eu tive muita sorte, pois consegui o que poucos pais conseguem sem um parecer médico, que foi a aceleração dele no 1º ano do Fundamental. Como ele já lia e escrevia fluentemente na pré-escola, a própria escola não via sentido em ele ficar no 1º ano apenas para aprender as vogais. Porém, isso não é comum no Brasil”.

    Segundo a publicitária, um dos principais objetivos ao recorrer à Intertel é garantir os direitos do filho enquanto estudante e cidadão. Ela comentou sobre os estereótipos que muitas pessoas atribuem a crianças superdotadas, como se fossem “gênios” ou prodígios. Na realidade, Benício tem dificuldades para fazer amizades e socializar.

    ‘Indivíduos fora da curva’

    Nas crianças, a superdotação pode se manifestar pela profundidade de interesse ou conhecimento fora do comum em um determinado assunto. A capacidade criativa, curiosidade e precocidade no desenvolvimento são outros sinais importantes para os pais.

    “O mundo é projetado para as pessoas convencionais, aquelas que se encaixam nas caixinhas convencionais, que esperam que todos se moldem a elas. Logo, os neurodiversos seriam indivíduos com formato diferente. E, para se ajustar nas caixinhas convencionais, a pessoa teria que restringir partes de sua natureza extraordinária”, disse Marina Drummond.

    De acordo com a neuropsicóloga, pessoas com superdotação têm um QI acima do esperado. Estatisticamente, a maioria tem um quociente entre 90 e 110. De 111 a 120, já é considerada uma inteligência acima da média e, de 120 a 130, superior. Acima de 130, como é o caso de Benício, é considerado muito raro. Cerca de 1,6% da população se enquadra nesse grupo.

    Ela ressaltou que um QI elevado não é suficiente para identificar uma pessoa com altas habilidades ou superdotação, já que parte desse QI pode decorrer da inteligência cristalizada – isto é, das coisas que a pessoa aprendeu e não das que já possui desde o nascimento.

    Oportunidades de desenvolvimento

    Marina afirmou que não existem genes que identifiquem a neurodiversidade, mas sim combinações de alterações genéticas propícias para uma criança nascer com essa condição. Ou seja, há uma espécie de padrão familiar.

    “O que se torna mais evidente para os pais é o desenvolvimento precoce, o interesse por assuntos incomuns, o vocabulário da criança, o desenvolvimento do pensamento abstrato da criança. Essas características podem sugerir que a criança tenha altas habilidades de superdotação”, explicou.

    Os pais que suspeitam de algo devem submeter a criança a uma avaliação neuropsicológica, que identificará possíveis características de alta estabilidade e superdotação.

    “Elas são motivadas a buscar a excelência, então precisam de um ambiente familiar, escolar e social propício para desenvolver suas habilidades elevadas. Elas possuem características pessoais e de personalidade que precisam ser respeitadas e valorizadas pela escola”, acrescentou.

    Reconhecimento

    Benício tem consciência de ser uma criança superdotada, o que Hanna considera essencial para seu autoconhecimento. Quando ela explicou que ele aprendia de forma diferente das outras pessoas, ele respondeu que “não estava chateado com isso”, uma resposta que a divertiu.

    Ele também foi diagnosticado com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), mas Hanna não sabe se a hiperatividade é resultado da superdotação ou do próprio transtornom. No próximo ano, essa questão será reavaliada por Marina.

    “Eu participo de um grupo de pais de crianças superdotadas há muito tempo e temos muitas dificuldades em obter o reconhecimento dessas crianças. As pessoas duvidam dos pareceres médicos, desconfiam das crianças, é algo muito complicado”, afirmou ela, que busca aumentar a visibilidade desse tema na mídia e na sociedade.

    Brasileiro falava com 6 meses

    A Intertel foi fundada em 1996 e é considerada uma sociedade exclusiva para pessoas com QI superior a 130. Para se tornar um membro em qualquer idade, é necessário comprovar a condição por meio de testes e pareceres, como os feitos por Benício.

    O morador de Peruíbe não é a primeira criança do litoral de São Paulo a ingressar na Intertel. Aos 10 anos, Miguel Manoel de Oliveira, de Praia Grande, também foi reconhecido pelo QI de 144. Sua mãe contou ao g1 que ele começou a falar as primeiras palavras aos seis meses de idade.

    “Quando ele fez um ano, já falava muito bem, articulava bem as palavras e conjugava os verbos. Em sua festa de um ano, ele conversou com as pessoas e elas começaram a notar que algo diferente havia nele”, lembrou.”

    Atualmente, de acordo com Rosangela, Miguel sabe tocar instrumentos como teclado, flauta, violino e bateria, memorizou o nome de bandeiras de diversos países e tem facilidade para aprender inglês, espanhol e francês. Todas as habilidades foram adquiridas por conta própria.

     

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