O Time das Laranjeiras buscará quebrar uma sequência de mais de dez anos sem um título do futebol brasileiro no Torneio Mundial de Clubes. Ao vencer a Libertadores da CONMEBOL, a equipe tricolor enfrentará o Manchester City nesta sexta-feira (22), às 15h (horário de Brasília).
Flamengo (2019) e Palmeiras (2022) chegaram às finais nos últimos anos contra Liverpool e Chelsea, respectivamente, e conseguiram competir, cada um à sua maneira. Ambos levaram a decisão às prorrogações após empates no tempo normal, porém o troféu continua sem vir para o Brasil.
Foram entrevistados atletas, membros das comissões técnicas e até diretores dos dois clubes para tentar compreender por que tem sido tão desafiador para equipes brasileiras vencerem as europeias nos encontros no Mundial. Um dos temas mais abordados pelas fontes ouvidas pela reportagem foi a intensidade do jogo.
Por estarem mais acostumados a uma velocidade mais alta em campo e a partidas mais “pegadas”, os europeus têm vantagem no confronto direto, uma vez que as equipes brasileiras, por mais bem preparadas que estejam, têm poucos desafios desse tipo ao longo da temporada, o que causa uma diferença física no embate.
Dentro dessa diferença está incluída também a força nos movimentos: um membro da comissão técnica de Jorge Jesus revelou à reportagem que, antes da final de 2019 contra o Liverpool, ouviu que os passes dos jogadores da equipe inglesa “pareciam chutes”.
Essa revelação apenas comprova que o Flamengo enfrentou dificuldades quando os ingleses aceleraram o jogo com passes e lançamentos. Foi justamente em uma jogada assim, em um contra-ataque, que Roberto Firmino marcou na prorrogação e deu o título aos Reds.
A diferença entre europeus e sul-americanos se acentuou quando ambos precisaram recorrer ao banco de reservas, deixando ainda mais evidente como a parte física foi crucial para que os ingleses tivessem vantagem entre a segunda etapa e a prorrogação.
Leitura de jogo faz diferença
Outro fator identificado por quem esteve nas finais foi a inteligência tática dos jogadores das equipes da Europa.
Em setembro de 2022, durante a Futebol Expo, realizada em São Paulo, Cícero Souza, gerente de futebol do Palmeiras, detalhou como N’Golo Kanté conseguiu desmontar as estratégias de Abel Ferreira, sendo peça-chave para que o Chelsea tivesse o domínio da partida.
Com palavras fortes, Cícero foi enfático ao explicar que a análise de talentos do Palmeiras passaria por uma avaliação minuciosa do comportamento dos jogadores dentro de campo, e como eles reagem sob diferentes pressões, além de se atentar a detalhes corporais dos garotos.
“Vamos voltar e ganhar. Mas como vamos ganhar? Aumentando nossa capacidade cognitiva. Isso está na análise. Temos que ver se ele comunica com as mãos, se ele olha por cima do ombro para receber a bola. Ou a gente muda isso ou vamos seguir comemorando os quase títulos”, disse o dirigente na época.
As explicações do gerente foram confirmadas por membros da comissão técnica de Abel Ferreira. O técnico português havia elaborado quatro estratégias para o Palmeiras naquela final. No entanto, Thomas Tüchel, treinador do Chelsea, soube interpretar e rapidamente instruiu seus jogadores a anulá-las, deixando muitas vezes o Alviverde acuado e sem conseguir ter uma atuação de igual para igual.
Para o desafio desta sexta-feira, o Fluminense enfrentará um Manchester City fragilizado por não poder contar com as estrelas Erling Haaland, Kevin de Bruyne e Jérémy Doku, mas ainda assim forte após derrotar o Urawa Reds, do Japão, por 3 a 0 com relativa facilidade.
Se conquistar o título inédito, o Fluminense alcançará um feito que não ocorre desde 2012. Naquela ocasião, o Corinthians de Tite venceu o Chelsea de Rafa Benítez por 1 a 0, em Yokohama, no Japão, para conquistar seu bicampeonato mundial.
