O ano de 2023 registrou um recorde na comunidade científica, porém infelizmente foi o de publicações científicas retiradas: um total de 10 mil artigos foram retirados durante esse período. A informação foi divulgada em um relatório publicado na revista Nature. A principal responsável pelas retratações foi a editora Hindawi, estabelecida em Londres. A empresa retirou cerca de 8 mil artigos.
Os principais casos ocorreram em países como Arábia Saudita, Paquistão, Rússia e China. Segundo a revista, esses países também apresentaram as maiores taxas de retratação (quando um artigo é corrigido ou retirado) nas últimas duas décadas.
A investigação feita pela Hindawi surgiu após editores internos levantarem preocupações sobre referências irrelevantes em milhares de artigos, bem como textos incoerentes. Em comunicado, a empresa mencionou que os pesquisadores estão enfrentando crescentes pressões para publicar, o que está contribuindo para a crescente vulnerabilidade da indústria acadêmica à manipulação sistemática e atividades fraudulentas.
Um dos problemas apontados pela Hindawi foi como edições especiais (coleções de artigos que geralmente são supervisionadas por editores convidados) têm se tornado alvo de golpistas que fingem ser editores convidados para publicar artigos falsos.
Preocupações sobre o futuro da ciência
Essa não é uma dificuldade enfrentada apenas pela Hindawi, mas também por todas as editoras acadêmicas, e conforme especialistas citados na Nature, representa um grande desafio para o futuro.
Uma preocupação levantada pelo relatório é que as retratações estão aumentando a uma taxa que supera o crescimento de publicações científicas. A pesquisa combinou o número de retratações coletadas de um banco de dados.
O relatório também sugeriu que a taxa de artigos retratados mais do que triplicou na última década, e sugeriu que a questão é apenas a ponta de um iceberg, com empresas que vendem obras e autoria falsas sendo o principal fator responsável.
De acordo com o material, esses artigos ainda causam problemas mesmo que não sejam lidos, já que seus supostos resultados são incluídos e agregados com outros em artigos de revisão escritos por cientistas.
No entanto, há esperança, pelo menos em relação à ciência brasileira: um relatório da Agência Bori em parceria com a Elsevier indicou anteriormente que a relevância da ciência brasileira aumentou 21% desde 1996.
Fonte: Nature
