O ex-parlamentar argumenta que a fala do chefe de estado na PGR desafia o Ministério Público a participar do “esquema antigo da política”
O ex-congressista Deltan Dallagnol (Podemos-PR) fez críticas nesta segunda-feira (18.dez.2023) à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a inexistência da “possibilidade de o Ministério Público achar que todo político é corrupto”. Na visão do ex-procurador da operação Lava Jato, o político “convoca” o MP para participar “no esquema antigo da política brasileira”.
“É a prática da troca de favores e da falta de punição”, relatou Dallagnol em sua conta no X (ex-Twitter). Para ele, Lula indicou, em suma, que a instituição não deve se envolver com a classe política. “Mistura de indignação e melancolia ao observar o país retornando a esse antigo esquema”, afirmou.
O ex-parlamentar enfatizou que a afirmação de Lula é evidente e que “apenas são corruptos aqueles que comprovadamente desviaram recursos do país”, como, segundo ele, no caso do presidente. Por fim, Dallagnol mencionou que o político “chama o Ministério Público para ‘participar do jogo de verdade’”. E questiona: “O MP não participa de jogos, ele fiscaliza o cumprimento da lei”.
O discurso de Lula ocorreu durante a cerimônia de posse do novo procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco. O presidente afirmou que “não existe possibilidade de o Ministério Público achar que todo político é corrupto” e que esse “é um conceito que se criou na sociedade brasileira de que qualquer denúncia contra qualquer político já parte do pressuposto de que ela é verdadeira”, quando “nem sempre é”.
Ele também declarou que para “evitar acontecimentos inoportunos neste país como o que ocorreu em 8 de Janeiro e fortalecer o procedimento democrático”, o MP “precisa participar do esquema verdadeiro”.
A declaração do presidente fez uma referência indireta à operação Lava Jato, que completou 9 anos neste ano. As investigações começaram em 2014 com uma ação da PF (Polícia Federal) em conjunto com procuradores para averiguar irregularidades, especialmente relacionadas à Petrobras.