O Consórcio Europeu de Trocas Comerciais (Efta, sigla em inglês) optou por avançar em uma pactuação comercial com o Agrupamento Comum do Sul (Mercosul) sem aguardar pela União Europeia (UE). O conjunto econômico é formado pela Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Os representantes dos membros destes países chegaram a Brasília nesta quarta-feira, 20.
Antes de chegar ao Brasil, a Delegação Parlamentar da Efta esteve na Argentina. O grupo irá se reunir com o vice-presidente e ministro do Progresso, Indústria, Comércio e Prestações, Geraldo Alckmin (PSB), e com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
“Em tempos de grandes alterações geopolíticas e de perturbações nas cadeias de valor globais na sequela da pandemia”, informou o grupo europeu em comunicado. “A Efta está empenhada em ampliar a sua rede de trocas comerciais.”
A Efta optou por dar continuidade ao pacto à parte das negociações entre os sul-americanos e a UE. O conjunto agendou uma reunião presencial entre os negociadores dos dois blocos em Buenos Aires, marcada para meados de abril.
O Mercosul — composto por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia — e a Efta já possuem um tratado comercial firmado em 2019. A medida reduziu os impostos e estabeleceu temas relacionados à natureza normativa, como investimentos e aquisições governamentais.
“Em 20 anos, o montante de trocas entre a Efta e o Mercosul aumentou quase quatro vezes, atingindo € 7,4 bilhões em 2023”, informou o consórcio europeu. “As bases estão postas para institucionalizar estas relações econômicas prósperas e ampliá-las ainda mais.”
Em 2019, o então Ministério da Economia do Brasil, sob gestão de Paulo Guedes, calculou que o pacto entre o Mercosul e Efta representaria um incremento do Produto Interno Bruto nacional em US$ 5,2 bilhões em 15 anos. Além de um acréscimo de US$ 5,9 bilhões nas exportações brasileiras.
Negociadores de tratado entre o Mercosul e Efta, em 2019 | Foto: Divulgação/Efta
Com o início das negociações entre o Mercosul e a UE, a Efta optou por esperar por uma conclusão entre os blocos para abordar novas tratativas e avançar com novos tratados. O texto proposto pela associação possui diversos termos e artigos do tratado com a União Europeia. Desta forma, o conjunto entendeu que não seria sensato conduzir tratativas em paralelo.
A Efta decidiu retornar às negociações depois de diversas manifestações do presidente da França, Emmanuel Macron, contrárias ao acordo da UE com o Mercosul. O líder do Executivo francês chegou a afirmar que não concluiria o tratado.
No início deste ano, os negociadores da Efta comunicaram que estavam dispostos a “passar à frente” da União Europeia. Dessa forma, a associação voltou a negociar com o bloco sul-americano.
No Brasil, a reunião ocorreu nesta quarta-feira, 20. Um outro encontro está previsto para sexta-feira, 22, no Rio de Janeiro. Os representantes da Efta devem visitar a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a empresa Zurich Airport Brasil.
A comissão tem como objetivo, durante as visitas, compreender “caminhos adicionais de cooperação nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, financiamento de grandes projetos de infraestrutura e desenvolvimento, e oportunidades de investimento no Brasil”.
Além disso, eles deverão realizar encontros no Ministério de Relações Exteriores e no Ministério do Meio Ambiente.
